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Artigo: Temer é ingênuo e Loures de boa índole

24/05/2017 16h10

Por: Edilson José Alves

Divulgação: Dora Nunes

Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo nesta segunda-feira o presidente Michel Temer se considera uma pessoa ingênua. Além disso, afirmou que o seu ex-assessor e agora deputado federal pelo Paraná, Rodrigo Rocha Loures, flagrado correndo com uma mala cheia de dinheiro, é um homem de boa índole. Mais que isso, “é um coitado”, arrematou o ingênuo presidente peemedebista.

A entrevista de Temer mais parece o diário do Ary Toledo. Ao ser questionado pelos jornalistas da Folha sobre aquela regra que ele mesmo criou de que ministro denunciado será afastado e, se virar réu, será exonerado, se valeria também para ele que é o chefe do governo, disse que essa linha de corte não vale para o presidente. Quer dizer, vale para todo mundo, menos para o comandante.

Diante de tantas denúncias de desvios de recursos, pedidos de propinas entre outros crimes, o presidente ainda tenta vender a imagem de bom moço. Diz que está reaglutinando deputados e senadores e que confia na aprovação das reformas. Na verdade, Temer aposta suas fichas no aliado de primeira hora, o PSDB, partido que juntamente com o DEM, ajudaram a derrubar o PT.

Acontece que muitas lideranças do DEM já perceberam que o mergulho desse governo no mar de lamas é algo sem volta e que se ficar por perto poderá sucumbir junto. Os tucanos ainda estão se mantendo firmes como aliados, afinal de contas estão no mesmo barco desde o começo e também tentam se livrar do mesmo mar de lamas que já arrastou um dos seus principais braços, o senador Aécio Neves.

Agora, o tal ‘coitadinho’ de boa índole além de ser filmado recebendo dinheiro grosso do dono da JBS, também foi pego em conversas com Joesley Batista numa suposta negociação para compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha, preso em Curitiba. Temer, por sua vez, nega que tenha autorizado a compra do silêncio de Cunha, mas as evidências desmontam sua versão.

É, até faz sentido mesmo a preocupação de Temer com o seu ex-assessor de boa índole, já que o ‘coitado’ além de não ter a privacidade respeitada, foi flagrado com a mala contendo uma ‘parcelinha’ de R$ 500 mil, valor referente a um acordo de propina estimado em R$ 480 milhões para recebimento em suaves parcelas mensais de meio milhão pelo período de apenas 20 anos.

Ao tentar defender o indefensável, o presidente Michel Temer abusa da nossa inteligência. Da mesma forma age o deputado eleito pelo Mato Grosso do Sul, Carlos Marun, que acredita na ingenuidade de Temer, e está se notabilizando nacionalmente como o maior defensor das reformas e do, ainda, presidente na Câmara Federal.

*Jornalista

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