25/04/2017 07h40
A capa do livro, editada pela Companhia das Letras, estampa o rosto de Marçal de Souza, um dos principais líderes indígenas de MS.
Divulgação (TP)
O jornalista e escritor Rubens Valente falará sobre o seu livro “Os fuzis e as flechas – A história de sangue e resistência indígenas na ditadura” em um debate na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), em Dourados. O evento será nesta quinta-feira (27), às 19h, no Anfiteatro do Bloco A.
Valente já recebeu 17 prêmios de jornalismo, nacionais e internacionais, entre os quais dois Prêmios da Sociedade Interamericana de Imprensas (SIP), dois prêmios Esso e dois Grandes Prêmios Folha. Além do jornalista, também participarão do evento o indígena Anastácio Peralta, um dos personagens do livro, o professor Adilson Crepalde (Curso de Letras da UEMS), a professora Beatriz Landa (Coordenadora do Programa Rede de Saberes-UEMS) e o vice-reitor da Universidade, professor Laércio de Carvalho.
Nas páginas de “Os fuzis e as flechas”, Valente revela a perseguição, a violência e o sofrimento resultantes da política repressiva adotada pelos militares na época da ditadura, que não passou “em branco” nas terras indígenas espalhadas pelo país. Segundo o jornalista, o livro é o resultado das experiências de reportagens para jornais de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, acumuladas durante 26 anos, período em que conheceu cerca de 30 terras indígenas.
Com a publicação de seu livro, no início de abril deste ano, a Comissão de Direitos Humanos do Senado Federal convocou Valente para uma audiência pública, realizada na última quinta-feira (20), que discutiu os documentos, as revelações e os depoimentos sobre as agressões aos direitos dos povos indígenas durante a ditadura militar (1964-1985) relatados na publicação. O objetivo da comissão é averiguar possíveis medidas a serem tomadas para compensação de danos causados pelo Estado Brasileiro aos povos indígenas durante o período.
Valente, que morou por vários anos em Dourados, afirma que fala muito sobre a cidade em seu livro. “Conheci um índio pela primeira vez muito antes de virar jornalista, aos doze anos, em 1982, nos estertores da ditadura, quando passei a morar com minha família em Dourados, a cerca de cinco quilômetros da maior terra indígena urbana do país”, relata ele na publicação.
A capa do livro, editada pela Companhia das Letras, estampa o rosto de Marçal de Souza, um dos principais líderes indígenas de Mato Grosso do Sul, brutalmente assassinado por lutar pelo direito dos povos indígenas à terra. “A editora escolheu a imagem e eu fiquei muito feliz com a escolha”, comenta o jornalista.
Sobre Rubens Valente
O jornalista Rubens Valente estudou um ano de Letras em Dourados, no antigo Centro Universitário de Dourados (CEUD), e formou-se em Comunicação Social – Jornalismo pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), em Campo Grande. Ele é repórter há 28 anos. Atualmente, trabalha na Sucursal de Brasília da Folha de S. Paulo.
Participou como palestrante de nove congressos internacionais realizados pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e fez exposições em três Conferências Latinoamericanas de Jornalismo de Investigação promovidas pelo Instituto Prensa y Sociedad, em Guaiaquil, Bogotá e Rio de Janeiro. Recebeu três menções honrosas do Prêmio Latioamericano de Jornalismo de Investigação.
Em 2014, lançou o livro “Operação Banqueiro” (Geração Editorial), como resultado de investigações sobre os documentos e bastidores das operações Satiagraha, Banestado e Chacal e da CPI dos Correios.