Indígenas são expulsos pela segunda vez de fazenda

Foto: Aty Guasu/Divulgação

O grupo deixou a área da sede, mas permanece na fazenda. Não houve feridos

Em menos de 24 horas após retornarem à Fazenda Ipuitã, em Caarapó, os Guarani-Kaiowá da Terra Indígena Guyraroká foram expulsos da sede na manhã de hoje.

Segundo o missionário do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), Matias Denno Rempel, as famílias foram surpreendidas por seguranças armados e pela Tropa de Choque, que teriam feito disparos de arma de fogo. O grupo deixou a área da sede, mas permanece na fazenda. Não houve feridos.

De acordo com Rempel, esta é a segunda vez nesta semana que os indígenas são expulsos do local por ação policial e sem mandado judicial. Na terça-feira (22), eles foram retirados pela polícia, ao mesmo tempo em que a Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) e o MPI (Ministério dos Povos Indígenas) se comprometeram a negociar com o fazendeiro a suspensão do uso de agrotóxicos.

Contra o agrotóxico – Os indígenas alegam que há casos de intoxicação pelo uso do veneno próximo à área ocupada. Por conta da falta de avanço nas negociações, a comunidade retornou ao local na manhã de ontem e expulsou os seguranças, que voltaram à área na manhã de hoje.

Em vídeo enviado pelo Cimi, uma das lideranças afirmou, nesta manhã, que a ação da Polícia Militar para expulsá-los tem sido mais rápida que o suporte oferecido pela Funai e pelo MPI, que estão na cidade de Dourados. A liderança reclama da falta de apoio para a resolução do problema.

A reportagem do Campo Grande News buscou posicionamento do MPI e da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública), mas ainda não obteve resposta. O espaço permanece aberto para a manifestação.

Histórico – Nos últimos dias, duas propriedades foram ocupadas no município: a própria Fazenda Ipuitã e a Porto Cambira. Em ambos os casos, os indígenas foram retirados por forças policiais.

A Terra Indígena Guyraroká teve 11,4 mil hectares reconhecidos como posse indígena pelo Ministério da Justiça em 2009. Em 2014, a Segunda Turma do STF (Supremo Tribunal Federal) anulou a demarcação aplicando a tese do marco temporal, sem consultar a comunidade. Hoje, apenas 50 hectares estão ocupados pelas famílias indígenas.

Fonte: Campograndenews