O relatório síntese O Ponto de Inflexão do Sistema Florestal Amazônico, publicado pelo Centro de Síntese em Mudanças Ambientais e Climáticas (Simaclim), lança um alerta sobre o futuro da maior floresta tropical do mundo. O documento enfatiza que a Amazônia pode sofrer graves danos, impulsionados por uma combinação de fatores críticos: aquecimento global, desmatamento, degradação e incêndios.
O estudo foi elaborado por uma equipe multidisciplinar e aponta que a floresta enfrenta riscos crescentes de ultrapassar um limite a partir do qual as mudanças se tornam abruptas e irreversíveis no ecossistema. Caso isso ocorra, a Amazônia pode se transformar em uma savana, com consequências catastróficas para o clima global, a biodiversidade e a segurança híbrida e alimentar.
Os pesquisadores concluíram que as atividades humanas estão causando grandes transformações no sistema climático, resultando em temperaturas mais altas e secas mais intensas, com efeitos prejudiciais importantes para natureza e a sociedade.
A coordenadora do relatório, Regina Rodrigues, afirma que, “se a Amazônia atingir o ponto de inflexão, as consequências incluem a redução das chuvas, impacto na produção de alimentos, diminuição da água potável e aumento de doenças”.
De 2000 a 2022, a Bacia Amazônica já perdeu 12% de sua floresta, e cerca de 38% do que resta já apresenta sinais de degradação. O aumento da temperatura na região e a crescente frequência de eventos climáticos extremos, como secas e inundações, que antes ocorriam raramente, agora são comuns e frequentes.
As secas causam estresse no planeta e aumentam a mortalidade de árvores, com cada seca sucessiva ocorrendo em temperaturas ainda mais altas, agravando os impactos sobre o ecossistema. O desmatamento e a degradação florestal limitam a capacidade florestal de se reciclar, o que intensifica as secas na região.
Outro ponto de destaque no relatório são os incêndios porque o fogo representa um grande distúrbio nos ecossistemas florestais que pode contribuir para o estabelecimento de biomas mais secos.
“A preservação da Amazônia é crucial não apenas para o meio ambiente, mas também para a segurança hídrica, alimentar, de saúde, desenvolvimento econômico sustentável e fortalecimento da resiliência, ” explica a coordenadora.
O documento ressalta a urgência de ações coordenadas para evitar a catástrofe. Entre as propostas, o Governo Federal se comprometeu a atingir o desmatamento zero até 2030, reduzir as emissões globais de gases de efeito estufa para limitar o aquecimento global, restaurar áreas degradadas, proteger territórios indígenas e investir em uma bioeconomia sustentável.
De agosto de 2024 a julho de 2025, as áreas sob alerta de desmatamento na Amazônia atingiram 4.495 km², o segundo menor nível da série histórica do sistema Deter do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Em 2024 o desmatamento na Amazônia teve uma queda de 30,6%, enquanto no Cerrado caiu 25,7%. Os dados são do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e representam um recorte entre agosto de 2023 e julho de 2024.