O Ministério da Saúde, em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), organizou, nesta segunda-feira (24), uma oficina nacional que discute a adaptação da lista de patógenos bacterianos prioritários da OMS ao contexto brasileiro. O encontro, realizado em Brasília, reuniu especialistas, pesquisadores, representantes da Anvisa e equipes técnicas para definir critérios e orientar políticas públicas de vigilância, prevenção e controle da resistência antimicrobiana no país.
A oficina teve como objetivo discutir a priorização de patógenos bacterianos, considerando a realidade epidemiológica do Brasil, as capacidades laboratoriais e diagnósticas, além das estratégias já adotadas pelo Ministério da Saúde. A partir desse processo, serão estabelecidos critérios nacionais para a seleção de patógenos prioritários e construída uma metodologia que poderá servir de referência para outros países.
Durante o evento, a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Mariângela Simão, destacou a relevância da iniciativa. “A resistência antimicrobiana é uma das maiores ameaças globais à saúde, e adaptar a lista de patógenos prioritários ao nosso cenário é essencial para orientar ações efetivas, baseadas em evidências e alinhadas às necessidades do Brasil”, afirmou.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) também integra o processo, contribuindo com informações sobre regulação, vigilância e dados de infecções relacionadas à assistência à saúde, fundamentais para compreender o comportamento dos patógenos mais relevantes no país.
Mariângela Simão reforçou o compromisso do Ministério da Saúde com o fortalecimento das políticas de enfrentamento da resistência antimicrobiana. “Temos confiança de que este trabalho conjunto gerará resultados sólidos e aplicáveis, capazes de apoiar decisões estratégicas e proteger a saúde da população brasileira”, afirmou.
Brasil
A resistência aos antimicrobianos (RAM) é a capacidade de microrganismos sobreviverem aos efeitos de antibióticos, antifúngicos, antivirais e outros medicamentos. Ela é um dos maiores desafios globais de saúde pública. Agravada pelo uso inadequado de antibióticos, falhas de higiene e de saneamento, mudanças climáticas e descarte inadequado de resíduos, a RAM afeta simultaneamente a saúde humana, animal e ambiental, sendo tratada na abordagem “Uma Só Saúde”.
A distinção entre antimicrobianos e antibióticos é central: enquanto os primeiros atuam contra diversos microrganismos, os antibióticos combatem apenas bactérias — e seu uso incorreto, especialmente para infecções virais, acelera o surgimento de cepas resistentes.
Os impactos da resistência antimicrobiana já são significativos. A RAM é responsável por 1,27 milhão de mortes diretas por ano e contribui para quase 5 milhões de óbitos adicionais, podendo chegar a 39 milhões até 2050, caso nenhuma mudança seja adotada. No Brasil, são 33,2 mil mortes anuais diretamente atribuídas ao problema. Além das consequências clínicas — como infecções mais difíceis de tratar, tratamentos mais longos e riscos elevados em hospitais, a RAM ameaça procedimentos como cirurgias, transplantes e quimioterapias, além de gerar perdas econômicas expressivas, com projeção de queda de US$ 3,4 trilhões por ano no PIB global até 2030.
João Moraes
Ministério da Saúde
Fonte: Ministério da Saúde


