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Artigo-Matando em nome de Deus

15/03/2017 08h10

Por Edilson José Alves

Divulgação: Dora Nunes

O tema religião é, sem dúvida, um dos mais difíceis de serem debatidos. As pessoas têm cada uma ao seu modo suas crenças. O Brasil é um país laico, ou seja, deve prestar proteção e garantia ao livre exercício de todas as religiões. Apesar dessa garantia constitucional, são constantes os conflitos que ocorrem devido a intolerância. Alguns acham que são os donos da verdade e imaginam terem o direito de atacar aqueles que não comungam do seu pensamento, que não tem a mesma fé.

Um tipo de culto evangélico realizado na Nicarágua não apenas me chamou a atenção, mas trouxe preocupação de que isso também possa ocorrer aqui no nosso país. A cena é da mais extrema brutalidade, fanatismo religioso, maldade, ignorância ou sei lá o que. Uma jovem teve os pés e as pernas amarrados e foi jogada viva numa fogueira durante um ato de exorcismo. Segundo estudos, a população da Nicarágua é adepta basicamente de duas religiões: catolicismo (74,1%) e protestantismo (16,9%), outras ou nenhuma religião (9%). É a maior das repúblicas da América Central, ao sul do México, situada entre o Caribe e o Pacífico.

Segundo as informações divulgadas pela imprensa daquele país, Vilma Trujillo teve os pés e mãos amarrados pelos ‘irmãos’, sob a supervisão do pastor Juan Gregorio Rocha, da igreja evangélica Visão Celestial das Assembléias de Deus, na cidade de Cortezal. A mulher de 25 anos estaria possuída pelo demônio. Durante a oração de cura ela foi jogada no meio da fogueira, só sendo retirada quando estava com quase todo o corpo queimado. A mulher foi levada a um hospital, mas não resistiu aos ferimentos.

De acordo com as investigações da Polícia Nacional da Nicarágua, a decisão de jogar a jovem na fogueira foi influenciada pela diaconisa da igreja, Esneyda del Socorro Orozco, que teria recebido orientação divina para que fosse preparada uma fogueira no pátio do templo religioso para curar a mulher por meio do fogo. A idéia maluca da diaconisa foi compartilhada por fiéis que participaram do ato. Alguns já estão presos.

Jogar uma pessoa no fogo achando que está fazendo o bem é muito estranho. Mas, algumas religiões fazem verdadeira lavagem cerebral, deixando seguidores totalmente cegos. Fazem tudo que são mandados, sem se importarem com as conseqüências. No Brasil, apesar de a prática religiosa ser livre, é fácil perceber que diante de milhares de igrejas que se espalham pelo país, a intolerância cresce quase na mesma proporção. Isso é um risco. Pode parecer exagero, mas não é.

Não podemos apagar da memória atos de loucuras como os praticados pelo nazismo alemão, comandado por Adolf Hitler, que se dizia participante do Movimento Cristão Alemão, mas comandava seu exército para caçar judeus como se fossem ratos. O objetivo dele era de exterminá-los. Da mesma forma, como poderíamos nos esquecer do atentado de 11 de setembro às torres gêmeas, justificado pela fé. E como justificar o que fez James Warren Jones, ou simplesmente Jim Jones, fundador e líder do Templo dos Povos, que em novembro de 1978 fez os fiéis da sua denominação religiosa ingerirem veneno, matando de uma só vez 918 pessoas, sendo que quase 300 eram crianças.

Se nós não queremos mais fatos horripilantes como os descritos neste artigo, temos a obrigação de respeitar a Constituição Federal do Brasil, que consagra como direito fundamental a liberdade de religião. Não podemos aceitar que pseudos líderes religiosos continuem matando em nome de Deus. Diga não a intolerância. Diga sim a paz. Só assim teremos um mundo melhor para todos.

*Jornalista

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