
Rio de Janeiro, 22/12/2025 – Um cidadão norte-americano suspeito de envolvimento em crimes de exploração sexual infantojuvenil e aliciamento de menores, praticados no Estado do Rio de Janeiro, foi preso nesta segunda-feira (22), em São Paulo, durante a Operação Passaport No. A ação foi conduzida pela Polícia Civil do Rio de Janeiro (PCRJ), com o apoio do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), e contou com o suporte operacional da Polícia Civil de São Paulo (PCSP) para o cumprimento do mandado de prisão na capital paulista.
O investigado é apontado como integrante do movimento denominado “Passport Bros”, composto por homens de países desenvolvidos que utilizam o poder econômico para explorar vulnerabilidades sociais em países da América Latina e Sudeste Asiático.
Em postagens em redes sociais e transmissões ao vivo (lives), datadas de dezembro de 2025, o suspeito autodeclarou-se “turista sexual”. Há indícios de que ele arrecadava fundos, de aproximadamente US$ 2 mil, com patrocinadores no exterior para financiar suas viagens, oferecendo em troca transmissões de atos sexuais. Para evitar a fiscalização, ele interrompia as imagens de suas lives enquanto estava fora dos Estados Unidos da América (EUA), demonstrando plena consciência da ilicitude de seus atos.
Durante o cumprimento do mandado de busca e apreensão domiciliar, o suspeito estava em posse de diversos celulares e equipamentos de informática, além de outros para produção de conteúdo digital. Os policiais civis encontraram, em um pendrive, vídeo produzido pelo próprio investigado, onde ele abusa de uma criança de aproximadamente 6 a 7 anos, com a presença e anuência de uma mulher que aparentemente é mãe da criança e oferece dinheiro para o ato sexual. Diante disso, o norte-americano foi preso em flagrante delito por posse de material de abuso e exploração sexual infantojuvenil.
Todo o material passará por perícia técnica para identificar outras possíveis vítimas e verificar a extensão da rede de exploração sexual.
Alerta após atitude suspeita
Um alerta encaminhado pela plataforma Uber comunicou às autoridades sobre uma situação ocorrida em 8 de dezembro de 2025: um motorista parceiro relatou ao suporte a realização de uma viagem suspeita envolvendo o transporte de duas menores de idade desacompanhadas, na cidade do Rio de Janeiro. O caso chegou ao conhecimento das autoridades, por meio do comunicado oficial da plataforma.
Segundo o relato do motorista, as adolescentes foram embarcadas no bairro do Jacaré, na zona norte do Rio, com destino a Santa Teresa, na zona sul. Durante o trajeto, as menores afirmaram que encontrariam um homem estrangeiro que não falava português. O solicitante da corrida, utilizando o pseudônimo “Terry William”, coordenou todo o deslocamento via chat do aplicativo e WhatsApp, demonstrando contato prévio com as vítimas ao fornecer códigos de validação (PIN) diretamente a elas.
A prisão do suspeito aconteceu após investigação da Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (DECAV-PCRJ), com o apoio de campo da Polícia Civil de São Paulo (PCSP) e do Laboratório de Operações Cibernéticas (Ciberlab), da Diretoria de Operações Integradas e de inteligência (Dioipi), da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), do MJSP.
O MJSP reforça a importância da denúncia e do papel fundamental de cidadãos e empresas que colaboram com o fornecimento de dados cruciais para a interrupção de crimes contra crianças e adolescentes.
Modus Operandi e Identidades Falsas
A investigação revelou que o cidadão norte-americano utilizava uma rede complexa de múltiplos pseudônimos e contas falsas para dificultar o rastreamento policial. Entre os nomes utilizados estão: “Terry William”, “Terry Wilson”, “Steve Jennum” e “John Smith”.
Além deste caso, foram identificadas outras interações semelhantes com diferentes motoristas, onde o suspeito solicitava o transporte de crianças e mulheres para seus endereços de estadia.
Operação Passaport No
A operação foi denominada Passport No, em contraposição direta ao fenômeno digital conhecido como “Passport Bros”, expressão associada à ideia de que a mobilidade internacional, o poder econômico ou a visibilidade nas redes sociais poderiam funcionar como uma espécie de salvo-conduto para a prática de condutas social ou juridicamente reprováveis.

