O estande “Conheça o Brasil”, do Ministério do Turismo, instalado na Green Zone da COP30, em Belém (PA), recebeu, nesta sexta-feira (21/11), o painel “Governança Local e Turismo Regenerativo: Desafios e Oportunidades”. O debate reuniu pesquisadores, representantes do setor privado, lideranças indígenas e especialistas em sustentabilidade para discutir como o turismo pode atuar como ferramenta de regeneração ambiental, requalificação urbana e desenvolvimento comunitário.
A conversa foi mediada pelo professor Álvaro Espírito Santo, da Universidade Federal do Pará (UFPA), e contou com a participação de Glauco Alexander Lima, especialista em comunicação, Matheus Mendes, gerente de portfólio, Ingrid Sateré Mawé, vereadora e liderança indígena, e Luciana De Lamare, cofundadora e presidente do Instituto Aupaba.
Na abertura do painel, Glauco Alexander destacou que o turismo regenerativo surge como uma resposta aos limites da sustentabilidade convencional. Ele lembrou que, por muitos anos, o turismo foi enxergado como uma atividade sem impactos significativos a chamada “indústria sem chaminé”. Mas hoje, segundo Glauco, diversos destinos do mundo enfrentam sobrecarga ambiental e social em função do aumento do fluxo de visitantes.
Para ele, regenerar significa restaurar biomas, recuperar centros urbanos e fortalecer comunidades, pensando o destino como um sistema vivo. “O turismo precisa deixar um legado de proteção e recuperação territorial. Queremos o turismo, mas queremos, sobretudo, a Amazônia viva”, afirmou.
Logo em seguida, Matheus Mendes compartilhou experiências de descarbonização em destinos internacionais, como Machu Picchu, no Peru, e explicou que a implementação de ações climáticas só é eficaz quando envolve todo o destino: poder público, empresas, guias, moradores e comunidade local. “Quando o destino trabalha de forma integrada, as mudanças são mais rápidas e geram ganhos concretos: melhoria da infraestrutura, experiência qualificada para o turista e fortalecimento da economia local”, disse.
Além disso, Matheus também ressaltou vantagens competitivas do Brasil, como matriz energética limpa e vasta cobertura florestal, que colocam o país em posição estratégica para liderar práticas regenerativas no turismo global.
Já a vereadora Ingrid Sateré Mawé, primeira mulher indígena eleita em Florianópolis (SC), trouxe uma contribuição centrada no papel das comunidades tradicionais na governança do turismo. Natural de Manaus (AM) e filha de paraense, Ingrid afirmou que decisões sobre preservação e desenvolvimento precisam considerar o conhecimento local e a história dos territórios.
“Quem sabe qual rio está sofrendo, qual trilha está cansada e qual árvore está gritando são os povos que vivem nesses territórios: indígenas, quilombolas, ribeirinhos, comunidades tradicionais. Governança é vivência”, declarou.
Encerrando o painel, Luciana De Lamare, apresentou metodologias de design regenerativo, que valorizam a escuta territorial, a cocriação de soluções e o fortalecimento da autoestima comunitária.
Ela destacou que o turismo regenerativo precisa evitar a superficialidade e se basear em processos participativos, que incluam desde diagnóstico ambiental até práticas de engajamento cultural e social. “Soluções reais não vêm de fora. Elas nascem do território e das pessoas que o constroem todos os dias”, afirmou.
PROGRAMAÇÃO — No último dia da COP30, o Ministério do Turismo encerra uma programação robusta e estratégica que marcou as duas semanas do evento. No auditório Carimbó, especialistas nacionais e internacionais participaram de debates de alto nível sobre turismo regenerativo, financiamento climático, justiça ambiental e a valorização de comunidades tradicionais, promovendo reflexões essenciais para o futuro do setor.
Além dos painéis, o Ministério do Turismo também utilizou o espaço, durante a Conferência, para lançar produtos fundamentais voltados à adaptação climática do turismo, entre eles a Trilha Amazônia Atlântica, o Mapeamento do Turismo em Comunidades Indígenas, a série “Pelos Rios da Amazônia” e o Plano de Adaptação Climática do Turismo Brasileiro iniciativas que reforçam o compromisso do Brasil com inovação, sustentabilidade e o fortalecimento do turismo responsável.
Por Cíntia Luna
Assessora de Comunicação do Ministério do Turismo.
Fonte: Ministério do Turismo


