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Dupla de pescadores fisga pintado de 60 quilos no Rio Pardo

13/07/2017 08h

Professor acredita que animal tenha vivido por cerca de 60 anos nas águas da região. Animal foi doado a instituição que atende 120 pessoas com deficiência, e carne renderá refeições por três dias.

G1

A história narrada pelo calheiro Oscar Alves da Costa até poderia ser encarada como mais uma daquelas contadas por pescadores, mas ele fez questão de registrar o feito ocorrido no início de julho no Rio Pardo, em Barretos (SP). Ao lado do amigo Alex, ele fisgou um pintado de 60 quilos. O peixão surpreendeu a dupla, os moradores e acabou sendo doado a uma instituição de caridade.

A pescaria começou por volta das 22h quando Costa e o amigo estavam em um rancho a 30 quilômetros de Barretos, e decidiram pegar o barco para descer o rio. A princípio, a dupla queria pescar algumas traíras e colocaram iscas vivas nos anzóis.

Após a espera, a vara usada por Costa começou a puxar, mas o calheiro não deu tanta importância a agitação. “Eu achei que era enrosco, algum extrato de canoa. Na hora que a gente foi ver ele começou a puxar, aí eu falei: é peixe mesmo”, diz.

Foram duas horas e meia de batalha até que Costa conseguiu tirar o peixe da água. O pescador afirma que foi preciso deixar o animal cansar para que eles pudessem retirá-lo com a ajuda de uma corda.

“Sozinho haja braço pra aguentar. Foram dois contra um. Senão não tirava. Tirar na marra não tira.”
Só depois de muita luta é que os amigos puderam ver o que de fato tinham pescado – um pintado com 1,53 m e 60 quilos.

“Foi uma tremedeira, né? Puxei ele pro barranco, aí nós tiramos as fotos dele e colocamos ele na canoa, que é difícil porque o trem é pesado. Levei ele pro rancho e foi uma festa. Depois fui fazer um chazinho pra tomar com bolacha e esperar clarear o dia. Foi muito bom.”

Espécie

O nome científico do pintado é Pseudoplatystoma corruscans. O peixe é comum em toda a Bacia do Rio Paraná, que inclui o Rio Pardo. Segundo o professor do Departamento de Biologia da USP Ricardo Marcedo Corrêa, a espécie vive no fundo dos rios e pode chegar a medir 1,70 metro, mas é mais comum encontrar exemplares que pesam de 10 a 20 quilos.

‘’Essa espécie possivelmente foi introduzida várias vezes desde 1959, mas pelo tamanho é espécie avançada, esse animal está vivo há muito tempo. Talvez ele possa ser até dessas primeiras introduções. É algo espetacular ter um peixe desse tamanho vivendo lá’’, diz.

Pelo tamanho do pintado pescado, Corrêa estima que o bicho tenha 60 anos de idade. “Eles comumente estouram as linhas, abrem os anzóis. Talvez, várias vezes esse peixe tenha sido fisgado e escapado.”

Doação

Com tanta fartura, o pescador optou por um gesto de solidariedade e doou o peixe a uma instituição que atende 120 pessoas com deficiência em Barretos. Segundo a presidente da entidade Dagmar Cunha Dornelles, a carne do pintado renderá refeições por três dias.

“É uma colaboração maravilhosa. Quando eu vi o peixe achei lindo, mas quando veio pra cá fiquei encantada. Que Deus os ajude a pescar muito mais”, afirma.

Costa, que pesca há 30 anos com Alex, sente que a pescaria deu a eles a chance de ajudar e de conquistar algo considerado raro.

“É muito bom fazer o que a gente tá fazendo porque tem muita gente [da instituição] que merece. Pescaria como essa é uma vez na vida. Eu tenho 57 anos, e esses peixes crescem um quilo por ano. É uma vida, entendeu?”

Alex e Castro posam ao lado do pintado de 60 quilos em Barretos, SP (Foto: Reprodução/EPTV)

Dona Dagmar diz que o pintado vai alimentar 120 pessoas por três dias em Barretos, SP (Foto: Reprodução/EPTV)