Duas pesquisadoras do INMA estão entre os cientistas mais atuantes em trabalhos que influenciam políticas públicas no mundo

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Duas cientistas do Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA), unidade de pesquisa vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), estão entre os 107 estudiosos mais recorrentes em trabalhos que embasam decisões estratégicas em todo o mundo. O levantamento foi feito com base nos dados da plataforma internacional Oventen sobre produções científicas citadas em documentos que auxiliam na construção de políticas públicas. O INMA é responsável por estudos sobre o bioma, a restauração e o uso sustentável da mata atlântica.

A pesquisadora Juliana Hipólito teve 12 artigos citados em 204 documentos consultados no levantamento. Ela é formada em ciência biológica, com mestrado e doutorado em ecologia e biomonitoramento pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Juliana atua especialmente nos temas polinização, conservação, ciência cidadã e análises espaciais. Atualmente, ela também integra o Comitê Gestor da Rede Brasileira de Interações Planta-Polinizador.

A pesquisadora do INMA comenta sobre a importância desse reconhecimento. “É uma grande honra estar nesse ranking, especialmente ao lado de pesquisadores que são grandes referências para mim. É muito bom quando vemos que o nosso trabalho tem o potencial de gerar impacto na sociedade, auxiliando na construção de políticas públicas”, afirma Juliana.

Com extensa citação no levantamento, a professora da UFBA Blandina Felipe Viana teve 27 artigos citados em 256 documentos. Formada em ciências biológicas e engenharia agronômica, com mestrado e doutorado em ecologia pela Universidade de São Paulo (USP), atualmente, ela integra o Conselho Técnico-Científico do INMA. Blandina atua nas áreas de conservação e uso sustentável de polinizadores e de polinização, práticas agrícolas baseadas na natureza, ecologia aplicada à gestão ambiental e ciência cidadã.

A pesquisadora Blandina Felipe Viana avalia que é preciso também encontrar formas de rastrear o impacto da pesquisa científica nas políticas públicas implementadas no país. “No Brasil, a gente ainda não tem bons mecanismos para acompanhar o impacto da nossa produção científica nas decisões nacionais. A gente não tem aqui uma cultura consolidada de reconhecer e citar essas fontes. Isso não significa que esse conhecimento que a gente está gerando não esteja sendo aplicado, mas que a gente ainda precisa encontrar formas de tornar esse processo mais visível” afirma Viana.

O estudo da Agência Bori indica que 107 pesquisadores brasileiros embasaram mais de 33 mil documentos de políticas públicas desde 2019, reforçando a importância da ciência nacional. Para a jornalista e cofundadora da Agência Bor, Sabine Righetti, o resultado aponta a importância do estudo divulgado. “Esse tipo de levantamento é muito importante porque mostra a incidência do trabalho dos cientistas na sociedade, a circulação real do conhecimento científico impactando a tomada de decisão”, afirma Righetti.

A participação feminina na ciência brasileira

O relatório da Agência Bori expõe um dado que merece atenção: a lista dos 107 cientistas conta com apenas 22 mulheres, o que corresponde a 20,5% do total. Essa distribuição é ainda mais desigual em áreas tradicionalmente estratégicas, como clima, atmosfera e energia, onde a presença feminina entre os destaques é nula.

Os números revelam barreiras a serem enfrentadas, mesmo com a produção científica feminina reconhecida mundialmente. Com o objetivo de enfrentar essa desproporção, o MCTI promove iniciativas como o Prêmio Mulheres e Ciência. A ideia é promover equidade, diversidade e visibilidade à participação feminina na área, com prêmios em dinheiro de R$ 5 mil a R$ 50 mil para as vencedoras. A 2ª edição da premiação está com inscrições abertas até 24 de novembro de 2025.

Fonte: Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação