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Artigo: Já que ninguem falou, escrevo! Por Fabio Trad

20/04/2017 15h

Diante do silêncio sepulcral sobre o artigo da jornalista Vera Magalhães publicado no Estadão, http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,o-poder-inviolavel,70001743638, intitulado “O Poder Invisível”, sinto-me no dever de intervir.

Divulgação: Dora Nunes

Diante do silêncio sepulcral sobre o artigo da jornalista Vera Magalhães publicado no Estadão, http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,o-poder-inviolavel,70001743638, intitulado “O Poder Invisível”, sinto-me no dever de intervir.

Em determinada passagem do texto, Vera afirma:

“A completa ausência de juízes e ministros de tribunais superiores nos relatos dos sócios e executivos da empreiteira não reflete a falta do que contar, mas um entendimento tácito entre colaboradores e a força-tarefa para manter mais ou menos preservado um dos Poderes, para que possa enfrentar sem ter a legitimidade questionada pela sociedade a tarefa de julgar os descalabros revelados.”

É isso mesmo, caro leitor!

A jornalista de um conceituado e tradicional veículo de comunicação do país está afirmando que as colaborações premiadas são seletivas. E mais, são seletivas não só em relação às pessoas escolhidas para serem atingidas, mas (o que é gravíssimo) em relação a um poder constituído inteiro.

Sendo verdadeira a informação da jornalista, a credibilidade de todo o trabalho investigatório da força-tarefa da Lava-Jato está em xeque. Ora, como é possível admitir que apenas parte da corrupção institucionalizada e sistêmica possa ser alvo de investigação, varrendo-se para debaixo do tapete todo um suposto esquema corrupto que atinge um Poder?

A afirmação da jornalista é aterrorizadora para o Estado democrático de Direito. Seu artigo revela que a Força-Tarefa da Lava-Jato combina (entendimento tácito) previamente com os colaboradores qual a corrupção que interessa e quais os corruptos que devem ou não ser delatados.

Desta confessa prova de prevaricação dos investigadores, pode-se extrair o seguinte panorama desenhado pelo artigo da jornalista do Estadão:

a) As colaborações premiadas são orientadas por juízos de conveniência política nada republicanos;

b) As colaborações premiadas não têm compromisso com a investigação impessoal, imparcial e verdadeira, porque são direcionadas para atingir uns e livrar outros na mais abjeta forma de manipulação do exercício arbitrário do poder;

c) As colaborações premiadas estão contaminadas em sua gênese por uma espécie de atuação política movida e inspirada por interesses pessoais ou de grupos e corporações;

d) As colaborações premiadas são passíveis de acordo tácito entre colaboradores e investigadores cujo objeto é a própria versão da delação em forma editada.

Confesso que jamais poderia imaginar que vazasse assim de forma tão cristalina e despudorada (ou terá sido a jornalista ingênua em não supor a gravidade da informação?), o “calcanhar de aquiles” de todo o aparato sistêmico que produz as delações premiadas no âmbito da Lava-Jato.

Se apenas a corrupção que interessa aos investigadores é selecionada para cair na malha fina de sua atuação, então pode-se concluir que não é o crime que perseguem e combatem, mas apenas algumas pessoas…

Isto é grave, muito grave, gravíssimo!

Artigo: Já que ninguem falou, escrevo! Por Fabio Trad

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