Início Política Prefeitos cobram da bancada federal definição na data das eleições

Prefeitos cobram da bancada federal definição na data das eleições

Hélio Peluffo de Ponta Porã também se manifestou na reunião

A senadora Soraya Thronicke (PSL-MS) disse que o Senado, que já aprovou a data das eleições para novembro

Prefeitos de Mato Grosso do Sul se reuniram na manhã desta terça-feira (30) com representantes do Estado no Congresso Nacional, a quem pediram uma definição urgente na data das eleições municipais.

Além da questão sanitária por conta da pandemia do Covid-19 (novo coronavírus), motivo divergente no Congresso Nacional sobre a manutenção do calendário eleitoral ou em último caso a prorrogação de mantados, outra preocupação dos prefeitos é com relação ao tempo que eles vão ter para fazer campanha e para cumprir o processo de transição de governo, incluindo o fechando das contas e entregar os cargos à seus sucessores.

Durante a reunião comandada pelo presidente da Assomasul (Associação dos Municípios de Mato Grosso do Sul), Pedro Caravina, os parlamentares sinalizaram obedecer as orientações dos médicos epidemiologistas e infectologistas que estão dando suporte aos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), a fim de norteá-los sobre a realização do pleito em data que represente menor risco de contaminação  pela doença que tem deixado as autoridades públicas e a população em polvorosa.

Há dias, o Senado aprovou a PEC 18/2020 (Proposta de Emenda Constitucional) que prevê a realização das eleições nos dias 15 (primeiro turno) e 29 de novembro (segundo turno), cujo texto terá de ser votado agora pela Câmara.

Ao abrir o encontro, Caravina expôs a dificuldade dos municípios nesse momento de crise e reforçou o estudo encomendado pela CNM (Confederação Nacional de Municípios) que aponta a impossibilidade de realização das eleições este ano devido aos casos crescentes de infecção do Covid-19 em todo país.

Presente ao encontro, o presidente da CNM, Glademir Aroldi, disse que uma das grandes preocupações é com uma eventual segunda onda da pandemia nos meses seguintes, o que, segundo ele, poderia complicar ainda mais a situação dos atuais gestores que já estão em dificuldades muito antes da chegada do Covid-19 no país.

Aroldi também comentou sobre a fala do presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Luís Roberto Barroso, durante videoconferência na segunda-feira (29) com presidentes das entidades estaduais de municipais, na qual o ministro sinalizou em defender a prorrogação dos atuais mandatos para 2022, caso a curva de contaminação aumente.

No entanto, uma das posições defendidas na reunião desta terça pela maioria dos prefeitos é que as eleições sejam realizadas em 4 de outubro, caso não haja consenso para sua prorrogação, em vez de serem adiadas para novembro.

A senadora Soraya Thronicke (PSL-MS) disse que o Senado, que já aprovou a data das eleições para novembro, tem se baseado nas orientações dos médicos especialistas, por isso prefere aguardar para ter uma posição sobre o tema.

O deputado Beto Pereira (PSDB-MS) disse que sempre defendeu a unificação das eleições no país, com 5 anos de mandato e sem reeleição, como forma de economia para o país. No entanto, prefere nesse momento observar aquilo que a ciência diz e seguir a posição do Senado pela realização do pleito em novembro.  

O deputado Vander Loubet (PT-MS) disse que a definição sobre o calendário eleitoral passa necessariamente por uma decisão do Centrão, que conta com 200 parlamentares, e a ideia de prorrogação de mandatos não reúne consenso.

“É muito forte essa demanda dos prefeitos que vão para à reeleição. É natural que se mantenha a data para outubro, mas nossa posição da bancada vai depender muito de as pessoas se manterem no isolamento social. Nossa tese é que a ciência nos indique um caminho”, disse Vander, acrescentando, porém, que reconhece a angústia dos prefeitos nesse momento de crise.

Da mesma forma, a tucana Rose Modesto (PSDB-MS) defendeu esperar a indicação de um melhor caminho, sobretudo a orientação das autoridades especializadas em saúde pública.

O deputado Dr. Luiz Ovando (PSL-MS), que é médico, defendeu a manutenção das eleições em 4 de outubro, por entender que a situação não irá mudar muito em novembro em relação a pandemia.

“Não vamos conseguir evitar esse vírus. Não posso, na condição de médico, fechar os olhos para isso”, colocou Ovando, ao criticar aqueles que ignoraram as primeiras informações sobre a disseminação da doença no Brasil em fevereiro, advertência esta feita pelo presidente Jair Bolsonaro, que decretou estado de emergência para conter a pandemia do novo coronavírus em fevereiro deste ano.

O deputado Fábio Trad (PSD-MS) também se posicionou favorável a orientação das autoridades de saúde e sinalizou apoiar a realização das eleições em duas etapas, do jeito que a matéria passou pelo Senado.

Já a senadora Simone Tebet (MDB-MS) disse que sempre foi municipalista, lembrando que já foi prefeita (Três Lagoas), e considera legitimo o pedido dos prefeitos devido as dificuldades dos municípios nesse momento de crise.

A senadora disse que acompanha de perto a movimentação nas duas casas legislativas e acha que dificilmente haverá mudança no posicionamento dos parlamentares com relação a realização das eleições este ano.

AUTONOMIA

Vários prefeitos se posicionaram no encontro. Waldeli dos Santos Rosa, de Costa Rica, questionou a bancada sobre a autonomia que o STF (Supremo Tribunal Federal) deu a estados e municípios, principalmente para conduzir a questão do isolamento social.

“Quero saber como vamos fazer eleições se o prefeito  tem poder de impedir aglomerações”, colocou ele, em pergunta direcionada a Soraya e Fádio Trad, referindo-se a desvantagem dos adversários políticos durante a campanha.

O prefeito de Bela Vista, Reinaldo Piti, cobrou uma posição mais definitiva dos parlamentares, observando que ouviu da maioria  a ideia de esperar o encaminhamento dado pelas autoridades médicas.

“Quero pedir aos nossos parlamentares uma definição, isso está se prorrogando muito. A gente precisa de uma definição o mais rápido possível. Estamos exonerando funcionários e ainda não se tem uma data. Estamos sendo cobrados pela Justiça, ficamos aqui durante duas horas debatendo e não vi consenso”, desabafou.

Outros prefeitos, como Tuta (Ivinhema), Willian do Banco (Pedro Gomes) e Hélio Peluffo (Ponta Porã) também se manifestaram na reunião.

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