
O Governo Federal ampliou, nas últimas semanas, o cerco às frentes de garimpo ilegal dentro da Terra Indígena Yanomami (TIY) e ao redor dela. As ações — coordenadas pela Casa de Governo — fazem parte da operação Ouro Ni Wãri, iniciada na última semana e que segue em execução nos próximos dias. As medidas incluem destruição de acampamentos, apreensões de insumos, operações terrestres, fluviais e aéreas, além da inutilização de pistas clandestinas usadas pelos invasores.
Desde a criação da Casa de Governo, em março de 2024, já foram contabilizadas 8.223 ações, demonstrando a continuidade e a abrangência da operação de desintrusão. O prejuízo estimado ao garimpo ultrapassa R$ 560 milhões, somando destruição de equipamentos, apreensão de insumos e bloqueio de processos logísticos.
As operações concentraram-se em regiões historicamente utilizadas pelo garimpo para entrada e abastecimento de material. Em Parima, Quinka, Cascalho Novo e na Pista do Caveira, equipes destruíram acampamentos e impediram o funcionamento de pontos de apoio capazes de sustentar grandes frentes de extração. Além de combustíveis, foram apreendidos aproximadamente 300 kg de cassiterita recém-processada, minério de elevado valor comercial. Também foram inutilizados motores de dois cilindros, geradores, bombas hidráulicas, equipamentos elétricos alimentados por placas solares e sistemas de comunicação, incluindo antea Starlink e rádios usados para coordenar as frentes de garimpo. Armas e munições de diferentes calibres, como .38, 12, .20 e .22, também foram recolhidas.
Durante as ações terrestres e fluviais, as equipes também realizaram prisões ligadas à atividade garimpeira. Em Ouromil, um garimpeiro foi detido após tentativa de fuga pela mata e encaminhado à Polícia Federal (PF). Em outra frente, agentes identificaram e conduziram um venezuelano responsável por administrar um acampamento na região de mata fechada, identificado como Acampamento das Flores, que mantinha combustível, motores, munições e equipamentos de comunicação utilizados para apoiar a logística dos invasores.

- Armas e munições de diferentes calibres foram recolhidas
6 mil litros de combustível apreendidos
A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) ampliou a fiscalização sobre os corredores usados pelo garimpo, com operações concentradas em Apiaú, Samaúma e Campos Novos. Na Vicinal 3 de Samaúma, agentes localizaram um ponto de apoio clandestino com 6 mil litros de combustível armazenados em carotes, além de cassiterita, rádios transmissores, óleo de aviação, ferramentas, material de rancho, uma motosserra, balança, revólver e 88 munições.
Em outra ação, na Tronco Apiaú, foram apreendidos motores, geradores, combustíveis, mercúrio, alimentos e ferramentas que alimentavam a logística terrestre das frentes ilegais. O material foi apresentado à Polícia Federal, com acompanhamento da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Esquema de desvio de combustível de aviação
Além das ações de campo, a PF avançou na investigação da cadeia de abastecimento aéreo utilizada pelo garimpo. Nessa segunda-feira (24), a PF deflagrou uma operação que desarticulou um esquema de desvio de combustível de aviação (QAV) retirado de aeródromos regionais e entregue a pilotos que realizavam voos clandestinos para pistas ilegais dentro da TIY. A fraude envolvia operadores locais e funcionários do setor aéreo.
Inutilização de pistas clandestinas
O Comando Conjunto Catrimani II inutilizou uma pista clandestina na região da Pista do Caveira e intensificou patrulhamentos em áreas estratégicas como Parima, Cascalho Novo e Surucucu, regiões com histórico de voos ilegais vindos da fronteira norte. Em continuidade às ações de superfície, patrulhamentos fluviais e terrestres avançaram sobre a região de Ouromil, onde equipes localizaram pontos de extração com esteiras, bombas d’água, mangueiras, resumidoras e um gerador, além de armamento, munição e cassiterita. Um garimpeiro foi detido durante a ação.
Destruição de aeronave irregular
Em 19 de novembro, a Força Aérea Brasileira (FAB) detectou uma aeronave vinda da Venezuela ingressando no espaço aéreo brasileiro sem plano de voo e sem responder ao controle de tráfego aéreo, sendo imediatamente classificada como suspeita. Seguindo os procedimentos de Policiamento do Espaço Aéreo, foram aplicadas as medidas de averiguação, intervenção, tiro de aviso e, diante da falta de colaboração, a reclassificação da aeronave como hostil. O piloto realizou pouso forçado na Pista do Majestade, próxima a Surucucu, onde militares do Comando Conjunto Catrimani II inutilizaram o avião, que estava com a matrícula adulterada. A ação demonstra a aplicação dos protocolos previstos na Zona de Identificação e Defesa Aérea (ZIDA), reforçando o monitoramento e a proteção do espaço aéreo na Terra Indígena Yanomami.
Balanço
Os resultados desta última semana demonstram um avanço operacional amplo sobre o garimpo ilegal, atingindo simultaneamente a logística terrestre, fluvial e aérea, além dos pontos de apoio dentro da Terra Indígena Yanomami. As 8.223 ações já realizadas somadas à destruição de equipamentos, inutilização de pistas clandestinas, apreensões volumosas e desarticulação de esquemas de abastecimento reforçam o compromisso do Governo Federal em desmontar a estrutura criminosa que opera no território.
Desde o início das operações da Casa de Governo, em março de 2024, a abertura de novos garimpos na TIY foi reduzida em 98%, o que demonstra o impacto direto e contínuo das ações de desintrusão na interrupção da expansão ilegal. Dentre as destruições e inutilizações estão: 35 aeronaves; 66 pistas de pouso; 714 acampamentos; 144 mil litros de combustível; e 198 quilos de ouro.
Fonte: Casa Civil


