Brasil defende relação responsável entre energia renovável e proteção à biodiversidade

“A melhor escolha para o clima, em termos de energia renovável, também precisa ser a melhor escolha para a biodiversidade”, afirmou a secretária Nacional de Biodiversidade, Florestas e Direitos Animais do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), Rita Mesquita, durante mesa dedicada às espécies migratórias realizada na última segunda-feira (17/11) na COP30, em Belém (PA). Para ela, é essencial que as decisões globais sobre transição energética considerem salvaguardas para proteger rotas migratórias terrestres, aquáticas e aéreas, fortemente afetadas por diferentes modelos de energia.

O debate organizado pelo governo do Brasil e pelo Secretariado da Convenção sobre Espécies Migratórias (CMS) marcou um passo importante para alinhar as agendas de clima e biodiversidade em um ano estratégico, em que o Brasil preside a COP30 e sediará, em março de 2026, a COP15 da CMS, em Campo Grande, no Pantanal.

Rita Mesquita destacou que, embora essenciais para enfrentar a crise climática, algumas fontes renováveis, como a energia eólica e grandes hidrelétricas, podem representar ameaças diretas às rotas migratórias de diversas espécies. “É possível ter energia renovável com todas as salvaguardas necessárias para a biodiversidade. Precisamos fazer escolhas que atendam de forma sinérgica às duas convenções, porque esses caminhos podem ser compatíveis”, afirmou.

A secretária lembrou ainda que o Brasil é um dos países mais importantes do mundo para a conservação de espécies migratórias. Ela citou os grandes bagres amazônicos, que realizam uma das mais longas migrações registradas no planeta, percorrendo cerca de 14 mil quilômetros entre a foz do Rio Amazonas e as cabeceiras nos Andes.

Durante o evento, representantes do Brasil, de organismos internacionais e de países membros destacaram os avanços da CMS na integração entre clima e biodiversidade, incluindo a importância da restauração e da conectividade ecológica, das avaliações de vulnerabilidade e do planejamento energético sustentável. O Task Force de Energia da CMS, liderado pelo Brasil, foi apontado como referência global para orientar investimentos em energias renováveis sem comprometer habitats essenciais para a fauna migratória.

O painel reforçou a relevância da COP15 CMS — que será realizada no Pantanal, região altamente sensível a incêndios e secas agravadas pela mudança do clima — como oportunidade histórica para que o Brasil lidere soluções integradas, baseadas em ciência e cooperação internacional.
A presidência da CMS será oficialmente transferida para o Brasil no último dia da COP15, fortalecendo o papel do país nas negociações globais pelos próximos três anos.

Participaram ainda da mesa o ministro de Ecologia, Proteção Ambiental e Mudança do Clima da República do Uzbequistão, Aziz Abdukhakimov, que exerce a presidência da CMS. O presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio,) Mauro Pires, a reitora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Camila Celeste Brandão Ferreira, entre outros.

Sobre a COP 15 da CMS

A COP15 é o principal fórum de decisão da CMS, tratado da ONU criado em 1979 no âmbito do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). A convenção promove cooperação internacional para proteger espécies que se deslocam entre países, fortalecendo a conectividade ecológica e a conservação de ecossistemas compartilhados.

O Brasil é signatário da CMS desde 2015 e desempenha papel de liderança em acordos e iniciativas como o Plano Nacional para Albatrozes e Petréis (Planacap), o MoU Pastizales, o MoU Sharks e a Iniciativa Onça-Pintada.

Sob o tema “Conectando a Natureza para Sustentar a Vida”, a identidade visual da COP 15 CMS expressa a conexão entre espécies, ecossistemas e povos — conceito que orientará as discussões do encontro.

Assessoria Especial de Comunicação Social do MMA
[email protected]
(61) 2028-1227/1051
Acesse o Flickr do MMA

Fonte: Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima