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quinta-feira, 25 de abril, 2024
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Cirurgiã plástica do DF é investigada por negligência e erro médico: ‘Fiquei internada 12 dias, sendo 8 na UTI’, diz paciente

Cirurgiã Milena Carvalho diz que ‘segue rígidos protocolos de cuidados e que acompanha seus pacientes antes, durante e depois dos procedimentos’.

A Polícia Civil do Distrito Federal investiga pelo menos três denúncias, feitas até esta quarta-feira (24), contra a cirurgiã plástica Milena Carvalho. Segundo pacientes, a médica cometeu negligência no pós-operatório e erro médico. O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) também apura os fatos.

Uma das pacientes diz que após uma abdominoplastia – procedimento cirúrgico estético realizado para remover gordura e pele em excesso do abdômen – e uma lipoaspiração, ficou internada por 12 dias, sendo oito dias na UTI. O laudo médico apontou que ela estava com necrose na parte inferior do abdômen e início de uma infecção generalizada (relato da paciente mais abaixo).

Milena Carvalho é registrada pelo Conselho Regional de Medicina (CRM) há dez anos e atende em uma clínica particular no Lago Sul, região nobre de Brasília.

A cirurgiã, que usa as redes sociais para promover os procedimentos estéticos que faz e tem mais de 25 mil seguidores em uma das plataformas digitais, diz que “segue rígidos protocolos de cuidados e que acompanha seus pacientes antes, durante e depois dos procedimentos” (veja íntegra da nota da médica ao final da reportagem).

Cirurgiã plástica do DF é investigada por negligência e erro médico: 'Fiquei internada 12 dias, sendo 8 na UTI', diz paciente

R$ 30 mil por procedimento

Patrícia (nome fictício de uma das pacientes que prefere não ser identificada) contou ao g1 que conheceu a cirurgiã pelas redes sociais. Ela diz que já tinha vontade de realizar cirurgias estéticas e que decidiu se presentear no aniversário, em julho deste ano, com uma abdominoplastia e uma lipoaspiração.

A paciente conta que pagou cerca de R$ 30 mil reais pelo procedimento e que a cirurgia foi realizada pela médica Milena Carvalho no dia 1º de julho. Segundo Patrícia, no primeiro dia do pós-operatório ela começou a apresentar manchas roxas pelo corpo, mas a médica informou que a reação “era normal nesse período”.

“Minha cirurgia durou oito horas e tive alta 24 horas depois, mesmo com essa intercorrência. No dia 12 de julho, a incisão abriu e começou a sair um líquido com odor forte parecendo algo infeccionado”, diz Patrícia.

A paciente conta que entrou em contato, mais uma vez, com a médica. Mas, conforme Patrícia, a cirurgiã continuou afirmando que as reações eram normais no processo de recuperação e pediu que ela não procurasse atendimento na emergência do hospital naquele momento.

“Eu esperei até o dia 22 de julho, que foi quando minha incisão abriu ainda mais e as manchas roxas ficaram ainda mais escuras. Entrei em contato com a Milena novamente, e ela me indicou outra profissional, pois ela não estava em Brasília”, diz a paciente.

Diagnóstico e ‘psicológico abalado’

Após a consulta com a outra médica, e a realização dos exames necessários, a profissional indicada por Milena Carvalho afirmou que era para Patrícia procurar um hospital urgentemente, pois a taxa de hemoglobina da paciente estava muito baixa.

“Procurei a emergência de um hospital particular. Tive que fazer transfusão de sangue […] estava com necrose na parte inferior do abdome e com início de uma infecção generalizada. Também tive que passar por mais duas cirurgias”, relata Patrícia.

Após a internação a as novas cirurgias, Patrícia diz que procurou a médica Milena Carvalho que teria dito que “a culpa” pelas complicações no pós-operatório era da própria paciente. “Eu fiquei com o psicológico muito abalado. A médica chegou a falar que essas complicações eram culpa minha, porque, segundo ela, eu era obesa”.

Patrícia diz que está fazendo acompanhamento psicológico e que vai precisar de mais uma cirurgia para refazer o abdômen.

Em outra denúncia, paciente perdeu parte do seio

Cirurgiã plástica do DF é investigada por negligência e erro médico: 'Fiquei internada 12 dias, sendo 8 na UTI', diz paciente
Perfil da cirurgiã plástica Milena Carvalho, que atende no Lago Sul, em Brasília, em rede social — Foto: Reprodução

Outra paciente, que também prefere não se identificar, disse ao G1 que gastou pouco mais de R$ 13 mil para fazer uma mastopexia – cirurgia estética para levantar os seios – e colocar próteses de silicone com a cirurgiã Milena Carvalho, em novembro de 2020.

Ela conta que, logo após o procedimento, percebeu a necrose de uma das mamas, mas a médica afirmou que era “uma reação normal”. A paciente perdeu parte do seio direito e a aréola.

“Era para ser a realização de um sonho, mas acabou virando um pesadelo. A médica não deu nenhum tipo de assistência após a cirurgia”, diz a paciente.

Uma terceira paciente da médica Milena Carvalho, ouvida pelo g1 e que também não quer revelar o nome, afirma que a cirurgiã plástica não prestou assistência quando ela começou a ter complicações após um procedimento. A mulher passou por uma mamoplastia – cirurgia que altera e/ou corrige o formato das mamas – com a colocação de próteses nos seios, além de uma lipoaspiração.

“Tive que refazer os pontos do seio esquerdo diversas vezes, porque eles sempre abriam. Até que surgiu uma inflamação em um dos pontos. A médica falou que era normal, mas decidi procurar outra profissional. O diagnóstico dos exames apontou que eu estava com uma bactéria hospitalar”, conta.

O que diz a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica

Em nota, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) afirma que a orientação, nesses casos, é que o paciente seja acompanhado de perto pelo profissional que realizou a cirurgia. “A SBCP também ressalta que qualquer cirurgia tem riscos, mesmo que todas as orientações e regras sejam cumpridas de forma criteriosa dentro da ética profissional”.

Na nota, a SBCP diz ainda que “é com a análise de cada caso, considerando todas as condições do procedimento cirúrgico, que se pode chegar a uma conclusão das causas de cada situação ocorrida”.

O que diz a médica Milena Carvalho

“A Dra. Milena Carvalho repudia veementemente as acusações anônimas de não ter prestado apoio pós-operatório a qualquer paciente que ela tenha atendido.

A médica afirma que segue rígidos protocolos de cuidados e que acompanha seus pacientes antes, durante e depois dos procedimentos. Mesmos naqueles casos em que os pacientes não cumpriram o necessário protocolo, ela sempre esteve inteiramente à disposição para atender e solucionar qualquer situação que tenha ocorrido.

Todos os pacientes em pós-operatório são acompanhados de forma rigorosa pela médica. Já no pré-operatório todos têm acesso ao celular pessoal da Dra. e podem contatá-la dia ou noite, 7 dias por semana, 24 horas por dia. A médica fica sempre à disposição para as suas pacientes, bem como a sua equipe.

Os retornos pós-operatórios seguem um protocolo rígido e são orientados a serem realizados na sua clínica semanalmente no primeiro mês, após 3 meses, 6 meses e 1 ano, ou em qualquer outro tempo/ocasião se fizer necessário. Nos retornos são procedidas avaliações presenciais, curativos, realizadas fotografias de registro e orientações.

Somente em 2021, a médica realizou mais 200 cirurgias com absoluto zelo e profissionalismo. A grande maioria dos pacientes está totalmente satisfeita com o resultado dos procedimentos.

Importante destacar que a médica é reconhecida, respeitada e referência para importantes publicações na imprensa sobre a temática de especialidade dela.

A médica afirma ter sido procurada por pacientes que de forma insistente tentaram fazer com que fosse realizado um acordo financeiro, mas não aceitou por não ter nada a temer, uma vez que os fatos narrados são inerentes às cirurgias e a Dra Milena prestou, durante todo o processo, atendimento às pacientes que seguiram com ela.

A médica está abalada com as acusações anônimas e infundadas e teme as consequências desse massacre midiático para sua vida, já que hoje ela se encontra grávida de 4 semanas e enfrenta uma gestação de risco.

A Dra. se coloca à disposição das autoridades para prestar qualquer esclarecimento, reforça que os fatos narrados são infundados e que não há qualquer comprovação ou condenação contra ela na justiça por irregularidade em sua conduta como médica.”

Fonte: G1