Dados do IPIE mostram centralização regional no repasse do beneficio federal principalmente para os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Rio Grande do Sul
A análise dos dados referentes a aplicação dos recursos do Programa Bolsa Atleta para a modalidade de tiro esportivo revela a importância do financiamento direto ao esportista para sustentar a presença brasileira na modalidade olímpica ao longo da última década.
De acordo com levantamento realizado pelo Instituto de Pesquisa Inteligência Esportiva da Universidade Federal do Paraná (IPIE/UFPR), entre 2010 e 2022, o tiro esportivo recebeu 3.038 bolsas, totalizando R$ 41.837.940,00, aparecendo como uma das principais fontes de apoio contínuo aos atletas dessa modalidade.
Quando considerado a distribuição de benefícios por estado é possível observar uma concentração nas regiões Sul e Sudeste, com São Paulo liderando os repasses com R$ 9,2 milhões (565 bolsas), Rio de Janeiro em segundo lugar com R$ 7,5 milhões (515 bolsas), Rio Grande do Sul em terceiro lugar com R$ 4,1 milhões (286 bolsas) e Santa Catarina em quarto lugar com R$ 3,9 milhões (297 bolsas).
Esses estados contam com estruturas de alto rendimento e maior capacidade de inserção em competições nacionais. Já as regiões Norte e parte do Nordeste apresentam baixa participação como nos casos do Amazonas, Roraima, Rondônia e Tocantins, que somam entre 1 e 4 bolsas ao longo de toda a série histórica. Isso evidencia desigualdades estruturais e pouca interiorização da modalidade.
Contudo, o Brasil possui uma trajetória histórica importante no tiro esportivo, sendo a modalidade responsável pelas primeiras medalhas olímpicas do país, conquistadas em 1920.
Embora a presença brasileira nas modalidades rifle e pistola não seja constante entre os primeiros colocados, o país construiu ao longo dos anos uma base competitiva, revelando atletas como Felipe Wu, medalhista olímpico na pistola de ar 10 m nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016.
Para o Campeonato Mundial de Tiro Esportivo deste ano, realizado entre os dias 6 e 18 de novembro no Cairo, capital do Egito, a expectativa para a equipe brasileira é de consolidação e amadurecimento técnico.
Philipe Chateaubrian, na pistola de ar 10 m, pode alcançar classificações expressivas e eventualmente brigar por uma vaga em finais. Embora um pódio ainda seja um cenário desafiador, a projeção para o Brasil nessa edição do Mundial indica desempenho crescente, com chance concreta de consolidar uma presença competitiva no cenário internacional.
A análise dos principais atletas contemplados pelo Bolsa Atleta ao longo dos anos também reforça a existência de um núcleo reduzido de alto rendimento. Atletas como Felipe Wu (13 bolsas), Cassio Rippel (10 bolsas), Philipe Chateaubrian (7 bolsas ) e Eduardo Sampaio (7 bolsas) representam a elite técnica da modalidade e concentram grande parte dos resultados expressivos do Brasil nos principais campeonatos.
Vale destacar que Felipe Wu é o único com presença constante na categoria Pódio, refletindo sua relevância internacional após a medalha olímpica de 2016.
De modo geral, os dados examinados pelo Instituto Inteligência Esportiva demonstram que o Programa Bolsa Atleta cumpre um papel importante no desenvolvimento do tiro esportivo brasileiro, permitindo a participação internacional contínua e oferecendo estabilidade aos atletas de alto rendimento.
Além disso, a distribuição por categoria evidencia o perfil técnico da modalidade. A maioria das bolsas está concentrada na categoria Nacional, são 2.533 bolsas (R$ 28,1 milhões) indicando que grande parte dos atletas brasileiros do tiro se mantém em níveis intermediários de competição.
Números do Programa Bolsa Atleta

Número de Bolsas por estado

Por dentro da modalidade
O tiro esportivo é uma modalidade baseada em precisão, controle emocional e domínio técnico. A prática envolve o uso de armas – como carabinas, pistolas ou rifles – para acertar alvos estacionários ou móveis, a diferentes distâncias, seguindo rigorosas normas de segurança.
O esporte exige elevada concentração, estabilidade corporal, controle respiratório e tomada de decisão rápida. As provas são divididas por tipo de arma, distância, posição de tiro (em pé, joelhos, deitado) e categoria masculina, feminina ou mista. Entre as principais modalidades olímpicas estão carabina de ar 10m, pistola de ar 10m, carabina 3 posições 50m e skeet/trap no tiro ao prato.
Fonte Assessoria de Comunicação


