Especialistas discutem como expandir produção do biogás na agroindústria brasileira

- Foto: Diego Galba/MCTI

As políticas nacionais para transformação de resíduos em energia foram destaque na mesa redonda Aplicações do Biogás na Agroindústria Brasileira, nesta quinta-feira (13), em Belém (PA). O debate ocorreu na Casa da Ciência, espaço do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (COP30).

O painel teve moderação do secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do MCTI, Daniel Almeida Filho, que apresentou as principais iniciativas do ministério no setor e os planos para levar esses projetos às regiões com menor cobertura.

“Nas regiões Sudeste e Sul, a gente tem muitas iniciativas de biogás, mais de 90% do total, enquanto no Norte e Nordeste, apesar do potencial, não há tantas iniciativas quanto deveriam. Tudo isso está sendo endereçado nas políticas do governo federal como o Novo PAC, a Nova Indústria Brasil, Combustível do Futuro e assim por diante”, listou.

O biogás é uma fonte renovável de energia gerada a partir da decomposição de resíduos orgânicos produzidos em diferentes atividades econômicas. O MCTI lidera o projeto GEF Biogás Brasil, que promove ações de estímulo ao uso do combustível na cadeia produtiva brasileira. A política tem impacto na diminuição da emissão de gases poluentes e na gestão de resíduos urbanos.

O diretor do Centro Internacional de Energias Renováveis (CIBiogás), Felipe Marques, afirmou que o Brasil tem iniciativas de pequeno porte espalhadas pelo território, mas que é preciso dar tração a elas. O CIBiogás é um Instituto de Ciência e Tecnologia (ICT) sediado em Foz do Iguaçu (PR), parceiro do MCTI no GEF Biogás Brasil.

“As regiões Norte e Nordeste têm bons exemplos, mas esses exemplos não estão conseguindo transbordar a fronteira dos projetos. A gente tem se aproximado, por iniciativa do MCTI, de trazer a experiência do Sul do Brasil para o Norte e Nordeste com os devidos cuidados. É uma agenda para inspirar e entender que essas regiões têm culturas diferentes, que merecem atenção”, disse.

Superintendente de Energias Renováveis na Itaipu Binacional, Rogério Meneghetti descreveu a experiência da empresa, que promove há 20 anos projetos voltados ao biogás. Ele também falou sobre o crescimento do tema nas conferências do clima e a importância do biogás no combate à emissão de gases do efeito estufa.

“O GEF Biogás Brasil trouxe evidências robustas de que o biogás deixou de ser uma promessa para ser um vetor de transição energética para descarbonizar setores variados da economia”, ressaltou.

Já a especialista da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fespesp) Ana Paula Bernardes defendeu a importância da presença estatal para incentivar a integração do biogás à cadeia produtiva. 

“A região Norte do Brasil produz enorme quantidade de resíduos e biomassa. Falta para a política científica fazer as políticas públicas serem mais regionalizadas. O Brasil precisa de soluções customizadas no manejo da política pública para chegar até os arranjos produtivos locais”, relatou.

Casa da Ciência  

A Casa da Ciência do MCTI, no Museu Paraense Emílio Goeldi, é um espaço de divulgação científica, com foco em soluções climáticas e sustentabilidade, além de ser um ponto de encontro de pesquisadores, gestores públicos, estudantes e sociedade. Até o dia 21, ela será a sede simbólica do ministério e terá exposições, rodas de conversa, oficinas, lançamentos e atividades interativas voltadas ao público geral. Veja a programação completa

Fonte: Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação