Maria Clara Tavares nasceu com HIV por transmissão vertical, de mãe para filho, algo que a marcou, mas que não a impediu de ter uma vida tranquila. Agora, aos 21 anos, a jovem está grávida há 26 semanas do primeiro filho. Ela vive um momento importante, já que o Brasil alcançou a eliminação da transmissão vertical da doença.
Por muito tempo, a transmissão vertical foi considerada um problema de saúde pública no país. Com ações e estratégias desenvolvidas pelo Ministério da Saúde, a taxa de infecção se manteve abaixo de 0,5 caso por mil nascidos vivos, fazendo com que a transmissão vertical passasse a ser controlado no Brasil.
Ela faz uso de antirretrovirais fornecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) desde os quatro meses de idade e atualmente está com carga viral indetectável, ou seja, não corre o risco de transmitir o vírus para o bebê. Assim que descobriu a gravidez, iniciou o pré-natal na Unidade Básica de Saúde. Maria conta que seu acompanhamento é feito com muito cuidado: “As médicas da UBS me explicaram tudo sobre a transmissão vertical. Estou muito bem informada”, explica.
Na última segunda-feira (1°), o Ministério da Saúde anunciou que o país alcançou a menor taxa de mortalidade por aids em 32 anos, com queda de 13% entre 2023 e 2024, o que resultou em mais de mil vidas poupadas. Os dados são reflexo dos avanços na oferta de prevenção, diagnóstico e tratamentos no SUS.
Com isso, foram registrados queda de 7,9% nos casos de gestantes com HIV e de 4,2% no número de crianças expostas ao vírus. Além disso, houve redução de 54% no início tardio da profilaxia neonatal.
O Brasil também atingiu mais de 95% de cobertura em pré-natal, testagem para HIV e oferta de tratamento às gestantes que vivem com o vírus. Isso significa que o país interrompeu, de forma sustentada, a infecção de bebês durante a gestação, o parto ou a amamentação, atingindo integralmente as metas internacionais. Os resultados estão em linha com os critérios da Organização Mundial da Saúde (OMS).
“Não tive receio em nenhum momento, sabia que meu filho nasceria sem HIV, já que eu faço todo o tratamento com os antirretrovirais e levo uma vida saudável, praticando esportes”, conta a Maria, que está esperando Nikolas.
Cuidado ampliado
A rede pública de saúde disponibiliza diferentes métodos para reduzir o risco de infecção pelo HIV, como a distribuição gratuita de preservativos e PrEP e PEP, que são responsáveis por reduzir o risco de infecção antes e depois da exposição ao vírus. Além disso, para reforçar o uso de proteção para os mais jovens, o Ministério da Saúde lançou camisinhas texturizadas e sensitivas.
O SUS oferta também gratuitamente a terapia antirretroviral e acompanhamento a todas as pessoas diagnosticadas com HIV. Ao todo, mais de 225 mil utilizam o comprimido único de lamivudina mais dolutegravir, combinação de alta eficácia, melhor tolerabilidade e menor risco de efeitos adversos a longo prazo.
Desta forma, o país se aproxima das metas globais 95-95-95, que preveem que 95% das pessoas vivendo com HIV conheçam o diagnóstico, 95% delas estejam em tratamento e 95% das tratadas alcancem supressão viral. Duas das três metas já foram cumpridas pelo país.
40 anos de história da resposta brasileira à aids
O Ministério da Saúde lançou em Brasília, a exposição “40 anos da história da resposta brasileira à aids” e também a campanha “Nascer sem HIV, viver sem aids”, que reforçam o compromisso contínuo do país no enfrentamento ao HIV. Instalada no SESI Lab, a exposição reúne relatos de vida, documentos, obras e conteúdos que retratam quatro décadas de políticas públicas, produção científica, mobilização social e conquistas que consolidaram o Brasil como referência mundial na resposta ao HIV e à aids.
A campanha marca o início do Dezembro Vermelho 2025, mês dedicado à conscientização sobre HIV e aids. A visitação segue aberta ao público até 30 de janeiro de 2026.
Camilla Nunes
Ministério da Saúde
Fonte: Ministério da Saúde


