Produzir alimentos de qualidade mantendo a floresta em pé e recuperando áreas degradadas é exemplo de ação para redução das mudanças climáticas, sem prejuízo à alimentação e à geração de renda. É o que têm feito 114 famílias do Assentamento Abril Vermelho, em Santa Bárbara do Pará, cidade próxima à Belém e cercada pelo bioma amazônico. Essa comunidade recebeu visita do ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, nesta quarta-feira (19.11).
As famílias associadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) têm apostado no cultivo variado de frutas, verduras e outros produtos naturais característicos da região. Além de garantir comida de qualidade na mesa, eles também tiram o sustento deste trabalho aliado à natureza. A Associação Ana Primavesi forneceu, por exemplo, via Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), o açaí consumido na Cúpula dos Povos, durante a COP30.
É um exemplo concreto de que é possível fazer a recuperação de áreas, a manutenção de florestas e produzir renda”
Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome
Wellington Dias apresentou à comunidade a plataforma Contrata+Brasil, por meio da qual o Governo do Brasil pode comprar de pequenos negócios. Para usar, os fornecedores precisam se inscrever e os agentes públicos aderir ao sistema. A plataforma foi lançada pelo Governo do Brasil na COP30. “Se vocês têm aqui mamão para vender, açaí, cupuaçu, abóbora, ovos, o que for, a rede de educação, de hospitais, das Forças Armadas, quem compra alimento vai comprar desse sistema”, exemplificou o ministro.
Em frente a um igarapé recuperado pela comunidade, Dias destacou que esse é o tipo de trabalho que precisa ser valorizado e reconhecido na Declaração de Belém, pós COP30. “Aqui tem cerca de 7 mil hectares, num trabalho de monocultura, estávamos perdendo não só as árvores e o ecossistema, mas também perdendo as fontes de água na Amazônia. Com a recuperação da área feita por essas famílias tem água o ano inteiro”, contou o ministro.
O assentamento de reforma agrária hoje liberado pelo MST tem como objetivo “plantar água”. “Queremos permitir a regeneração, que as margens dos corpos hídricos se recomponham, que os sistemas de cultivo pareçam com a natureza e, assim, consigam recriar o lençol freático”, esclareceu o líder do assentamento Raimundo Nonato Filho.
Wellington Dias defendeu a integração da área ambiental, social e econômica. “O trabalho deste assentamento é um exemplo concreto de que é possível fazer a recuperação de áreas, do ecossistema e a manutenção de florestas, e produzir renda”.
Cássio Alves, secretário da Agricultura Familiar do Pará, agradeceu o apoio do MDS, por meio do Programa de Aquisição de Alimentos e do Fomento Rural, no incentivo a pequenos produtores. “A agricultura familiar daqui mostra o exemplo, em grande escala já, de como produzir e fazer conservação ambiental ao mesmo tempo”, disse o secretário, se referindo ao multicultivo em floresta em pé.
De acordo com a direção nacional do MST, representada por Giselda Coelho, a meta é trabalhar de forma conjunta entre os assentamentos da região metropolitana de Belém para reparar a crise climática. “Nosso compromisso é plantar árvores e produzir alimentos saudáveis. Até 2030, a gente quer plantar, no mínimo, 4 milhões de árvores no estado”, adiantou.
O prefeito de Santa Bárbara do Pará, Marcão, acompanhou a visita do ministro e explicou que o Assentamento Abril Vermelho é um dos maiores polos produtivos da agricultura familiar na região. “Aqui, todos estão trabalhando pela produção sustentável. Nós acreditamos que a saída do nosso povo, principalmente do povo da Amazônia, é a produção”, defendeu.
O titular do MDS, Wellington Dias, destacou que o caminho é fortalecer o PAA, e expandir fundos de subsídios para investimentos e o Programa Cisternas. “Seus filhos e netos querem desenvolvimento, querem oportunidade. A gente precisa encontrar uma forma de fazer com que a floresta gere renda e não só escapar da fome, é renda para viver bem”, afirmou o ministro aos pequenos agricultores.
“A gente deseja para a agricultura, para a reforma agrária do nosso país inteiro a massificação da agroecologia”, ressaltou o anfitrião da comunidade Nonato Filho.
O Assentamento Abril Vermelho cultiva produtos amazônicos como peixes, hortaliças, açaí, cupuaçu, urucum e pupunha.
Assessoria de Comunicação – MDS
Fonte: Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome



