Cancelamento de concurso do TRT-24 revolta candidatos aprovados em MS

Concurso do TRT/MS realizado inicialmente em março (Foto: Reprodução)

A notícia atinge os candidatos que já haviam enfrentado gastos com transporte e hospedagem, além de um desgaste emocional.

Candidatos ao concurso do TRT24 (Tribunal Regional do Trabalho) denunciam desorganização e irregularidades no certame, que teve data de prova remarcada, ou seja, quem viajou, precisou comprar passagem duas vezes, e agora anulação. A organização foi da FGV (Fundação Getúlio Vargas).

O advogado Gustavo Eiji Pinheiro Moriguti, de 30 anos, foi aprovado em primeiro lugar no cargo de oficial de justiça e técnico judiciário, área administrativa — especialidade agente de polícia judicial. Morador de Nova Andradina, veio três vezes, tanto para as provas objetivas e discursivas e depois para o teste de aptidão física.

“Estudo para concursos desde 2021, sempre conciliando com a advocacia privada, estudando de 3 a 4 horas diariamente, praticamente sem nenhum dia de descanso. Com o concurso do TRT 24, meus gastos, nessas 3 viagens que citei, foram cerca de 1200 reais, considerando hospedagem, combustível e alimentação. Assim como outros candidatos, fui surpreendido, nessa segunda-feira (18), com a notícia da anulação do concurso do TRT”, inicia.

‘Manutenção do concurso é o caminho mais justo’, avalia concurseiro

Segundo Gustavo, vários pontos são alarmantes: o momento em que a anulação foi anunciada, uma vez que o certame já se encontrava em fase avançada, inclusive com a divulgação do resultado definitivo de todas as provas objetivas e discursivas, além da falta de transparência do tribunal e/ou da banca, que deveriam ter anunciado a suspensão do concurso há meses, considerando o processo administrativo que culminou na própria anulação do concurso.

“Este último ponto escancara o erro mais repugnante, o que mais dói e frustra os candidatos, pois, não havia (nem há) necessidade para anulação de todo o processo seletivo. Ora, as nomeações nem sequer tiveram início! Poderia haver algum tipo de burla se ocorresse preterição a candidatos cotistas quando da nomeação. Na situação atual, não houve prejuízo de qualquer candidato! A manutenção do concurso seria o caminho menos custoso para administração e mais justo para os candidatos aprovados, cotistas ou não. Inclusive, há vários candidatos cotistas que desejam a manutenção do certame. Os custos financeiros foram enormes”, argumentou.

Mesmo com as despesas, Gustavo fala que “dinheiro nenhum poderia reparar o sofrimento emocional e os danos psicológicos que todos estão sentindo no momento”.

“São anos de preparação e, quando finalmente sentimos felicidade por ver resultados frutos dos nossos esforços, levamos uma rasteira do tribunal com uma decisão que, repita-se, é arbitrária e totalmente desproporcional, além de completamente desnecessária. Eu e meus colegas de estudo (e de luta!) esperamos que a decisão de anulação do certame seja revertida e que seja feita a JUSTIÇA para os candidatos de boa-fé”, ressaltou.

‘Parece que o carro queimou uma lâmpada e deram perda total’, lamentou aprovado

Frederico Ribeiro Barcellos de Souza, de 37 anos, que já é servidor público e ficou em segundo lugar, lamenta a situação e diz que está tentando fazer valer a lei. “A anulação é tão absurda que parece que o carro queimou uma lâmpada e deram perda total… ao invés do TRT retificar o edital e fazer o controle das cotas na hora da nomeação. Queremos que seja aplicada a lei, mas, para isso, o concurso precisa valer. Vai prejudicar tanto os cotistas como os outros concorrentes. Eu e o Gustavo, por exemplo, estamos dentro do número de vagas, temos o direito ao cargo. Estamos aprovados dentro do número de vagas ofertadas e ainda assim anulam a prova”, afirmou.

Em outros casos semelhantes, Frederico ressalta que os concursos são suspensos e preservam o resultado justo do certame. “São cargos que mudam a vida. E ninguém ali está de brincadeira para perder uma oportunidade desta, então, nossa briga é para mostrar para a sociedade que existe uma forma de aplicar a lei de cotas sem ter que rasgar o concurso inteiro”, opinou.

Provas foram reaplicadas em maio

As provas foram reaplicadas em maio, em pleno Dia das Mães, e agora, com o processo quase finalizado, a anulação completa causa ainda mais insatisfação. A notícia atinge os candidatos que já haviam enfrentado gastos com transporte e hospedagem, além de um desgaste emocional.

O concurso oferecia 14 vagas imediatas e cadastro de reserva, com salários que variavam de R$ 10.512,91 a R$ 15.455,18. O Tribunal não informou se haverá um novo concurso.

Fonte: Midiamax