
No estande “Conheça o Brasil”, do Ministério do Turismo, na Green Zone da COP30, o painel “Turismo como Instrumento de Preservação: o próximo passo da conservação ambiental” reuniu nomes que dedicaram suas trajetórias a unir turismo, sustentabilidade e desenvolvimento humano. O encontro mostrou, com sotaques e experiências de várias partes do país, que o turismo pode ser mais do que uma atividade econômica: pode ser uma ferramenta de regeneração ambiental e social.
Georges Louis, vice-presidente de Sustentabilidade da Associação Comercial da Bahia, abriu a conversa lembrando que o Brasil tem um papel fundamental neste novo cenário mundial. Ele falou com entusiasmo sobre o potencial do país em liderar um modelo de turismo que une cultura, natureza e comunidades locais. “O turismo é uma alavanca da sustentabilidade, especialmente quando está integrado com a cultura, a arquitetura e a paisagem. Na Bahia, temos exemplos concretos de turismo sustentável que valorizam as pessoas e o território. O turismo é uma jornada de preservação ambiental que o Brasil pode liderar”, afirmou.
Da Amazônia ao Amapá, a professora e consultora Sonia Fonseca Gama compartilhou a experiência de um diagnóstico feito em Macapá, que ajudou a mudar a forma como a população enxerga o turismo. Ela contou que, quando o estudo começou, muitos moradores não se viam como parte do processo turístico. “Nós identificamos uma realidade em que o turismo ainda não era percebido como motor de desenvolvimento pelas comunidades locais. O trabalho mostrou que é preciso integrar conservação ambiental, fortalecimento cultural e protagonismo comunitário. O turismo precisa caminhar junto com a pesquisa, a articulação institucional e a gestão pública”, explicou.
Sonia contou que, a partir do diagnóstico, o município iniciou políticas públicas transformadoras. “Hoje Macapá tem um novo sentimento de pertencimento. A comunidade passou a se enxergar como parte do processo e o turismo se tornou um instrumento de valorização da natureza e da identidade amazônica”, afirmou com orgulho.
De São Paulo, o ambientalista Gilberto Natalini, ex-secretário municipal do Verde e do Meio Ambiente, trouxe uma perspectiva política e histórica sobre o tema. Com décadas dedicadas à pauta ambiental, ele fez um alerta: o turismo pode ser tanto uma ameaça quanto uma solução, dependendo de como é conduzido. “O turismo pode ser um fator de degradação, mas também um grande aliado da preservação. Se for bem conduzido, orienta o visitante a cuidar, não a destruir”, disse.
Natalini lembrou as transformações recentes na maior cidade do país. “A cidade de São Paulo, que historicamente maltratou sua natureza, vem mudando essa trajetória: ampliamos de 36 para 122 parques urbanos e estamos transformando áreas privadas de Mata Atlântica em áreas públicas de conservação. Preservar o meio ambiente é responsabilidade de quem recebe e de quem visita. O turista consciente deixa o lugar melhor do que encontrou”, completou.
Encerrando o painel, Salvador Ribeiro, engenheiro florestal e fundador do Movimento Mecenas da Vida (Coletivo Muda!), trouxe uma história que nasceu em Itacaré, no litoral sul da Bahia, e hoje inspira destinos em todo o Brasil. Ele apresentou o programa “Destinos Guardiões do Clima”, uma iniciativa que conecta empreendimentos turísticos, comunidades locais e conservação ambiental.
“O turismo representa 8% das emissões globais de gases de efeito estufa, mas também é uma das maiores ferramentas para reverter isso. Nos Destinos Guardiões do Clima, colocamos todos os atores — turistas, empreendedores e comunidades — para agir juntos pela regeneração ambiental e pela inclusão socioeconômica”, explicou.
Com um brilho nos olhos, Salvador concluiu: “Queremos ver cada destino turístico brasileiro adotando o conceito dos guardiões do clima, tornando o turismo um legado positivo para o Brasil e para o planeta.”
Ao final, o público pôde perceber que, em cada fala, havia uma mesma convicção: o turismo sustentável é uma construção coletiva, que começa na consciência e se traduz em políticas, atitudes e pertencimento.
PROGRAMAÇÃO – O estande do Ministério do Turismo terá uma programação robusta e estratégica ao longo das duas semanas da COP30. No Auditório Carimbó, especialistas nacionais e internacionais participarão de debates de alto nível sobre turismo regenerativo, financiamento climático, justiça ambiental e a valorização de comunidades tradicionais, promovendo reflexões essenciais para o futuro do setor. Além da agenda de painéis, o MTur aproveitará o espaço para lançar produtos fundamentais voltados à adaptação climática do turismo, entre eles a Trilha Amazônia Atlântica, o Mapeamento do Turismo em Comunidades Indígenas, a série “Pelos Rios da Amazônia” e o Plano de Adaptação Climática do Turismo Brasileiro, reforçando o compromisso do Brasil com inovação e sustentabilidade.
Por Cíntia Luna
Assessoria de Comunicação do Ministério do Turismo
Fonte: Ministério do Turismo

