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Artigo: Kolinda causa urticária nos políticos e judiciário brasileiro

Por: Edilson José Alves

14/07/2018 11h30 – DN

Estão dizendo que causou onda de revolta nos nossos políticos em Brasília o destaque que a mídia deu para Kolinda Grabar-Kitarovic, a presidente da Croácia. A atitude de pagar os ingressos e passagens com dinheiro do próprio bolso e ainda preferir a arquibancada ao invés da tribuna de honra, causou um tipo de urticária nos políticos e também em outros como os ocupantes dos mais altos cargos do judiciário brasileiro que recebem auxílio moradia e até ajuda para o transporte dos filhos, apesar de não usarem.

Kolinda ganhou notoriedade ao aparecer para o mundo usando camiseta da seleção do seu país, torcendo junto com os comuns nas arquibancadas e depois comemorando com os jogadores no vestiário. Demonstrou humildade e, acima de tudo, honestidade ao não usar dinheiro público para cobrir as despesas da sua viagem para a Rússia. Como presidente determinou desconto na folha salarial dos dias que ficou torcendo pela seleção da Croácia na Copa do Mundo.

No Brasil é quase igual na terra de Kolinda. Os deputados federais recebem apenas ajuda para passagens, telefonia, serviços postais, manutenção de escritórios, hospedagem, locação ou fretamento de transporte, combustíveis e lubrificantes, segurança, serviços de consultoria, divulgação de atividades parlamentares, verba para contratação de pessoal, cota para gastar com gráfica, assinatura de jornais e revistas, auxílio moradia, despesas com saúde dele e da família e aposentadoria. Só isso.

O Judiciário do Brasil é outra beleza. Um ‘bando de populares’ até que tentou entrar com uma ação para impedir o pagamento de auxílio-moradia a juízes, promotores e conselheiros de Tribunais de Contas. A resposta veio do nosso poderoso Supremo Federal, que na visão do ministro Luiz Fux, deveria sim pagar e não era só isso, deveria estender o benefício para todos os juízes federais. O auxílio então passou a ser pago em 2017 para 17 mil magistrados e quase 13 mil procuradores do Ministério Público Federal e já custou cerca de 4,5 bilhões de reais aos cofres públicos, de acordo com uma estimativa do site Contas Abertas.

Imagine, caro leitor, o que a senhora presidente Kolinda acharia de uma situação como essa. Nós, não estamos vivendo apenas uma crise ética, o problema é moral mesmo. Como que o cidadão que possui imóvel pode receber auxílio moradia? Auxílio para pagar a escola do filho? Mesmo que estivesse disponível, ele deveria abrir mão. Deveria declarar não preciso disso. Aqui não é a Croácia e os que vivem da mordomia paga com o suor do rosto do povo, pouco estão importando se o salário mínimo é equivalente a 70 dólares como na era Fernando Henrique ou 300 dólares na era Lula. Farinha pouco, irmão, meu pirão primeiro.

*Jornalista

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