Nova York – O ministro das Cidades, Jader Filho, iniciou nesta segunda-feira (22) sua agenda em Nova York, paralela à Assembleia Geral das Nações Unidas, destacando a centralidade das cidades no enfrentamento às mudanças climáticas e no processo de preparação da COP30, que será realizada em Belém em 2025. O dia foi marcado por duas participações: o encerramento da mesa-redonda da Presidência da COP30 sobre governança multinível e uma intervenção no evento promovido pela Conferência Nacional da Indústria (CNI) e Bloomberg sobre transição ecológica, economia de baixo carbono e o papel do setor privado.
Na mesa-redonda organizada pela Presidência da COP30, em parceria com a Climate Champions Team e parceiros internacionais, o ministro novamente enfatizou que justiça climática e justiça urbana são indissociáveis. “O denominador comum entre clima e urbanização é um só: as pessoas. Encontrar soluções reais pra cidades sustentáveis é equalizar meio ambiente e desenvolvimento”, afirmou, ao destacar que 70% das emissões globais estão concentradas nos centros urbanos.
Jader Filho defendeu o princípio do federalismo climático, que assegura o protagonismo de estados e municípios nas políticas de mitigação e adaptação, e a ação do Brasil. “Eu sou um defensor incansável de pensarmos meio ambiente e urbanização juntos. É nas favelas, nas periferias, no transporte precário, nos desastres globais que vemos os reais efeitos de um desenvolvimento mundial que nunca foi sustentável”.
A presença brasileira foi também uma oportunidade para propor mudanças no acesso ao financiamento climático. Dados apontam que menos de 10% dos recursos internacionais chegam diretamente aos governos locais, realidade que precisa ser revertida. “Estávamos sempre um passo atrás no quesito clima, gerando ações remediadoras. O que eu acredito é em estarmos 10 passos à frente. A nova realidade é essa, e nós precisamos agir de acordo”, disse o ministro.
- Foto: Elisa Andrade.
CNI, Bloomberg e setor privado
À tarde, Jader Filho integrou a programação do Sustainable Business COP: High-Level Event, realizado na sede da Bloomberg em Manhattan, encontro que reuniu líderes empresariais, governadores e organizações internacionais. O ministro apresentou a experiência brasileira e ressaltou a necessidade de que o setor privado se engaje na mobilização de recursos para adaptação urbana.
Em sua fala, ele relacionou os investimentos já em curso no Brasil às metas de mitigação e adaptação, com destaque para o Novo PAC, com foco em mobilidade urbana, drenagem e descarbonização das edificações. Ele destacou os investimentos para renovação de frota elétrica, expansão de metrôs e corredores de ônibus sustentáveis. Também mencionou ações em saneamento, drenagem e habitação, obras de prevenção a desastres e o programa Periferia Viva, que destina recursos para urbanização de favelas e regularização fundiária. “Em matéria de ação, o Brasil tem feito o dever de casa para conciliar a pauta climática com as demandas urbanas”.
O ministro também chamou atenção para o desafio de descarbonizar o setor da construção civil, responsável por mais de 60% das emissões associadas à produção de materiais como o concreto. Ele defendeu a adoção de métodos construtivos de menor carbono, e o uso de combustíveis limpos, como a biomassa e o hidrogênio verde. Segundo Jader Filho, a meta do Plano Clima é apoiar a construção de 3 milhões de moradias do Minha Casa, Minha Vida com sistemas inovadores e sustentáveis até 2035.
Jader Filho ainda destacou exemplos concretos de soluções sustentáveis, como o projeto de 45 moradias na Ilha do Combu (Belém), do Minha Casa, Minha Vida Rural, que será apresentado como modelo na COP30. “A COP é da Amazônia. A COP é das cidades. A COP é da cidade amazônica. É de Belém, é do Brasil, é pro mundo”, lembrou.
Preparação para Belém
Os compromissos desta segunda-feira reforçam o papel do Brasil como anfitrião da COP30 e buscam consolidar compromissos políticos e financeiros para fortalecer a agenda urbana global. O ministro lembrou que a meta brasileira é reduzir em 67% as emissões de gases de efeito estufa até 2035, sempre com participação ativa de estados e municípios. “O tempo do planeta é ontem,” concluiu.
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Fonte: Ministério das Cidades