
Em 2025 teremos a marca de 81 anos do embarque da Força Expedicionária Brasileira (FEB) para a Itália. Este feito, continua a ser um campo fértil para a discussão, muito além do aspecto puramente militar. A entrada do Brasil na 2º Guerra Mundial foi, em síntese, a resposta ao clamor popular de indignação às agressões de submarinos do Eixo a embarcações brasileiras. A partir de 15 de fevereiro de 1942, navios de bandeira verde e amarela circulando desde a costa oriental dos Estados Unidos até o litoral do Brasil começaram a ser torpedeados por submarinos tedescos e italianos. O Governo brasileiro, ante a atitude hostil, declarou guerra à Alemanha nazista e à Itália fascista em 22 de agosto de 19423 . As ações submarinas ítalo-germânicas, desenvolvidas por mais de dois anos ininterruptos, provocaram o afundamento de 33 embarcações brasileiras e a morte de quase mil e cem náufragos.
Em Natal, durante a Conferência de Potengi6 , ocorrida em 28 de janeiro de 1943, foi selada a participação do Brasil. Em 9 de agosto daquele mesmo ano, nasceu a FEB, expressão do compromisso do governo brasileiro e da vontade nacional em contribuir para o restabelecimento da paz. Nesse sentido, planejou-se o envio de um contingente de mais de 25 mil pessoas à Itália. A concentração ocorreu na histórica Vila Militar, na cidade do Rio de Janeiro. No subúrbio carioca, receberam o treinamento militar inicial, posteriormente, seguirem de trem até o Cais do Porto, rumo ao Velho Continente. Com o propósito de transportar toda a FEB à Itália, foram organizados cinco escalões, cada um com cerca de 5 mil componentes.
O primeiro deles enviado em 02 de julho de 1944, sob o comando do General de Divisão Mascarenhas Moraes, o único naquele momento a saber para onde a FEB de fato iria. A tropa brasileira embarcada recebeu, em plena travessia do Atlântico, a notícia de que o local de destino seria Nápoles, na Itália. Cerca de sete meses depois, em 8 de fevereiro de 1945, o quinto e último escalão deixou o Brasil. Durante todo o movimento para a Europa, a Marinha do Brasil, protegeu com efetividade cada comboio formado. Os obstáculos vencidos para a estruturação e o seu integral transporte para a Europa são motivo de muito orgulho, sobretudo considerando as condições do País à época.
Em 16 de julho de 1944, os primeiros pracinhas pisaram o solo italiano que rapidamente se ajustaram à nova situação, demonstrando flexibilidade e adaptabilidade. Dessa forma, foram aos poucos conquistando a admiração e o respeito. À proporção que as batalhas se desenrolavam, tornava-se mais perceptível o seu caráter agregador, bondoso e solidário, que somado às suas capacidades combativas, iniciativa, camaradagem e destemor, contribuiu para a vitória. Incontáveis episódios de heroísmo foram peremptórios. Os brasileiros, em sua essência, souberam cultuar, praticar e desenvolver os valores militares estruturais: o patriotismo; o civismo; a fé na missão; o amor à profissão; o espírito de corpo. Com a mobilização nacional, os pracinhas vieram do morro, do engenho, dos cafezais, do pantanal, dos pampas, assim formando um corpo sinérgico orientado ao mesmo ideal. A FEB foi um autêntico emaranhado de raças, integrando harmonicamente pessoas de ambos os sexos, de diferentes classes sociais e culturas variadas. Esse heterogêneo conjunto, ao se olhar no espelho, viu refletida a imagem de um Brasil pujante, em pleno desenvolvimento e ciente do seu papel. Escrever sobre os 81 anos do embarque da FEB é, portanto, homenagear e dar visibilidade ao legado de dedicação, exemplo e sacrifício de cada pracinha brasileiro, e notadamente aos 462 heróis que não puderam rever sua terra natal. E se precisar a cobra seguirá sempre fumando, porque aprendemos com a FEB, o destemor, a união, e a fé em Deus!
*Articulista