
As contribuições da sociedade civil e da iniciativa privada para alavancar o enfrentamento da emergência climática, a partir dos valores éticos, foram debatidas na edição do Diálogo Autogestionado promovida em Bogotá, na Colômbia, na última quinta-feira (21/8). A atividade foi chamada de Diálogo Pan-Amazônico e antecedeu o segundo encontro do Balanço Ético Global (BEG) da América do Sul, Central e Caribe, realizado no mesmo dia na capital do país.
O evento foi organizado por representações sociais dessas regiões, com o apoio do governo brasileiro. Os ministros do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo, e do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Colômbia, Irene Velez, além do vice-ministro das Relações Exteriores da Colômbia, Mauricio Jassir, estiveram presentes.
Na oportunidade, Marina Silva enfatizou ser “fundamental que as avaliações técnicas passem pelo crivo da ética”, uma vez que “boa parte dos problemas que nós estamos enfrentando já tem respostas”. “Nós já temos respostas técnicas para produzir conhecimento, educação, mas, infelizmente, ainda temos pessoas que passam fome, ainda temos pessoas que não têm acesso à educação, à água potável. Não é falta de técnica, é falta de ética”, pontuou.
Agora, considerou Marina Silva, o esforço é para que todos sejam “sustentabilistas, porque o negacionismo será a forma mais antiética de destruição da vida do planeta”. Como exemplo, enfatizou a conexão entre as ações de desmatamento e o uso dos combustíveis fósseis, ambos potencializadores das mudanças do clima. “As florestas são responsáveis por 10% das emissões globais, 75% vem de carvão, de petróleo e de gás. Nós podemos zerar o desmatamento, mas, se não zerar a emissão pelo uso de combustível fóssil, as florestas vão desaparecer do mesmo jeito.”
A ministra reiterou ainda que o caminho é a implementação dos compromissos assumidos, a partir de uma aliança global. “É a hora de uma grande coalizão de autocompromisso, de uma grande aliança para salvar o planeta e com ela salvar as nossas formas de existência”, finalizou.
Já Irene Velez, elencou três prioridades para a agenda climática, que abrangem o enfrentamento das alterações do clima para proteger a biodiversidade, o impulsionamento da transição energética com o fim dos combustíveis fósseis e a justiça climática. “Mais de 50% do produto interno bruto mundial depende diretamente da natureza, por isso, sem selvas, sem rios e sem terras saudáveis, não há estabilidade climática, nem economias locais e nacionais”, afirmou. “A crise climática e a perda da biodiversidade são um mesmo problema”, reforçou.
Ao analisar o contexto geopolítico atual, Jassir defendeu uma “verdadeira cooperação internacional” fundamentada na colaboração descentralizada e participativa.
Os Diálogos Autogestionados fazem parte dos esforços brasileiros na Presidência da COP30 para engajar os mais diversos setores da sociedade no combate ao aquecimento global e na viabilização dos meios capazes de transformar compromissos climáticos já assumidos em ações inclusivas e concretas para limitar o aquecimento global a 1,5°C. A ferramenta permite que organizações da sociedade civil, governos locais, instituições religiosas, educacionais, comunidades tradicionais e coletivos de juventude realizem seus próprios encontros em torno do imperativo ético da ação climática.
Cerca de 20 organizações sociais do evento responderam questões que impulsionam a reflexão sobre o compromisso ético que é necessário para que o mundo adote soluções técnicas já disponíveis para enfrentar a mudança do clima e iniciar a transformação ecológica.
BEG
Liderado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, o Balanço Ético Global fortalece o mutirão pela ação climática convocado pela presidência da COP30. O processo resultará em seis relatórios regionais e um relatório-síntese a ser entregue na Pré-COP, em outubro, em Brasília. O documento será submetido à Presidência da COP30 para consideração na formulação das decisões e envio a chefes de Estado e negociadores climáticos.
O BEG ocorre a partir de Diálogos Regionais a serem realizados até outubro em diferentes continentes. O primeiro encontro foi promovido em Londres, em junho deste ano, e representou a Europa. Na ocasião, o papel de colíder foi desempenhado pela ex-presidente da Irlanda, Mary Robinson.
Os próximos diálogos ocorrerão na África, sob a coliderança da ambientalista e ativista queniana Wanjira Mathai; na Ásia, com o ativista indiano e vencedor do Prêmio Nobel da Paz, Kailash Satyarthi; na Oceania, com o ex-presidente de Kiribati Anote Tong ; e na América do Norte, com a estadunidense e fundadora do Center for Earth Ethics, Karenna Gore.
Além dos Diálogos Regionais, o BEG propõe Diálogos Autogestionados, promovidos por organizações da sociedade civil e governos nacionais e subnacionais seguindo a mesma metodologia e princípios do processo central. Em junho, a Presidência da COP30 lançou um guia com orientações práticas, princípios metodológicos e perguntas orientadoras para que qualquer grupo interessado possa organizar um diálogo do BEG local.
Acesse aqui o Guia dos Diálogos Autogestionados, lançado pelo círculo do BEG, em julho deste ano.
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