Café tem forte volatilidade: robusta recua em setembro após disparada histórica em agosto

Após semanas de forte valorização, os preços do café robusta iniciaram setembro em queda superior a 2%. Na manhã desta segunda-feira (01), os contratos em Londres operaram em movimento de realização de lucros e ajustes técnicos, enquanto a Bolsa de Nova York permaneceu fechada devido a feriado local.

Por volta das 9h30 (horário de Brasília), o contrato de setembro/25 registrava recuo de US$ 31, cotado a US$ 4.970 por tonelada. Já o contrato de novembro/25 caiu US$ 98, negociado a US$ 4.717 por tonelada, e o de janeiro/26 perdeu US$ 81, a US$ 4.622 por tonelada.

Analistas destacam que, apesar da correção momentânea, o mercado segue sustentado por preocupações com oferta global, baixos estoques nos países produtores e consumidores, além da incerteza climática que ameaça a safra brasileira de 2026.

Exportações brasileiras abaixo da média histórica

Relatório da Pine Agronegócios aponta que o Brasil, maior fornecedor mundial de café, não tem conseguido manter o ritmo de exportações. Os embarques de arábica estão abaixo da média dos últimos cinco anos, e o conilon só apresentou recuperação parcial em junho e julho, sem compensar o fraco desempenho no início do ano.

Agosto registra disparada nos preços e forte volatilidade

O mês de agosto foi marcado por intensa volatilidade e altas expressivas nos preços do café, tanto no mercado físico quanto nas bolsas de futuros. As cotações chegaram aos maiores níveis em até quatro meses, refletindo preocupações com a oferta brasileira e o impacto de tarifas impostas pelos Estados Unidos.

Na Bolsa de Nova York, o contrato de dezembro do arábica acumulou valorização de 30,8%, saindo de 288,70 para 377,50 centavos de dólar por libra-peso entre julho e agosto. Em Londres, o robusta no contrato de novembro registrou alta ainda mais acentuada, de 44,3% no período.

No mercado interno, o arábica bebida boa no Sul de Minas encerrou agosto a R$ 2.330,00 a saca, alta de 28,7% no mês. Já o conilon tipo 7, em Vitória (ES), disparou 51,2%, passando de R$ 1.015,00 para R$ 1.535,00 por saca.

Safra brasileira menor e geadas elevam preocupações

Dados recentes apontam que a safra de arábica 2025/26 deverá ser menor que o esperado, devido à baixa renda no beneficiamento. A consultoria Safras & Mercado já revisa suas estimativas para baixo.

Além disso, geadas registradas em 10 e 11 de agosto no cerrado mineiro podem ter reduzido o potencial produtivo em mais de 400 mil sacas para 2026. A ausência de chuvas no cinturão produtor também gera temor de atraso nas floradas, essenciais para a formação da próxima safra.

Efeitos do tarifaço nos EUA

Outro fator que pressionou o mercado em agosto foi a taxação de 50% imposta pelo governo Donald Trump às importações de café brasileiro. Como os EUA são os maiores consumidores mundiais e principal destino das exportações do Brasil, a medida eleva os custos dos torrefadores americanos, que buscam alternativas e aguardam possível flexibilização.

Conilon em alta e retração de produtores

No mercado de conilon, a tendência altista se intensificou em agosto. Enquanto a Indonésia enfrentou problemas climáticos durante a colheita, a safra de robusta do Vietnã só deve entrar no mercado no fim do ano. No Brasil, produtores permanecem retraídos, aguardando preços ainda mais elevados, o que contribui para reduzir a oferta imediata.

Fonte: Portal do Agronegócio

Fonte: Portal do Agronegócio