O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) anunciaram, na última segunda-feira (17/11), durante a COP30, o lançamento do programa Coopera+ Amazônia. A iniciativa é voltada para fortalecimento da inovação gerencial e produtiva de 50 cooperativas extrativistas que atuam nas cadeias do babaçu, açaí, castanha e cupuaçu.
A expectativa é de que seja mobilizado um total de R$ 107,2 milhões, sendo R$ 103,5 milhões do Fundo Amazônia, coordenado pelo MMA e gerido pelo BNDES. Além disso, são previstos R$ 3,7 milhões do Sebrae. A execução do programa ocorrerá em cinco estados da Amazônia Legal (Pará, Rondônia, Maranhão, Amazonas e Acre) pelo período de 48 meses.
O lançamento do programa ocorreu no Pavilhão do BNDES na Green Zone e foi marcado pela assinatura da carta de elegibilidade do projeto. A cerimônia contou com a participação do vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin; dos ministros do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), Paulo Teixeira, e do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, Márcio França; da secretária nacional de Bioeconomia, Carina Pimenta; do presidente do Sebrae, Décio Lima; da presidente da Embrapa, Silvia Massruhá; e da diretora socioambiental do BNDES, Tereza Campello.
Estruturado pelo Sebrae em parceria com o MDIC, o Coopera+ Amazônia tem como objetivo aprimorar a gestão, elevar a produtividade, ampliar mercados e incorporar tecnologias que fortaleçam a bioeconomia amazônica. Entre as ações previstas estão consultorias, capacitações, assistência técnica, extensão rural e aquisição de máquinas para reduzir a penosidade do trabalho extrativista e agregar valor aos produtos.
“Quando a gente sonha sozinho, é só um sonho. Mas quando nós sonhamos juntos, é o início de uma nova realidade. O associativismo é extremamente importante. Com o cooperativismo, a gente ganha escala. Cooperativismo é um instrumento importante para reduzir custos, ganhar mercado e melhorar a renda. E esse programa vai ser feito com as cooperativas para atender mais de 3,5 mil famílias e as cadeias da região”, afirmou Alckmin.
Carina Pimenta defendeu a importância de ações que contribuam para fortalecer alternativas de renda para povos e comunidades tradicionais. “Eles cuidam das nossas florestas, eles preservam nossos serviços ecossistêmicos e eles precisam de um plano integrado de desenvolvimento que leve em conta as suas características, a forma como convivem com a natureza, a forma como produzem. E eu acho que é isso que nós estamos buscando entregar aqui com este projeto”.
A diretora socioambiental do BNDES, Tereza Campello, destacou a importância das iniciativas apoiadas pelo Fundo Amazônia. “Nós temos uma emergência climática que nos obriga a acelerar os processos, a gerar mais impacto, a garantir escala no que nós estamos fazendo. E ao mesmo tempo nós temos organizações envolvidas com o crime ambiental muito mais estruturadas no nosso planeta, exigindo da gente também uma mudança de patamar. Nós estamos exatamente respondendo a essa necessidade urgente. O projeto que a gente está anunciando hoje, o Coopera+ Amazônia, se insere nesse contexto”.
A estratégia inclui a criação de um Escritório de Negócios Territorial para apoiar múltiplas cooperativas na expansão comercial, no fortalecimento de marcas e no acesso a novos mercados. Também está prevista a atuação dos Agentes Locais de Inovação para Cooperativas (ALICoop), bolsistas selecionados pelo Sebrae que acompanharão a implantação de melhorias tecnológicas e gerenciais. O projeto incorpora ainda um catálogo produzido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) sobre tecnologias e equipamentos adequados às cadeias da sociobiodiversidade, ampliando o potencial de mecanização no setor.
Para Décio Lima, o projeto representa um marco para o desenvolvimento sustentável da região. “Cada cooperativa receberá um ticket médio de R$ 2 milhões em consultorias, formações, assistência técnica e equipamentos. Além disso, vamos estruturar um Escritório de Negócios Territorial para ampliar comercialização e agregar valor às cadeias do babaçu, do açaí, da castanha e do cupuaçu. A iniciativa fortalecerá mais de três mil famílias que vivem e preservam a floresta, com atenção especial às mulheres quebradeiras de coco no Maranhão e às comunidades extrativistas do Pará e de Rondônia. O objetivo é avançar para uma sociedade mais justa e integrada à natureza, guiada pelos valores das pessoas e da vida”, explicou.
Entre os resultados esperados estão aumento da produtividade, crescimento do valor agregado dos produtos, elevação do faturamento, expansão do número de cooperados, redução e reaproveitamento de resíduos do extrativismo e aumento da renda das cerca de três mil famílias atendidas. A iniciativa fortalece modelos de negócio que preservam a floresta e oferecem alternativas econômicas ao desmatamento.
Rentabilidade
O ministro Paulo Teixeira destacou o potencial do programa. “O que nós estamos incentivando agora é a recuperação da cobertura florestal de áreas degradadas por meio de florestas produtivas. O açaí tem uma rentabilidade 10 vezes maior que a pecuária, cinco vezes maior que a soja. E aí é importante dizer que não é monocultura. O consórcio dessas espécies pode dar uma renda muito substantiva aos agricultores da floresta. Há boas experiências a serem conhecidas”.
A presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, explicou que o catálogo de tecnologias e equipamentos subsidiará a elaboração de estratégias para fomentar a bioeconomia local. Ele já está disponível e ainda será atualizado. Silvia acrescentou ainda que outra ação sob responsabilidade de empresa é o desenvolvimento de um observatório digital, por meio do qual será feito um monitoramento e levantamento de informações que contribuam para a melhora no sistema de produção.
“A ciência é a voz que a gente precisa levar para o mundo todo, porque ela permite que a gente possa produzir mais, mas conservar ao mesmo tempo. A preservação do meio ambiente é essencial para garantir a qualidade de vida das pessoas e do planeta. E é esse nosso compromisso”, disse.
De acordo com o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, o Coopera+ Amazônia impulsiona o cooperativismo e amplia a competitividade da bioeconomia na região. “O projeto fortalece o cooperativismo na Amazônia e dinamiza as cadeias produtivas da sociobiodiversidade, beneficiando diretamente as populações que vivem da floresta em pé ao mesmo tempo em que desenvolve economicamente a região”, afirmou.
Fundo Amazônia
Criado em 2008, o Fundo Amazônia consolidou-se como o principal mecanismo de cooperação internacional para o clima no Brasil, combinando proteção florestal, desenvolvimento sustentável e melhoria da qualidade de vida na Amazônia Legal. A partir da retomada das doações em 2023, após quatro anos de paralisação, o Fundo entrou em uma fase de expansão sem precedentes.
O número de doadores passou de três para dez, com a entrada da União Europeia, Suíça, EUA, Reino Unido, Dinamarca, Irlanda e Japão. Esses novos parceiros se somam aos contribuintes históricos, Noruega e Alemanha, além da Petrobras. Essa ampliação demonstra a confiança internacional no modelo de governança MMA-BNDES, baseado em transparência, resultados comprovados e forte participação social.
Desde sua criação, o Fundo Amazônia beneficiou aproximadamente 260 mil pessoas, apoiou 144 projetos e fortaleceu mais de 600 organizações comunitárias em toda a região. A iniciativa já alcançou 75% dos municípios da Amazônia Legal e contratou R$ 1,6 bilhão adicionais apenas no período pós-retomada, entre 2023 e 2025.
Os recursos do fundo impulsionam ações de combate ao desmatamento, de gestão territorial e fortalecimento institucional, de bioeconomia e cadeias produtivas sustentáveis, além de iniciativas de geração de renda. Também apoiam a proteção de povos indígenas e comunidades tradicionais e ampliam investimentos em monitoramento, pesquisa e inovação ambiental.
O fundo é coordenado pelo MMA e operacionalizado pelo BNDES, contribuindo diretamente para o cumprimento das metas climáticas brasileiras, dos compromissos do Acordo de Paris e dos objetivos do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm).
(com informações da Agência BNDES de Notícias)
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