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Artigo: Tigres e Porãbask: luta e superação

13/09/2017 15h50

Por: Edilson José Alves

Divulgação: Dora Nunes

Num momento que o noticiário é tomado pelas manchetes de usurpação ao dinheiro público, os ditos representantes do povo aparecendo em imagens gravadas desviando os recursos que poderiam melhorar a saúde, a educação, o esporte, a alimentação dos menos favorecidos, a gente se depara com a emocionante história do time de basquetebol Caiçara Tigres, da cidade de Caiçara, na Paraíba. Formada por atletas pobres de uma escola pública municipal o time depois de vencer as equipes do seu Estado, ganhou o direito de disputar a competição nacional. Apesar do brilho nas quadras quase ficou fora das disputas que acontecem em Curitiba por não ter recursos para custear as despesas, mas acabou sendo ajudada pela equipe vice-campeã estadual.

O que chama a atenção é a semelhança dessa história desses meninos pobres paraibanos dedicados ao esporte, muito parecida com os garotos de Ponta Porã, participantes do glorioso Porãbask, um projeto social do professor de educação física, Hugo da Costa, que de uma quadra de terra conseguiu repercussão nacional, emocionou e ganhou o apoio do maior jogador de basquete da história deste esporte no Brasil, Oscar Schmidt. Hugo com todo o esforço do mundo e ajuda de uns poucos começou um trabalho digno de todos os elogios.

Uma certa tarde aparece na quadra de terra o ‘mão santa’ Oscar Schimidt para treinar com os garotos pobres de Ponta Porã. Ele conheceu um a um e a partir de então passou a ser chamado de padrinho da equipe. Viabilizou inclusive o financiamento de um ginásio de esportes na região do Jardim das Rosas. Um esforço coroado com dezenas de títulos em nível municipal, estadual e nacional.

Já o Caiçara Tigres que tem o seu “Hugo da Costa”, lá ele se chama Severino Ramos, treinou a equipe da pequena cidade paraibana de pouco mais de 7 mil habitantes. Os meninos pobres conseguiram a façanha de vencer o campeonato estadual, deixando para trás equipes tradicionais de escolas públicas e particulares. Realizaram o sonho de conquistar o direito de disputar uma competição nacional, neste ano em Curitiba. Mas, o sonho começou a virar pesadelo. Sem apoio do setor público os campeões passaram a viver um verdadeiro drama. Muitos já não comiam e nem dormiam.

A equipe Motiva, vice-campeã estadual, foi comunicada pelo técnico Severino Ramos de que o Tigres estava jogando a toalha porque não teria como pagar as despesas da viagem até Curitiba. Do outro lado da linha o técnico vice-campeão, Adriano Lucena, travou diálogo emocionado com Ramos. Em seguida repassou aos pais dos seus alunos que o campeão não iria para disputa dos Jogos Brasileiros na categoria de 12 a 14 anos. Todos ficaram emocionados com a situação e não acharam justo substituir o verdadeiro campeão na competição nacional.

Tarik Pereira, um dos pais, imediatamente se prontificou a fazer uma campanha para arrecadar recursos para custear a viagem. De ônibus gastariam cerca de R$ 6 mil, mas o sucesso foi tanto que foram arrecadados mais de R$ 30 mil e os atletas puderam viajar de avião com a garantia do pagamento de hospedagem e boa alimentação.

A comoção foi tanta que o jogador profissional Lucas Bebê, que joga pelo Toronto Raptors na National Basketball Association, entrou em contato e se colocou à disposição para colaborar no que for possível. Este é sem dúvida um exemplo maravilhoso de que nem tudo está perdido. De que o Brasil tem jeito. É bem verdade que estamos rodeados de ladrões de ‘colarinho branco”, mas também é verdade que ainda temos uma maioria formada por pessoas que tem alma e bom coração.

*Jornalista

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