
Em seu primeiro ano desde que a paraescalada passou a integrar oficialmente o programa paralímpico, a Seleção Brasileira de Paraescalada encerra a temporada com conquistas inéditas e desempenho que reposiciona o Brasil no cenário internacional da modalidade. Ao todo, foram sete medalhas em Copas do Mundo e Campeonatos Mundiais, com protagonismo dos atletas Marina Dias e Eduardo Miguel Schaus.
A paulista Marina Dias, da categoria RP3, que é destinada a atletas com limitações de força, alcance ou coordenação, conquistou bronze na etapa da Copa do Mundo em Salt Lake City (EUA), bronze na Áustria, ouro na etapa da Copa do Mundo em Laval (França) e o título de bicampeã mundial no Campeonato Mundial da Coreia do Sul.
“A dedicação em tempo integral potencializaria e muito nosso progresso”, afirmou Marina, que concilia os treinos com sua rotina como professora na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). “A bolsa-auxílio ainda não supre as necessidades de uma dedicação exclusiva. Caso fosse possível, eu me afastaria do trabalho para me dedicar inteiramente à escalada”.
Além de Marina, o catarinense Eduardo Miguel Schaus, da classe AU2, também subiu ao pódio internacional. A categoria é voltada a atletas com amputação ou diferença significativa em membros superiores. Schaus conquistou prata no Mundial de Seul e bronze na Copa do Mundo da França. Morador da zona rural de Mariópolis (PR), ele divide a rotina entre o trabalho em casa e os treinos.
“Lá onde moro não tem estrutura nenhuma. Treino onde dá. Quando preciso de algo mais profissional, vou para Curitiba”, contou o atleta, que está na paraescalada desde 2022. “Agora estou focado só nisso. Trabalho em casa e treino. É o que eu quero fazer”.

- Marina Dias se tornou bicampeã mundial no Campeonato da Coreia do Sul em 2025. Foto: Ali Machado/IFSC
Estrutura e desafios
Para o técnico da seleção, Andrew Oliveira, o desempenho obtido já no primeiro ano é resultado direto da parceria entre o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) e a Confederação Brasileira de Escalada Esportiva (CB Escalada). Segundo ele, a estrutura ainda é um desafio, mas o potencial de crescimento é evidente.
“O Brasil conta com poucas estruturas profissionais para treino. Existem ginásios comerciais, mas quase nenhum é voltado para o alto rendimento. Isso impacta diretamente no desenvolvimento da modalidade”, explica Oliveira.
Mesmo assim, o treinador celebra os avanços: “Em um ano de apoio estruturado, o Brasil trouxe sete medalhas entre Copas do Mundo e dois títulos mundiais. A Marina se tornou bicampeã mundial. Isso mostra que estamos no caminho certo”. Oliveira destaca ainda o cenário internacional favorável.
“A escalada vai para sua terceira edição olímpica em Los Angeles. A paraescalada estreia agora na mesma edição e tem grandes chances de seguir no programa paralímpico. A Federação Internacional tem muito apoio do Comitê Olímpico e Paralímpico, então não vejo como o esporte não continue crescendo”.
Perspectivas
Com a estreia paralímpica marcada para Los Angeles, em 2028, a modalidade passa a atrair novos talentos e abrir novas portas no esporte de alto rendimento. Segundo o técnico, o Projeto Transição de Modalidades, do CPB, deve trazer atletas com histórico esportivo de outras práticas esportivas para a paraescalada já a partir de 2026.
O campeonato nacional está previsto para abril de 2026, e há expectativa de que mais atletas possam receber a Bolsa Atleta, o que vai fortalecer bastante o ciclo de preparação. “A possibilidade de ter bolsa atleta no próximo ano é algo que pode mudar tudo”, afirmou Marina Dias. “Com dedicação exclusiva, os resultados podem ser ainda melhores”.
Um futuro em ascensão
Com medalhas, títulos e histórias de superação, a Seleção Brasileira de Paraescalada vive um momento inédito e promissor. Os resultados obtidos em 2025 consolidam o país entre os destaques da modalidade e reforçam o potencial de crescimento para os próximos ciclos.
“A escalada e a paraescalada estão avançando muito no mundo. O Brasil tem histórico de grandes resultados e é muito provável que tenhamos atletas de altíssimo nível em várias classes nos próximos anos”, avalia Andrew Oliveira. “O que já é certo é que mesmo jovem enquanto modalidade paralímpica, a paraescalada brasileira já mostra que tem força para ir mais alto e seguir quebrando barreiras”, finalizou.
Assessoria de Comunicação – Ministério do Esporte
Fonte: Ministério do Esporte

