Indígenas Guarani-Kaiowá retomam fazenda após impasse em negociações

Foto: Arquivo/Aty Guasu

O grupo havia deixado a propriedade na segunda-feira (22), após intervenção da polícia

Indígenas Guarani-Kaiowá da Terra Indígena Guyraroká, em Caarapó, retomaram nesta tarde de quarta-feira (24) a Fazenda Ipuitã, área sobreposta ao território tradicional. O grupo havia deixado a propriedade na segunda-feira (22), após intervenção da polícia e tentativa de mediação com órgãos federais, mas voltou a ocupá-la diante da falta de avanços nas negociações.

Segundo o missionário do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), Matias Denno Rempel, a comunidade decidiu retornar após perceber que não houve avanço nas negociações. “A Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) e o MPI (Ministério dos Povos Indígenas) chegaram a ir até o local, mas não houve nenhuma decisão concreta sobre o uso do veneno, nem reunião marcada com o proprietário. Isso gerou insegurança entre as famílias”, afirmou.

Conforme Rempel, a situação ficou mais tensa nesta manhã, quando seguranças privados da fazenda teriam abordado dois indígenas que chegavam ao local. Conforme relato da comunidade, os homens tentaram levá-los para a sede da propriedade, mas foram impedidos pelo grupo.

Na sequência, parte dos seguranças fugiu de carro e outros se abrigaram dentro da casa da fazenda. “É muito raro os indígenas entrarem na sede, mas, diante do que ocorreu, eles estão acampados dentro da área e há ao menos um dos seguranças dentro da casa-sede”, relatou Rempel.

Reforço da Força Nacional – Diante da escalada de conflitos em áreas reivindicadas pelos Guarani-Kaiowá, o MPI (Ministério dos Povos Indígenas) solicitou na manhã de hoje aumento do efetivo da Força Nacional em Mato Grosso do Sul.

Nos últimos dias, duas propriedades foram ocupadas no município, a própria Fazenda Ipuitã e outra no Porto Cambira. Em ambos os casos, os indígenas foram retirados por forças policiais, ação que, segundo entidades como o Cimi e a Aty Guasu, teria ocorrido sem mandado judicial.

Em nota divulgada nesta quarta-feira (24), o MPI destacou que o reforço da Força Nacional tem como objetivo garantir a segurança das comunidades durante as retomadas.

Fonte: Campograndenews