
Uma notícia boa e outra não tão boa para os observadores de chuvas de meteoros no Brasil. A primeira é que 2026 será diferente dos outros anos, pois o luar não ofuscará os principais picos. No entanto, a parte não tão boa é que, no Hemisfério Sul, as melhores visualizações serão só no fim do ano.
Veja a lista das principais chuvas do ano, em ordem de importância, elaborada pelo coordenador do projeto de monitoramento de meteoros Exoss, parceiro do Observatório Nacional (ON), Marcelo de Cicco:
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Geminidas (pico em 14/12): O Grande Show
Considerada a chuva anual mais confiável, as Geminidas atingem seu máximo em 14 de dezembro de 2026. A excelente notícia é que o pico ocorrerá durante a Lua Crescente, que estará apenas 30% iluminada, garantindo um céu escuro na maior parte da noite.
O radiante (na constelação de Gêmeos) nasce mais tarde para o sul do que no norte. Deve haver atividade intensa a partir da meia-noite, culminando por volta das duas da manhã. Com uma Taxa Horária Zenital (ZHR) estimada em 150 meteoros/hora, é o evento imperdível do ano.
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Orionidas (pico em 21/10): A Herança do Cometa Halley
Sempre muito esperada pelos brasileiros, essa chuva terá condições favoráveis em 2026. A Lua estará na fase crescente, pondo-se antes da madrugada e deixando o céu livre para observação no momento em que o radiante (em Órion) ganha altura. Espera-se uma ZHR de 20+, mas as Orionidas são conhecidas por surpresas e múltiplos picos.
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Líridas (pico em 22/4): O Retorno sem Luar
Abrindo a temporada das grandes chuvas, as Líridas (006 LYR) chegam com uma excelente janela de observação em 2026. Isso porque haverá uma vantagem: o pico ocorre dois dias antes da Lua Quarto Crescente, o que significa que o nosso satélite se porá cedo, deixando a madrugada escura para observação.
Para observadores no Hemisfério Sul, o radiante (na constelação de Lira) nasce baixo no horizonte norte após a meia-noite. Embora vejamos menos meteoros que no Hemisfério Norte, a ausência da Lua permitirá captar os meteoros longos e brilhantes que rasgam a atmosfera horizontalmente quando o radiante estiver baixo.
Esta chuva é originada pelo Cometa C/1861 G1 (Thatcher). Embora a taxa média seja modesta (18 meteoros/hora), as Líridas são conhecidas por surpresas ocasionais.
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Eta Aquarids (pico em 6/5): O Desafio da Lua que Brilha Demais
Tradicionalmente, a chuva Eta Aquarids é o carro-chefe do Hemisfério Sul. Porém, em 2026, o pico em 6 de maio ocorrerá apenas quatro dias após a Lua Cheia. O luar intenso ofuscará os meteoros mais fracos, tornando a observação visual um desafio técnico, embora câmeras de monitoramento ainda possam registrar os bólidos mais brilhantes.
Privilégio do Sul
Existem chuvas cujos radiantes são visíveis privilegiadamente ou exclusivamente do Sul. A Organização Mundial de Meteoros (IMO, em inglês) carece de dados visuais e de vídeo dessas chuvas, e os observadores brasileiros são fundamentais para preencher essa lacuna.
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Alpha Centaurids (pico em 8/2): O radiante, próximo à estrela Alpha Centauri, é quase circumpolar para grande parte do Brasil, ou seja, fica visível à noite quase toda.
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Eta Eridanids (pico em 7/8): A IMO recomenda explicitamente a observação desta chuva a partir de locais do Sul, preferencialmente após a meia-noite. É uma chuva pouco estudada que necessita de dados de fluxo para confirmação de atividade.
– Puppid-Velids (dezembro): Um complexo sistema de meteoros visível principalmente ao sul do equador. Sua atividade acontece no início de dezembro, servindo como um “aquecimento” para as Geminidas.
Temporada das Bolas de Fogo
Para o observador brasileiro, o Complexo das Tauridas é um dos alvos mais fotogênicos do ano. Diferentemente das chuvas rápidas, as Tauridas são conhecidas por produzir meteoros lentos (27-29 km/s) e muito brilhantes, muitas vezes classificados como bolas de fogo.
O ano de 2026 terá um cenário perfeito: em novembro, a Lua Nova ocorre no dia 9. Isso cria um “corredor escuro” perfeito entre o pico das Tauridas do Sul (5/11) e das Tauridas do Norte (12/11).

