Censo 2022: Mato Grosso do Sul tem 139 etnias e 48 línguas indígenas

Foto: Mario Vilela/ Funai

Também foram registradas 6.824 pessoas que não sabiam a que etnia pertenciam e 4.141 não declaram etnia.

O IBGE divulgou hoje, dia 24 de outubro, o Censo 2022: Etnias e línguas indígenas – Principais características sociodemográficas – Resultados do universo. A publicação traz estatísticas sobre as diversidades étnica e linguística da população indígena, com indicadores de sexo, idade, alfabetização, registro de nascimento e acesso a saneamento básico, desagregadas segundo as etnias, povos ou grupos indígenas a que pertencem. As informações contemplam os seguintes recortes territoriais: Brasil, Grandes Regiões, Unidades da Federação, Municípios, Amazônia Legal, Amazônia Legal por Unidades da Federação, Terras Indígenas e Terras Indígenas por Unidades da Federação.  

A seguir estão alguns destaques para Mato Grosso do Sul. 

Destaques: 

89,7% das pessoas indígenas de MS declarou pertencer a alguma etnia; 

Miranda e Dourados são as cidades com maior número de Etnias, povos ou grupos indígenas; Guarani Kaiowá e Terena são as etnias com maiores populações em MS; 

População Guarani Kaiowá é mais jovem que população terena; 

População Guarani Kaiowá é também maioria na maior Terra Indígena do estado; 

O Censo 2022 apontou 48 línguas indígenas faladas em Mato Grosso do Sul. Em 2010 eram 37 línguas  indígenas; 

As três línguas com maior número de falantes no estado são Guarani Kaiowá, Terena e Guarani  Nhandeva; 

Mais da metade (52,8%) dos indígenas de 2 anos ou mais de idade em MS falavam íngua indígena no  domicílio; 

76,8% da população indígena do estado falavam português no domicílio; 

Entre 2010 e 2022 houve um aumento de falantes de língua indígena entre as pessoas indígenas com  cinco anos ou mais de idade, porém percentualmente houve redução de 62,4% em 2010 para 52,6%; 

Taxa de alfabetização de indígenas que falam português e alguma língua indígena é maior (88,7%). 

89,7% das pessoas indígenas de MS declarou pertencer a alguma etnia 

Das 116.469 pessoas que se declararam indígenas em MS, 103.742 declararam pertencer a uma etnia e 792, a duas. Com isso, o total de pessoas que declarou pertencer pelo menos uma etnia ficou em 104.534 pessoas. Também foram registradas 6.824 pessoas que não sabiam a que etnia pertenciam e 4.141 não declaram etnia. Além delas ,também houve 649 casos de etnia mal definida. 

No Brasil, foram registradas 391 etnias, número maior que as 305 registradas em 2010. Em MS, foram registradas 139 etnias em 2022, 60 a mais que as registradas em 2010 (79). Na comparação com outras UFs, MS fica em 15º em número de etnias.

Gráfico 1 – Número de Etnias, povos ou grupos indígenas por UF – 2022 

Fonte: IBGE – Censo 2022 – Resultados do Universo 

Miranda e Dourados são as cidades com maior número Etnias, povos ou grupos indígenas registradas 

Dentre os municípios de MS, Miranda registrou o maior número de Etnias, povos ou grupos indígenas registradas (11), seguida de Dourados (10) e Aquidauana (9). Os dez municípios com maior número de etnias registradas estão no quadro. 

Quadro 1 – Número de Etnias, povos ou grupos indígenas por município – 2022 – MS 

Município Etnia, povo ou grupo indígena
Miranda (MS) 11
Dourados (MS) 10
Aquidauana (MS) 9
Dois Irmãos do Buriti (MS) 8
Amambai (MS) 8
Sidrolândia (MS) 6
Japorã (MS) 6
Itaporã (MS) 6
Paranhos (MS) 5
10 Nioaque (MS) 5

Fonte: IBGE – Censo 2022 – Resultados do Universo

Guarani Kaiowá e Terena são as etnias com maiores populações em MS 

A Etnia, povo ou grupo indígena mais declarada pelas pessoas foi a Guarani Kaiowá (44.575), seguida da Terena (42.492) e Guarani (7.583). As dez identificações mais fornecidas estão no quadro. 

Quadro 2 – Pessoas por etnia, povo ou grupo indígena – 2022 – MS (Pessoas) 

EtniaLocalização e situação do domicílio
Total Em terras indígenasFora de terras indígenas – urbanaFora de terras indígenas – rural
84.3. Guarani Kaiowá 44.575 35.070 5.439 4.066
276. Terena 42.492 21.114 19.322 2.056
84.2. Guarani 7.583 5.456 1.858 269
84.5. Guarani Nhandeva 5.968 5.463 166 339
105. Kadiwéu 2.402 1.253 1.027 122
86. Guató 407 136 248 23
159. Kinikinau 307 180 111 16
55. Bororo 236 226 9
84.4. Guarani Mbya 177 60 33 84
10 41. Atikum 136 73 59 4

Fonte: IBGE – Censo 2022 – Resultados do Universo 

Entre os Guarani Kaiowa, a maioria vive em Terras Indígenas (78,7%), ficando apenas 12.2% fora de Terras Indígenas (TI) e em área urbana. Entre os Terena, a situação fica diferente. A maior parte mora fora de TIs (50,31%). Dentro de Tis, moram 21.114 pessoas (49,69%). Dentre os que moram fora de TIs, 90,4% (19.322) moram em áreas urbanas. Os demais dados podem ser vistos no quadro. 

População Guarani Kaiowá é mais jovem que população terena 

O perfil de idade dos Guarani-Kaiowá mostra uma pirâmide etária tradicional, com a base mais larga, mas com uma maior largura entre os jovens de 15 a 19 anos. Já os Terena têm o maior grupo entre as crianças de 05 a 09 anos. Porém, a distribuição da pirâmide é mais homogênea. 

Gráfico 2 – Pirâmides Etárias dos Guarani Kaiowá e dos Terena – 2022 – MS (Pessoas) 

Fonte: IBGE – Censo 2022 – Resultados do Universo

População Guarani Kaiowá é também maioria na maior Terra Indígena do estado 

A maior Terra Indígena (TI) de MS é a TI Dourados, com 13.473 pessoas indígenas residentes.  

A maioria dos moradores (41,6%) se declarou Guarani-Kaiowá (6.858 pessoas), seguida das pessoas que se declararam Terena (3.432) e dos Guarani (3.149 pessoas). A segunda maior TI é a Amambai, na qual vivem 6.861 pessoas indígenas. A maior parte destas se declarou Guarani-Kaiowá (6.767), seguida de Guarani-Nhandeva (67). 

A língua indígena mais falada em MS é o Guarani Kaiowá 

Na investigação das línguas no Censo Demográfico 2022, em relação às pessoas indígenas com 2 anos ou mais de idade, poderiam ser referidas até três línguas faladas ou utilizadas no domicílio. 

Os resultados censitários apontam para 48 línguas indígenas faladas em Mato Grosso do Sul ou utilizadas no domicílio por pessoas indígenas com dois anos ou mais de idade (desconsiderando as línguas classificadas como “Mal definidas”, “Não determinadas”, “Não sabe”, “Sem declaração”, “Outra língua das Américas”, e não especificadas). Em 2010, esse quantitativo era de 37 línguas indígenas. Nas Terras Indígenas do estado, foram declaradas 20 línguas faladas em 2022. 

As três línguas com maior número de falantes no estado são: Guarani Kaiowá (37.755); Terena (9.063) e Guarani Nhandeva (5.559). 

Nas Terras Indígenas do estado, foram declaradas 20 línguas faladas em 2022. 

Quadro 3 – Pessoas indígenas de 2 anos ou mais de idade, por língua indígena falada ou utilizada no domicílio – 2022 – MS (Pessoas) 

Língua indígena Pessoas
Guaraní Kaiowá 37.755
Terena 9.063
Guarani Nhandeva 5.559
Guarani 4.747
Kadiwéu 887

Fonte: IBGE – Censo 2022 – Resultados do Universo

No Censo Demográfico 2022, 58.901 (52,6%) pessoas indígenas com 2 anos ou mais de Mato Grosso do Sul falavam ou utilizavam línguas indígenas no domicílio, sendo 44.061 delas em Terras Indígenas, o que corresponde a 74,8% do total de indígenas falantes e a 64,2% da população indígena em Terras Indígenas. 

Mais de 75% dos indígenas de Mato Grosso do Sul falam português no domicílio 

O total de 85.922 pessoas indígenas de 2 anos ou mais de idade de Mato Grosso do Sul utilizavam o português no domicílio, em 2022, o que corresponde a 76,8% da população indígena do estado. Nas Terras Indígenas, o percentual de falantes do português era de 64,4% (42.203). Fora de Terras Indígenas, o português era falado por 43.719 pessoas indígenas, sendo 38.510 em situação urbana e 5.209 em situação rural. Em termos percentuais, os falantes de português fora de Terras Indígenas eram de 98,01% em situação urbana e 74,3% em situação rural.

Gráfico 3 – Percentual de pessoas indígenas de 2 anos ou mais de idade, por situação de falar português no domicílio, segundo a localização e a situação do domicílio – 2022 – MS (%) 

98,00% 

76,80% 

64,40% 

35,3% 

22,6% 

1,1% 

74,30% 

24,9% 

0,5% 0,3% 0,9% 0,8% 

Total Em terras indígenas Fora de Terras Indígenas  – urbana 

Falavam Não falavam Ignorado

Fonte: IBGE – Censo 2022 – Resultados do Universo 

Fora de Terras Indígenas  – rural 

Em relação ao uso do português no domicílio entre as pessoas de 5 anos ou mais anos em Terras Indígenas, houve variação positiva dos falantes de português nos domicílios, que passaram de 29.693 (58,6%) em 2010 para 39.440 (64,7%) em 2022. 

“O avanço do português nas Terras Indígenas é um destaque dos resultados desse Censo. O principal fator é certamente a necessidade crescente de uso do português em necessidades da vida social, como estudo e trabalho, muitas vezes com deslocamento para áreas urbanas, ou com avanço da urbanização sobre as Terras Indígenas. A ausência de políticas educacionais específicas que garantam o ensino em línguas indígenas contribui decisivamente para esse cenário. Fatores históricos são relevantes, pois em muitas situações, por racismo e discriminação, os indígenas foram obrigados a deixar de utilizar as suas línguas no cotidiano e em espaços públicos, substituindo-as pelo português, o que impacta também o uso no domicílio. Apesar disso, esse Censo revelou também que, apesar da ampliação do uso do português, houve crescimento de falantes de línguas indígenas, seja por razões demográficas, seja pelo fortalecimento do uso das línguas pelos indígenas, por meio de ações de revitalização e de fomento da educação bilíngue”, explicou Fernando Damasco, pesquisador da Coordenação de Pesquisas com Povos e comunidades tradicionais. 

Entre 2010 e 2022 houve um aumento de falantes de língua indígena entre as pessoas indígenas com cinco anos ou mais de idade, passando de 41.174 para 55.089 falantes. Contudo, percentualmente ocorreu uma redução de falantes de línguas indígenas no domicílio entre 2010 (62,4%) e 2022 (52,6%). Em Terras Indígenas, por outro lado, ampliou-se o peso de falantes de língua indígena, passando de 57,35%, em 2010, para 63,22%, em 2022. 

Taxa de alfabetização de indígenas que falam português e alguma língua indígena é maior (88,7%) 

Dentre as 221.225 pessoas indígenas sul-mato-grossense, de 15 anos ou mais de idade, 41.062 são falantes de língua indígena, sendo 83,3% desses falantes alfabetizados (34.210 pessoas). Taxa de alfabetização inferior à das pessoas indígenas como um todo, que é de 86,6% em 2022. 

Comparando as taxas de analfabetismo das pessoas indígenas de 15 anos ou mais de idade, por condição de falar língua indígena e português no domicílio, a mais elevada é a de pessoas indígenas com 15 anos ou mais de idade que falam apenas línguas indígenas no domicílio, com 22,8%, seguida das que falam apenas o português no domicílio, com 12,3%, e aqueles que não falam nem língua indígena e nem português no domicílio, com 11,6%. 

Os indígenas que falam língua indígena e português têm a taxa de alfabetização mais elevada, com 88,7%. A taxa de analfabetismo das pessoas indígenas de 15 anos ou mais de idade, no estado, ficou em 13,4% 

Mais informações: 

https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/44848-censo-2022-brasil-tem-391-etnias-e-295-linguas-indigenas

Fonte: IBGE