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Artigo: O beijo da morte

Por: Edilson José Alves

02/07/2018 15h20 – Divulgação DN

A nossa estada no palco da vida é de fato curta, como dizia William Shakespeare. A morte não tem classe social, cor, raça e sempre chega de surpresa, deixando lastros de dor e saudades. A morte de Tamara Maiochi, 30 anos, no último dia 27 de junho, no momento que torcia pela seleção brasileira contra a Sérvia é a constatação de mais uma das profecias do ‘maluco beleza’ Raul Seixas, autor de o “Canto para a minha morte”.

Raul fumava um ‘baseado’ e escrevia coisas que pareciam loucuras, mas não eram. Em uma letra escreveu que determinada rua que já passou não tornaria a ouvir o som dos seus passos. Dizia que cada vez que se despedia de uma pessoa imaginava que aquela pessoa estaria vendo ele pela última vez porque a morte, surda, caminhava ao seu lado e que não sabia em qual esquina iria beijá-lo.

As dúvidas quanto a morte lhe atormentavam, tanto que imaginava que poderia ser surpreendido no meio de um copo de uísque, na música que deixou para compor no dia seguinte ou no cigarro que nem teve tempo de apagar no cinzeiro. O “Maluco Beleza” dizia que embora não a conhecesse sabia que a morte estava a sua espera em algum lugar vestida de cetim.

Tamara Maiochi, na alegria dos seus 30 anos, foi vítima de uma dessas surpresas, beijada pela morte no momento que comemorava com os amigos a vitória do Brasil, na cidade de Itatiba, interior paulista. E a morte veio para esta jovem em um desequilíbrio em cima de uma cadeira. Caiu, se cortou nos cacos de uma taça de vidro que estava no chão, teve hemorragia e morreu instantes depois. O que era festa se transformou em tragédia.

A morte é um mistério e continua sendo a única certeza da vida. A médica Rebeca Bedone relata que um menino de 6 anos lhe perguntou se ela sabia se ele iria morrer. Já na outra ponta, um homem de 80 anos confessou à médica que gostaria de morrer para aliviar a dor que sentia. Mas, não existe escolha de dia, hora e muito menos momento exato da morte. Desta forma, o melhor é continuar celebrando a vida, vivendo-a intensamente, pregando o amor e a paz, sempre.

*Jornalista

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