O caso mais recente, que vitimou o médico e pecuarista Ramiro Pereira de Matos, de 67 anos, ainda não foi contabilizado
Entre 2015 e 2025, Mato Grosso do Sul registrou 230 ocorrências envolvendo aeronaves da aviação civil, segundo levantamento do Sipaer (Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos). Do total, 112 foram incidentes, 77 acidentes e 41 incidentes graves. Entre essas ocorrências, 17 foram fatais, resultando em 24 mortes ao longo da década. O caso mais recente, que vitimou o médico e pecuarista Ramiro Pereira de Matos, de 67 anos, ainda não foi contabilizado.
No setor de aviação, os termos “acidente”, “incidente” e “incidente grave” têm definições específicas que ajudam a categorizar cada ocorrência. Acidente é toda ocorrência envolvendo uma aeronave tripulada, desde o momento em que alguém embarca com a intenção de voar até o desembarque, que resulta em morte, lesões graves ou danos significativos à aeronave.
Já o incidente é uma ocorrência ligada à operação da aeronave que afeta ou pode afetar a segurança do voo, mas que não resulta em mortes, lesões graves ou danos significativos. O incidente grave, por sua vez, envolve circunstâncias que indicam um elevado risco de acidente, ainda que não haja vítimas ou danos relevantes. A principal diferença entre incidente grave e acidente está, portanto, nas consequências finais da ocorrência.
Os registros mostram variações ao longo dos anos. Em 2015 e 2016, ocorreram cinco acidentes em cada ano, sendo um deles fatal. Em 2017, foram seis acidentes, dois fatais, resultando em quatro mortes. Em 2018, o número subiu para 11 acidentes, com três deles fatais, totalizando três óbitos. Já em 2019, ocorreram sete acidentes, dois fatais, causando duas mortes.

Causas mais comuns – Nos acidentes, os fatores mais recorrentes foram: perda de controle em voo (15 casos), excursão de pista (11), falha de motor (11) e operações em baixa altitude (11). Já entre os incidentes, 46 deles foram falhas ou mau funcionamento de sistemas; 36 colisões com aves; quatro falhas de motor; quatro excursões de pista e duas perdas de controle no solo.
Nos incidentes graves, 13 envolveram excursões de pista; nove, falhas de motor; sete, falhas de sistemas; sete, perdas de controle no solo; e quatro, operações em baixa altitude.
Fatores contribuintes – Segundo o Sipaer, em 46,3% dos casos em Mato Grosso do Sul, o fator contribuinte foi o desempenho técnico do ser humano (31 ocorrências). Outros 34,3% (23 casos) tiveram como aspecto principal fatores psicológicos. Questões ligadas ao ambiente operacional corresponderam a 9% dos registros; infraestrutura aeroportuária a 4,5%; e manuais técnicos ou “outros” a 1,5% cada.

Entre os acidentes mais lembrados, está o pouso forçado do avião que levava os apresentadores Luciano Huck e Angélica, em maio de 2015. A aeronave EMB-820C Carajá, prefixo PT-ENM, perdeu potência em um dos motores durante a descida para Campo Grande e fez pouso de emergência em uma fazenda em Rochedo. Os dois pilotos e os sete ocupantes tiveram apenas ferimentos leves.
Já em setembro de 2025, duas ocorrências voltaram a chamar a atenção: a queda do avião pilotado pelo médico Ramiro Pereira de Matos, 67 anos, em condições meteorológicas adversas, e outro acidente em Corumbá, registrado dias antes.
A investigação conduzida pela Aeronáutica busca identificar os fatores que contribuíram para o acidente, levantando hipóteses e apontando medidas de prevenção para evitar novas ocorrências. Já a investigação da Polícia Civil tem como objetivo identificar as causas e eventuais responsabilidades.
Fonte: Campograndenews