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Análise: Feminismo seletivo não defende todas as mulheres

Um movimento que seleciona quais mulheres defender e quais ignorar não faz jus à hashtag “mexeu com uma, mexeu com todas”

19/11/2018 16h20 – R7

Nos últimos dias, vimos uma demonstração clara de dois pesos e duas medidas do movimento feminista que se autointitula o grande defensor das mulheres.

Aliás, já faço aqui um primeiro parêntese: como mulher, não preciso de nenhum movimento que me defenda, pois tenho capacidade suficiente para me cuidar sozinha. E olha que eu só tenho um metro e meio de altura…

Por um lado, ouvimos um barulho enorme do movimento feminista acusando o apresentador Silvio Santos de assediar a cantora Claudia Leitte, na edição do Teleton deste ano. A hashtag “mexeu com uma, mexeu com todas” correu solta nas redes sociais e a opinião da classe artística ficou dividida.

Porém, o mesmo feminismo calou-se completamente diante do posicionamento da nova juíza da Operação Lava Jato, Gabriela Hardt, no interrogatório do ex-presidente Lula.

No primeiro caso, não importa a mínima que o SBT ceda — há 21 anos — espaço em sua programação durante dois dias para arrecadar fundos para os pacientes da Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD).

Não importa que Silvio Santos tenha 88 anos de idade. Não importa que ele esteja há 55 anos — completados em 2 de junho — à frente do programa que leva seu nome, entretendo gerações com todo tipo de brincadeira. E não importa que tudo tenha sido transmitido ao vivo, em rede nacional, enquanto a mulher e a filha dele estivessem na plateia acompanhando tudo.

E, falando em filha, Patricia Abravanel foi ofendida maciçamente em suas redes sociais por inúmeras feministas em razão do ocorrido. Mas, espere aí! Ofender uma mulher grávida — por algo que ela não fez — para defender outra, pode? Não entendi. Isso que é sororidade?

E onde está o feminismo quando um interrogado tenta inverter os papéis questionando uma juíza usando um tom totalmente inapropriado? Por que o “mexeu com uma, mexeu com todas” não deu as caras para “defender” Gabriela Hardt?

Bem, talvez seja porque o feminismo moderno selecione as mulheres que lhe interessam defender. Talvez esse “mexeu com todas” não seja tão amplo assim. Ou, quem sabe, seja porque a demonstração de firmeza e verdadeiro empoderamento feminino dada pela juíza dispense qualquer defesa.

Para esse feminismo moderno e seletivo, dedico um ditado dos antigos: “Quanto mais vazia a carroça, mais barulho faz”.

Para dicas de finanças pessoais e empreendedorismo, visite meu blog, Bolsa Blindada. E siga-me nas redes sociais: YouTube, Instagram e Facebook.

Patricia Lages

É jornalista internacional, tendo atuado na Argentina, Inglaterra e Israel. É autora de cinco best-sellers de finanças e empreendedorismo, palestrante e conferencista do evento “Success, the only choice” na Universidade Harvard. Apresenta quadros de economia na TV Gazeta e RecordTV e é facilitadora do programa mundial WomenWill – Cresça com o Google.

Feminismo moderno é seletivoPixabay