Os debates do Pavilhão Brasil na Zona Verde da COP30, na última quarta-feira (19/11), evidenciaram a diversidade de agendas que conectam justiça climática, proteção de territórios, manejo integrado do fogo, bioeconomia e novos modelos de financiamento para uma transição justa. Ao longo do dia, os auditórios Jandaíra e Uruçu reuniram especialistas, autoridades e lideranças sociais para discutir desafios e soluções que reforçam o papel do país no enfrentamento da crise climática.
No auditório Jandaíra, a programação abordou temas como vulnerabilidade climática em áreas rurais, convivência com o Semiárido e alternativas de financiamento para a economia verde. À tarde, ganharam destaque debates sobre direitos territoriais, sistemas subnacionais de REDD+ e políticas de prevenção e resposta aos incêndios florestais, incluindo um olhar aprofundado sobre o Manejo Integrado do Fogo (MIF).
Organizado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), o painel “Incêndios Florestais e Mudança do Clima: da prevenção à ação global” foi mediado pelo secretário extraordinário de Controle de Desmatamento e Ordenamento Ambiental Territorial da pasta, André Lima, que destacou o impacto dos incêndios de 2024 sobre os índices de conservação ambiental.
“Se não fossem os incêndios do segundo semestre de 2024, teríamos registrado a menor taxa de desmatamento da Amazônia desde 1988. Isso mostra a magnitude do impacto dos incêndios na nossa meta de desmatamento zero até 2030.”
Para enfrentar a situação, o governo fortaleceu medidas estruturantes, incluindo a edição de sete medidas provisórias para aprimorar a legislação e melhorar a contratação de brigadistas, além de R$ 1,5 bilhão investidos em ações de prevenção e combate. A aprovação da Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo e a criação do Comitê de Manejo Integrado do Fogo ampliaram a articulação entre órgãos públicos, comunidades locais e povos tradicionais.
“O governo brasileiro vem implementando um conjunto significativo de medidas para fortalecer a resposta ao fogo. Cumprimento aqui os brigadistas presentes, que estão na linha de frente”, afirmou.
Avanços e desafios do Manejo Integrado do Fogo
Na sequência, o painel “Avanços e desafios na implementação do Manejo Integrado do Fogo (MIF)”, também do MMA, aprofundou discussões sobre o uso controlado do fogo, prevenção de incêndios e valorização de práticas tradicionais. A moderação foi da diretora de Ciências do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), Ane Alencar. “O mundo inteiro discute redes integradas de manejo, porque proibir o fogo não basta. É preciso ordená-lo e governá-lo”, pontuou.
O presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rodrigo Agostinho, enfatizou que o país vive um momento decisivo para institucionalizar o MIF como política pública. Ele lembrou que a aprovação da Lei nº 14.944/2024 começou a romper preconceitos históricos sobre o uso técnico do fogo, muitas vezes associado a crimes ambientais. “Mesmo com o agravamento climático, estamos conseguindo institucionalizar o que precisa ser feito”, disse.
Justiça racial, feminismo e soluções comunitárias
Enquanto isso, o auditório Uruçu concentrou debates sobre justiça racial, feminismo, protagonismo indígena feminino, turismo comunitário e transição energética. A Coalizão Negra por Direitos, a Associação das Mulheres Yanomami Kumirayoma e movimentos feministas internacionais destacaram a centralidade do bem viver e o papel das mulheres como guardiãs de territórios.
À tarde, as agendas avançaram sobre turismo de base comunitária, inovação em biocombustíveis, experiências do Programa REM/MT e os impactos do racismo ambiental sobre cadeias como a pesca artesanal.
Um dos pontos altos foi o painel “Economia Feminista para a Justiça Climática”, mediado por Sônia Coelho, representante da Marcha Mundial das Mulheres. O debate mostrou como práticas econômicas desenvolvidas por mulheres — como o cuidado, a agroecologia, a economia solidária e a autogestão — são fundamentais para enfrentar desigualdades e proteger territórios. “O cuidado é trabalho e precisa ser redistribuído entre Estado, famílias e empresas. Sem políticas públicas de cuidado e sem autonomia econômica das mulheres, não haverá justiça climática”, reforçou a representante do Ministério das Mulheres, Rosane Silva.
Veja aqui a programação completa do Pavilhão Brasil na Zona Verde.
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