A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Luciana Santos, recebeu na tarde desta quarta-feira (18), em Brasília, representantes da China Electronics Technology Group Corporation – Instituto 54 (CETC54) e do Suzhou Quantum Center (Quantum CETC), em audiência dedicada à expansão da parceria científica e tecnológica entre Brasil e China. O encontro reuniu também o secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Ensino Superior da Paraíba, Cláudio Furtado, além de integrantes do projeto do radiotelescópio BINGO e representantes da comunidade acadêmica e da Embaixada da China.
A audiência dá continuidade às articulações bilaterais no campo da ciência, tecnologia e inovação, com ênfase em radioastronomia, desenvolvimento de radares, computação quântica e outras tecnologias de comunicação. A visita da delegação chinesa ao Brasil teve início no dia 16 de junho, com passagem por instituições de pesquisa e inovação na Paraíba, onde foram recebidos pelo governador João Azevedo e secretários estaduais.
A ministra destacou a importância da cooperação internacional para o avanço da ciência e da inovação no país e ressaltou o papel da Paraíba como polo emergente em tecnologias de fronteira. “Essa nossa relação com a China é profícua em termos gerais e, especialmente, na área de ciência e tecnologia. O projeto está a todo vapor, dentro das expectativas que criamos, e fico feliz por compartilhar esse momento de avanço conjunto”, afirmou.
O encontro sinaliza, ainda, o comprometimento do governo federal em fomentar projetos estruturantes como o BINGO e suas próximas fases.
Representando a delegação chinesa, o vice-presidente da CETC54, Li Lifeng, ressaltou os avanços recentes da parceria com o Brasil e os próximos passos da cooperação bilateral em ciência e tecnologia. “O sistema de congelamento é um marco importante da cooperação entre o nosso Instituto e o Brasil. Esperamos, no futuro, aprofundar a cooperação com o Brasil na área da computação quântica, especialmente em aplicações relacionadas à astronomia”, afirmou.
O secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do MCTI, Daniel Almeida Filho, reforçou o entusiasmo do ministério com a parceria internacional e destacou a importância estratégica do momento para o avanço científico do país. “Temos acompanhado o desenvolvimento do projeto ao longo dos últimos anos e estamos muito satisfeitos com o projeto em si e com esta parceria com a China, bem como com outros países. Estamos também muito entusiasmados com a possibilidade de expandir esta colaboração com a CETC no domínio da computação quântica”, explicou.
O secretário também ressaltou o papel do MCTI na formulação de estratégias para o futuro tecnológico do Brasil. “Neste momento, atravessamos uma era marcada por tecnologias importantes, liderada pelos Estados Unidos, e, na nossa secretaria, temos vindo a desenvolver estratégias específicas para o futuro das iniciativas brasileiras em fototecnologia”, explicou.
Ciência de ponta e cooperação internacional
Um dos temas tratados na agenda foi o andamento e a ampliação do projeto BINGO (Baryon Acoustic Oscillations from Integrated Neutral Gas Observations), um radiotelescópio projetado para detectar Oscilações Acústicas de Bárion (BAO) e mapear a distribuição de hidrogênio neutro no universo por meio de radiofrequência. Com isso, será possível investigar a expansão cósmica e inferir sobre a energia escura.
O projeto é liderado pelo professor Élcio Abdalla (USP), e conta com colaboração da Universidade de Yangzhou (China), da Universidade de Manchester (Reino Unido) e de outras instituições da França, EUA, Alemanha e África do Sul. A CETC54, responsável pela manufatura da estrutura metálica do BINGO, baseou-se em design de pesquisadores brasileiros.
O projeto BINGO conta com financiamento do MCTI, por meio do FNDCT/FINEP, além de recursos da FAPESP, da FAPESQ-PB e do Governo do Estado da Paraíba. A iniciativa integra o Plano de Cooperação Espacial Brasil-China (2023–2032), firmado entre a Agência Espacial Brasileira e a Administração Espacial Nacional da China, e tem recebido apoio político-institucional do governo brasileiro.
A próxima fase do projeto, denominada ABDUS, prevê a construção de um novo radiotelescópio com tecnologias de phased arrays, além do desenvolvimento de radares com esse mesmo princípio.