Após início da guerra comercial, exportações de MS despencam

Se vão fosse o aumento de 80% nas exportações de celulose, balança comercial de MS teria recuado 12,5% no primeiro quadrimestre.

Faturamento com as vendas externas em abril foi 27% menor que no mês anterior e 18% abaixo do resultado de abril do ano passado.

Em meio à guerra comercial deflagrada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, principalmente a partir do dia 2 de abril, o chamado “dia da libertação”, as exportações de Mato Grosso do Sul despencaram 27,2% em abril deste ano na comparação com março. 

Em março, conforme dados da Carta da Conjuntura, documento elaborado pela Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semadesc), as exportações de Mato Grosso do Sul haviam somado 1,136 bilhão de dólares. Em abril, por sua vez, o valor caiu para 826 milhões. 

Se a comparação for com a abril dos dois anos anteriores, a queda também é significativa. Na comparação com igual mês do ano passado, a retração é de 18,3% e se o parâmetro for 2023, a queda chega a 25%.

As chamadas tarifas recíprocas aplicadas pelos Estados Unidos para praticamente todos os países entraram em vigor no começo de abril, mas já vinham sendo anunciadas semanas antes.

Possivelmente por conta disso, segundo economistas, as exportações de março tiveram um impacto positivo e o Estado fechou com o maior valor em dólares dos últimos 22 meses. 

IMPORTÂNCIA DA CELULOSE

Mas, apesar do significativo recuo de abril, a soma dos quatro primeiros meses deste ano ainda supera em 2,7% o volume em dólares faturado em igual período de 2024, passando de 3,281 bilhões para 3,370 bilhões de dólares. 

A principal explicação é o aumento de 80% do faturamento nas exportações de celulose. Isso, por sua vez, é resultado da ativação da fábrica da Suzano em Ribas do Rio Pardo, em julho do ano passado. No primeiro quadrimestre de 2024 o faturamento foi de US$ 622 milhões, ante US$ 1,124 bilhão em igual período de 2025. 

Parte desta disparada deve-se à melhora na cotação do produto, já que o volume de celulose exportada teve alta de apenas 64%, passado de 1,348 milhão de toneladas para 2,217 milhões de toneladas em 2025. 

Se não fosse o aumento de US$ 502 milhões nas vendas de celulose, as exportações de Mato Grosso do Sul no primeiro quadrimestre teriam encolhido 12,5% na comparação dos quatro primeiros meses deste ano ante igual período de 2024. 

Ao mesmo tempo em que a celulose garantiu a estabilidade à balança comercial, as exportações do complexo soja despencaram tanto no que se refere ao volume e ao faturamento. As receitas relativas à venda de soja em grãos caíram 25,7%, passando de US$ 1,206 bilhão para US$ 896 milhões.

Além disso, a venda de farelo de soja e de óleos vegetais despencou 27,9% e 18,3%, respectivamente na comparação entre o primeiro quadrimestre do ano passado com igual período deste ano. 

PRINCIPAIS COMPRADORES

Especificamente para os Estados Unidos, responsável pela chamada Guerra Comercial, as exportações nos quatro primeiros meses apresentaram aumento de 36% no primeiro quadrimestre, passando de US$ 164 milhões para US$ 214 milhões. Se a comparação for somente dos meses de abril, as vendas para os EUA neste ano tiveram alta de 121% na comparação com 2024.

Por conta deste aumento, a importância dos EUA na balança comercial de Mato Grosso do Sul teve um leve aumento, passando de 5,17% para 6,64% do total das vendas, continuando em segundo lugar  entre os países que mais compram produtos daqui. Em primeiro, segue a China, sendo destino de 46,61% de tudo aquilo que o Estado exporta. 

Fonte: Correio do Estado