A Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera dos Estados Unidos (NOAA), um dos principais centros de monitoramento climático do mundo, divulgou que há 71% de chance de ocorrência de La Niña entre outubro e dezembro de 2025. Para o trimestre seguinte, de dezembro a fevereiro, a probabilidade diminui, mas ainda segue significativa, em 54%. A nova projeção representa um aumento expressivo em relação ao mês anterior, quando o órgão trabalhava com chances mais modestas.
Já institutos nacionais de clima como o INMET, o INPE e o CPTEC têm apresentado previsões menos conclusivas quanto à evolução de La Niña para os próximos meses. Segundo boletins recentes, o Brasil permanece em condição neutra de ENOS (El Niño-Oscilação Sul), ou seja, nem El Niño nem La Niña plenamente instalados. Há indícios de resfriamento no Pacífico, especialmente em camadas superficiais e subsuperficiais, o que é compatível com o desenvolvimento de La Niña, mas os modelos brasileiros ainda apontam cenários divergentes: alguns projetam transição para La Niña, outros mantêm neutralidade.
O fenômeno climático conhecido como La Niña ocorre quando as águas do Oceano Pacífico Equatorial ficam mais frias que o normal, alterando a circulação atmosférica em escala global. Na prática, isso muda o regime de chuvas em diferentes partes do planeta. No Brasil, os efeitos costumam ser marcantes: maior volume de chuvas no Norte e no Nordeste, além de risco de estiagens e veranicos no Sul. O El Niño é o oposto — águas mais quentes no Pacífico, que geralmente provocam seca no Norte e Nordeste e chuvas mais intensas no Sul.
Para o produtor rural, esse cenário exige atenção. No Nordeste, o fenômeno pode significar alívio para lavouras dependentes da chuva, aumentando a expectativa de uma safra mais regular. Já no Sul, a preocupação é com períodos de seca, que afetam diretamente culturas como milho e soja, além da pecuária de leite e corte. No Centro-Oeste, os efeitos variam, mas a irregularidade na distribuição das chuvas é um risco constante.
Em anos de La Niña, especialistas recomendam reforçar práticas de manejo de solo, investir em sementes tolerantes ao estresse hídrico e, quando possível, diversificar o calendário de plantio para reduzir a exposição às fases mais críticas da cultura. O produtor não controla o clima, mas pode adotar estratégias que aumentam a resiliência da lavoura diante de um fenômeno que tem potencial de influenciar toda a safra 2025/26.
Fonte: Pensar Agro