Seleção brasileira leva 2 a 0, mas reage e mantém 100% de aproveitamento no torneio e liderança do Grupo C.
Em um duelo eletrizante pelo Grupo C do Mundial Feminino de Vôlei, a seleção brasileira mostrou garra e capacidade de reação para superar a França de virada, mantendo 100% de aproveitamento na competição. A vitória garantiu ao Brasil a liderança da chave, que deve ser confirmada na próxima terça-feira (26), às 8h30 (de MS), diante do lanterna Porto Rico. A França, ocupando a segunda posição, enfrenta a Grécia, e as duas equipes avançam para a próxima fase do torneio.
O confronto começou equilibrado, com a França mostrando evolução desde Paris 2024 e impondo dificuldades às brasileiras. No primeiro set, apesar do esforço da equipe comandada por José Roberto Guimarães, o Brasil não conseguiu frear os ataques rivais, e as francesas fecharam em 25 a 21, com destaque para Iman Ndiaye, maior pontuadora da parcial com seis pontos. O segundo set seguiu na mesma linha, com a França mantendo a segurança e explorando saques inconsistentes do Brasil, vencendo por 25 a 20 e colocando a seleção brasileira em desvantagem de 2 a 0.
A reação brasileira veio no terceiro set. Com a entrada de Rosamaria e maior efetividade nos bloqueios, o time virou o placar de 9 a 8 para 14 a 10, impondo superioridade que resultou na vitória por 25 a 15. No quarto set, o Brasil consolidou a virada, impondo seu ritmo e fechando em 25 a 17, com destaque para Gabi, que marcou 13 pontos, e Julia Kudiess e Bergmann, com 12 cada.
O tie-break foi definido ponto a ponto, refletindo a intensidade do confronto. Com um ataque decisivo de Julia Bergmann, o Brasil abriu vantagem de 9 a 6. Apesar de a França reduzir para 13 a 12, a seleção brasileira confirmou o matchpoint com um ataque de Diana e, após revisões de vídeo que comprovaram a regularidade das jogadas, fechou o set e a partida em 14 a 13, garantindo a vitória histórica de virada.
A sul-mato-grossense Lorena Viezel, natural de Ponta Porã, contribuiu pontuando e mantendo sua boa fase na seleção. Com 26 anos, a central tem se destacado na Superliga pelo Flamengo e segue figurando como uma das convocadas frequentes de Zé Roberto. Lorena já foi medalhista de prata na Liga das Nações e nos Jogos Pan-Americanos de 2023, e ajudou o Praia Clube a conquistar a Copa do Brasil em 2024.
Com o triunfo, o Brasil se mantém invicto no Mundial e reforça o favoritismo na busca pelo título, mostrando capacidade de superar adversidades e a força de seu elenco para virar jogos complicados.
O resultado coloca a seleção na liderança do Grupo C e dependendo apenas de si para avançar como primeira da chave. Os dois primeiros de cada grupo vão às oitavas.
O Brasil volta a quadra amanhã, terça-feira (26), às 9h30 (de Brasília) para enfrentar Porto Rico. O jogo é válido pela última rodada do Grupo C.
A História da Atleta:
Ainda adolescente, Lorena fez um teste em São José do Campos e passou. “Eles pegaram a briga, né?! Eu digo isso porque eu ia fazer 14 anos, e fiquei no alojamento das juvenis, e elas tinham todas 18, 19 ou 20 anos”, contou a central. Foi em São Paulo que a atleta começou a se profissionalizar no esporte.
Em 2021, a atleta ingressou na seleção adulta como convidada e no ano seguinte foi convocada. “Tem sido muito gratificante, agregou muito na minha carreira estar com essas meninas, na Elite do vôlei, conhecendo e aprendendo cada vez mais”, disse Lorena.
Ao ser questionada sobre o Mundial, que inicia no próximo mês, na Tailândia, a atleta relata que todas as jogadoras estão com o sonho e o objetivo muito claro. “É uma coisa muito importante. Acho que nada é garantido, né?! Mas a gente sabe que nosso objetivo está ali estamos brigando por isso, treinando, se preparando. Tem muita coisa pela frente ainda, mas estamos muito confiante”, declarou ela.
Como a atleta saiu muito cedo dos braços maternos, a família vive com o coração “apertadinho”, mas com orgulho de vê-la crescer dentro do esporte e como mulher. “Eu senti muita saudade. Quando ela consegue vir, ela vem… Quando dá, a gente é que vai. É assim, a distância. Esse foi mais um aniversário que estamos passando longe dela”, disse a mãe Quênia Viezel, de 43 anos, a reportagem.
A atleta detalha que toda a família é de Mato Grosso do Sul, e para vê-los é preciso pedir uma folguinha a mais para o técnico. “Para Ponta Porã só tem um voo por dia, então acaba que não consigo tantas opções para ir. Então preciso de pelo menos três a quatro dias para aproveitar um pouquinho né?! Sentar e conversar sem estar tão cansada. Mas é um pouco difícil”, explicou.
A jogadora destaca a importância do incentivo ao esporte, especialmente em estados como o dela, onde ainda há pouca estrutura e apoio para jovens atletas. Com um tom de gratidão e esperança, ela relembra o início da própria trajetória, marcada por projetos sociais e pessoas que, mesmo sem grandes recursos, acreditaram no potencial dela e de outras meninas.
“Teve gente que colocou o que tinha para ajudar a gente”, afirma, ao destacar que foi o vôlei quem a tirou de uma realidade difícil e a levou a representar o Brasil. Para ela, cada espaço e oportunidade oferecidos fazem a diferença e podem transformar vidas, como transformaram a dela.
Com uma visão amadurecida e sensível, a atleta reconhece que sua conquista não foi alcançada sozinha, e sim com a ajuda de muitos. Ela reforça que nem todos terão a mesma sorte ou caminho, e por isso é essencial que haja incentivo concreto, tanto do poder público quanto de pessoas comuns que acreditam na força do esporte como ferramenta de transformação. “Não precisa ser algo grandioso, pode ser ajudar com uma passagem, uma rifa ou abrir um projeto”, diz.
Para finalizar a entrevista, a central destacou que é preciso enxergar o esporte como um meio de formar não apenas atletas, mas cidadãos preparados para o mundo.
A atleta está no Japão com a Seleção Brasileira de Vôlei disputando as quartas de final da Liga das Nações Feminina. Nesta quinta-feira (24), o time joga contra a Alemanha, às 14h (de MS).
Para agosto, a seleção já tem data marcada para entrar em quadra no Mundial. O time estreia no dia 22 contra a Grécia. A atleta foi inscrita para participar da competição.
Fonte: Campograndenews