O Museu das Amazônias, inaugurado em outubro no Complexo Porto Futuro II, em Belém (PA), ultrapassou a marca de 70 mil visitantes em pouco mais de um mês. O espaço foi construído com R$ 20 milhões de investimentos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), por meio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT).
A coordenadora de comunicação do museu, Camila Costa, destaca que o museu nasceu de um amplo processo de escutas envolvendo pesquisadores, cientistas, artistas, lideranças sociais e instituições de oito dos nove países pan-amazônicos. Essa abordagem plural reflete a essência do território. “O museu nasce para falar das ciências e das tecnologias das Amazônias. O nome no plural não é por acaso: buscamos mostrar a diversidade e a grandiosidade desse território”, explica.
Ela ainda destaca o papel estratégico do MCTI desde a concepção do projeto. “O museu foi criado a partir de um processo profundamente coletivo, visto que é um espaço que vai apresentar as ciências e as tecnologias das Amazônias. O primeiro aporte que o museu recebeu para dar início à construção foi do MCTI. É, de fato, um parceiro muito importante para este espaço.”
A exposição Amazônia, do fotógrafo Sebastião Salgado, é um dos principais atrativos do Museu das Amazônias. Exibida pela primeira vez no Norte do País, a mostra ocupa quase mil metros quadrados e reúne imagens que já circularam pelo mundo. Há, ainda, um conjunto de exposições imersivas e interativas que traduzem a riqueza cultural, científica e ambiental da região. Entre elas:
Ajurí
Videoinstalação que apresenta o museu a partir da ideia de mutirão — o fazer coletivo que deu origem ao próprio espaço. A obra reúne artistas, lideranças, trabalhadores, pesquisadores e cientistas, revelando uma trama viva de encontros e saberes das Amazônias.
As paredes de fibra natural e a projeção de animais de miriti criam uma atmosfera sensorial que remete aos ecossistemas conectados em redes de interação e cuidado.
Cobra canoa
Criada por Paulo Desana e Carina Horopakó, a instalação traz para o museu a narrativa ancestral da Cobra Grande, símbolo presente em diversas regiões amazônicas.
A obra mostra a cobra canoa navegando pelos rios do mundo e trazendo os primeiros humanos, funcionando como um ser vivo que conecta diferentes mundos e abre caminhos entre o céu, a terra e as águas.
Fogo
Instalação imersiva que aborda o uso ancestral do fogo pelos povos indígenas e comunidades tradicionais, bem como seus riscos quando empregado sem cuidado.
A obra mostra como o fogo molda a vida há milênios, mas também alerta para a crise climática, o desmatamento e as práticas predatórias que rompem o equilíbrio da floresta.
Passaredo
Criado pelo Sesi Lab, o painel interativo permite que cada visitante desenhe seu próprio pássaro digital.
A cada nova contribuição, a bandada cresce e revela uma composição coletiva sempre renovada, refletindo a diversidade das espécies e da criatividade humana.
Cobra grande soundsystem
Escultura inspirada na imagem da cobra grande e nas formas geométricas das festas de aparelhagem do Pará.
A obra dialoga com música, memória e identidade amazônica, destacando o protagonismo do DJ e das grandes estruturas de som e luz das festas paraenses.
Travessia
Instalação viva na qual linhas, fitas e luzes representam raízes, rios e redes da Amazônia. Ao escolher fitas coloridas — cada uma com seu próprio significado — o visitante contribui para a construção de um grande tear coletivo.
Conexão imediata com o público
Para Camila Costa, o número de visitantes confirma a relevância do espaço. “A resposta não poderia ter sido melhor. Conseguimos uma conexão muito bonita com o público, e o retorno tem sido muito positivo desde o primeiro dia”, celebra.
Com entrada gratuita até fevereiro de 2026 e novas exposições permanentes previstas, o Museu das Amazônias se consolida como um marco de divulgação científica e cultural.


