Hoje, no Dia da Consciência Negra, celebramos a história, a força, as lutas e a imensa contribuição das pessoas negras para o Brasil, em especial das mulheres e meninas, que sustentam a vida cotidiana, constroem cultura, ciência, trabalho e afeto em todos os cantos do país. Este é um dia de homenagem, mas também de compromisso: lembrar que a igualdade racial e de gênero ainda não é uma realidade e que seguir lutando por ela é uma tarefa de toda a sociedade.
Os dados mostram com clareza o que as mulheres negras conhecem na pele. No Brasil, elas são a maioria das vítimas de homicídios de mulheres e de feminicídios, respondendo por cerca de dois terços desses crimes, além de estarem entre as principais vítimas de violência sexual e outras formas de agressão. Esses números não são estatística fria; revelam um padrão de violência que atinge com mais força quem vive na interseção entre racismo e desigualdade de gênero.
O racismo cala, sufoca e mata. Ele impõe limites para a existência das mulheres negras, define quais espaços podem ocupar, quais salários podem receber, quais oportunidades lhes serão negadas e quais corpos serão tratados como descartáveis. Quando se soma à desigualdade de gênero, o resultado é uma vida permanentemente atravessada pelo medo, seja em casa, nas ruas, nos transportes, no trabalho ou nas redes.
Este 20 de novembro também marca o início dos 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência e do Racismo contra as Mulheres, uma jornada que segue até 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos. Ao longo desses dias, de modo especial, queremos afirmar que não aceitaremos que o racismo e o sexismo sigam organizando o presente e o futuro de mulheres e meninas, sobretudo negras. Cada ação, cada política, cada mobilização precisa estar à altura da urgência que essa realidade nos impõe.
A dimensão deste dia é profundamente política. Valorizar a vida das pessoas negras não é apenas reconhecer sua importância simbólica, é enfrentar as estruturas que produzem desigualdade e violência. É lutar por um Brasil em que cor e gênero não definam quem tem mais chances de viver, de estudar, de trabalhar, de circular com segurança, de ocupar a política e de sonhar sem medo. Nosso compromisso, no Ministério das Mulheres, é atuar para eliminar o cenário que castiga e destrói a vida de mulheres e meninas, transformando indignação em política pública e proteção concreta.
Às mulheres e meninas negras, deixo meu respeito e o compromisso de que esta luta não será abandonada. Vocês estão no centro da nossa agenda e da nossa esperança, com a liderança do Presidente Lula. Seguiremos trabalhando para que o direito a uma vida livre de violência, de racismo e de discriminação deixe de ser promessa e se torne realidade cotidiana.
Márcia Lopes
Ministra das Mulheres
Fonte: Ministério das Mulheres


