Alta nos preços e oferta limitada freiam demanda global por cacau, aponta StoneX

A demanda global por cacau enfrenta desafios em meio a preços elevados e menor disponibilidade da matéria-prima, segundo relatório recente da StoneX. A análise projeta uma queda de 136 mil toneladas (-2,8%) no processamento do cacau para a safra 2024/2025, mas indica possibilidade de recuperação no ciclo seguinte.

Crescimento histórico da moagem acompanha PIB mundial

Desde 1960, a moagem global de cacau cresceu em média 2,6% ao ano, um ritmo próximo ao avanço do PIB mundial, que foi de 3,4% ao ano no mesmo período, segundo dados do Banco Mundial. Esse crescimento constante acompanhou o desenvolvimento econômico global, refletindo a expansão do consumo.

Queda na moagem causada por preços altos e menor oferta

Entretanto, o cenário atual é marcado por uma crise de oferta da amêndoa de cacau, que tem limitado esse avanço. O segundo trimestre de 2023, afetado pela quebra da safra 2023/24, iniciou um período de queda no processamento mundial que se estendeu até o primeiro trimestre de 2025, quando o recuo atingiu 3,5%, conforme explicou Rafael Borges, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.

O principal motivo para essa retração foi o aumento dos preços, que levou à redução do uso do cacau pela indústria, além da menor disponibilidade do produto no mercado.

Projeções para a safra 2024/25 e expectativa para 2025/26

Para a safra 2024/25, a StoneX estima uma redução na demanda por cacau de 136 mil toneladas (-2,8%). Apesar desse recuo, o volume previsto deve resultar em um superávit aproximado de 96 mil toneladas para o ano-safra, após um déficit estimado em quase 460 mil toneladas no ciclo anterior.

Para o ciclo 2025/26, a expectativa é de recuperação gradual, com a demanda projetada em 4,786 milhões de toneladas, representando um crescimento de 0,8%. Ainda assim, os preços elevados e as tendências de mercado devem continuar limitando a expansão da moagem.

Estratégias da indústria diante dos preços altos

Com a alta dos preços do cacau e seus derivados, a indústria vem buscando alternativas para reduzir o impacto no consumidor final. Segundo o relatório da StoneX, cresceu o uso de substitutos e estratégias para minimizar o uso do cacau em produtos, especialmente no setor de chocolates.

Na produção de barras de chocolate, por exemplo, ingredientes como waffers, frutas e castanhas têm sido incorporados, além da reformulação no tamanho e formato dos produtos. A manteiga de cacau, um dos coprodutos mais caros, também tem sido parcialmente substituída por equivalentes como derivados da palma, que oferecem textura e consistência semelhantes.

Limitações regulatórias para substituições

Rafael Borges destaca que, apesar das tentativas de substituição, regulamentações governamentais exigem que produtos rotulados como “chocolate” contenham uma quantidade mínima de manteiga de cacau ou ingredientes específicos. Isso limita a substituição total e impõe desafios para manter as características tradicionais dos produtos.

Fonte: Portal do Agronegócio

Fonte: Portal do Agronegócio