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Artigo: O fim da picada

22/09/2017 13h10

Por: Edilson José Alves

Divulgação

O gaúcho não é mesmo de levar desaforo para casa. Enquanto Ponta Porã e Pedro Juan Caballero mantém o recorde de pessoas ocupando ao mesmo tempo uma única motocicleta, com quatro, cinco e até seis pessoas, todas sem capacetes, o povo do sul agora coleciona números impressionantes de até 28 presos em apenas três viaturas estacionadas nos quintais das delegacias. Pior que tem detento praticamente cumprindo pena algemado nas carrocerias. Seria cômico se não fosse trágico.

Diante da absurda situação em que se encontram centenas de detentos no Rio Grande do Sul, o juiz Sidnei Brzuska, determinou a soltura de 327 detentos neste ano. A decisão resultou em críticas justas dos policiais que correm atrás dos bandidos e também do Ministério Público. Agora os policiais vão ter de correr novamente atrás dos criminosos, já que muitos dos que foram soltos são reincidentes e muito provavelmente voltarão a cometer deelitos. A situação é como aquela história de soltar coelho no meio da mata só para ver quem é mais rápido para encontrá-lo.

O problema é que os policiais estão localizando os coelhos, o Ministério Público está denunciando e a justiça está mandando soltar, tudo porque o Estado não consegue cumprir o princípio basilar da Constituição Federal e dos tratados internacionais assinados pelo Brasil, os quais asseguram direitos e garantias fundamentais proibindo a aplicação de penas cruéis e garantindo respeito à integridade física e moral de todo o cidadão privado da sua liberdade.

As cenas que percorrem o país são de total desrespeito ao ser humano. O Rio Grande do Sul até outro dia estava mantendo 159 presos dentro de porta-malas de viaturas somente na região metropolitana de Porto Alegre. Na cidade de Gravataí, três viaturas estacionadas na porta de uma delegacia servem de celas para 28 detentos, quase 10 presos por veículo. Um dos presos aguardou quase 30 dias e acabou liberado por falta de cela. Para os que ficaram naquela situação uma cela de cadeia passou a ser luxo.

Em Mato Grosso do Sul a situação não é muito diferente. Os presídios e celas de delegacias estão superlotados. Os agentes penitenciários estão em pé de guerra com o governo estadual que não atende reivindicações da classe como a chamada de aprovados em concurso público, melhoria da segurança para os servidores que vivem ameaçados inclusive de morte, sem contar a questão salarial, que é motivo permanente de luta.

O fato é que os detentores dos mais importantes cargos públicos continuam brincando de governar. O povo continua sendo o capacho dos maus gestores, já que nem pagando uma carga tributária absurda consegue ter o mínimo de segurança. Desta forma, a justiça vai continuar soltando, os presos vão continuar recebendo tratamentos desumanos e a população que trabalha e mantém o país de pé vai continuar do mesmo jeito, ou seja, presa dentro de casa. É realmente o fim da picada.

*Jornalista

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