Plantio: Mato Grosso sofre com a seca e outras regiões têm chuva até demais

Enquanto Mato Grosso — maior produtor brasileiro de grãos — enfrenta dias de paralisação no plantio por causa do excesso de calor seguido de chuvas irregulares, outras regiões do país mantêm o ritmo das operações e ajudam a evitar um atraso mais amplo na temporada.

Produtores do Centro-Oeste relatam que, em muitas áreas, a combinação de alta temperatura, baixa umidade e precipitações concentradas em curtos intervalos prejudicou a emergência das lavouras e forçou o replantio de parte dos talhões. A instabilidade trouxe preocupação justamente no momento em que o estado costuma puxar o andamento nacional da safra.

Em 30 dias, a região acumulou apenas 18 milímetros de chuva, o que comprometeu o desenvolvimento das lavouras. Segundo levantamento do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), o plantio da safra 2025/26 de soja em Mato Grosso atingiu 96,36% da área até o dia 14 de novembro. O índice representa avanço de 10,68 pontos percentuais na semana, mas segue 2,62 pontos abaixo do desempenho observado no mesmo período do ciclo anterior, quando o percentual era de 98,98%. O resultado também fica ligeiramente abaixo da média dos últimos cinco anos, de 97,01%.

Fora dali, o cenário é mais equilibrado. No Paraná, a volta das chuvas regulares permitiu acelerar a semeadura e recuperar o tempo perdido nas primeiras semanas de outubro. No Mato Grosso do Sul, o avanço ocorre de forma mais uniforme, graças a um regime de umidade mais estável e à boa conservação dos solos após a colheita do milho safrinha.

No Sudeste, Sul, litoral e interior de São Paulo, além do sul de Minas, Triângulo Mineiro e oeste mineiro, registram chuvas moderadas a fortes devido ao calor, umidade. Os dias serão bem quentes na região, e as temperaturas passam de 30° em todo o Sudeste.

No Tocantins e no Maranhão, produtores também relatam evolução constante e dentro da janela considerada ideal. Com isso, o andamento médio nacional mantém-se firme, mesmo que abaixo do ritmo visto no ano passado.

A diferença entre Mato Grosso e o restante do país passa, segundo técnicos, pelo padrão de chuvas cada vez mais irregular. Produtores do estado afirmam que os volumes até apareceram em algumas regiões, mas de forma tão espaçada que a umidade não se sustentou no solo. Já em estados vizinhos, a distribuição veio acompanhada de temperaturas mais amenas, favorecendo a germinação e o desenvolvimento inicial das plantas.

O contraste acende um alerta. Como Mato Grosso responde por boa parte do volume nacional de soja e influencia diretamente o calendário do milho safrinha, cada dia de atraso pesa no planejamento anual. Por outro lado, o avanço consistente nos demais estados ajuda a suavizar as expectativas e impede que o mercado reaja de forma mais brusca. A avaliação entre analistas é que a situação ainda não compromete a safra, mas impõe atenção redobrada ao clima nas próximas semanas.

Fonte: Pensar Agro