COP30: Ministério das Mulheres apoia a formação de novas lideranças femininas na política brasileira

A formação de novas lideranças femininas na política será um dos legados da presidência do Brasil na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), em Belém (PA). Para isso, o Ministério das Mulheres apoiou a iniciativa do Fórum Nacional de Instâncias de Mulheres de Partidos e do Instituto Alziras, que formou mais de 300 mulheres em oficinas participativas realizadas nas cinco regiões do país.

Em discurso feito no painel “Elas pelo Clima: Juventude e Mulheres de Partidos Políticos por Justiça Climática”, a ministra das Mulheres, Márcia Lopes, destacou a importância da COP para o público feminino, com a promoção de diversas atividades que evidenciam o protagonismo das mulheres. O debate também contou com a presença da secretária Nacional de Mulheres do PT, Anne Moura.

“O presidente Lula tem razão ao dizer que esta é uma COP de verdade, uma das melhores que já aconteceram. A gente precisa encarar e assumir a responsabilidade de implementar as ações definidas aqui”, afirmou.

As cidades contempladas com as oficinas foram: Brasília, Goiânia, Recife, Fortaleza, Belém, São Paulo, Rio de Janeiro, Manaus e Porto Alegre. 

O projeto integra a Campanha Elas pelo Clima, que tem um olhar voltado para as interseccionalidades e para o protagonismo das mulheres na agenda climática local, nacional e global. As atividades buscaram conectar redes femininas, fortalecer lideranças e formular propostas concretas para que as mulheres ocupem o centro das decisões sobre meio ambiente e desenvolvimento.

Mulheres nos espaços de poder 

As oficinas participativas, que integram o Mutirão COP30, foram realizadas com o objetivo de sistematizar recomendações para a formulação e implementação de um Pacto Nacional pela Equidade de Gênero e Raça nos Partidos Políticos, além de fortalecer e impulsionar as trajetórias políticas de lideranças femininas comprometidas com uma agenda climática feminista e antirracista. 

Paridade de gênero nas eleições 

A diretora e cofundadora do Instituto Alziras, Michelle Ferreti, destacou que os partidos políticos são o principal filtro para avaliar a participação política feminina, mas cobrou mais transparência e pluralidade nas legendas, a fim de assegurar que as mulheres ocupem espaços de poder na política brasileira. Segundo ela, muitas siglas ainda fraudam a cota de 30% de candidaturas femininas e, posteriormente, aprovam a anistia no Congresso Nacional.

“A gente precisa pressionar os partidos para que sejam estruturas mais transparentes e plurais. Cota não é favor nem esmola. Nós não queremos mixaria de cota — queremos paridade de gênero com equidade racial, justamente porque não há democracia se as mulheres não estiverem nesses espaços”, afirmou.

Ainda em seu discurso, Michelle Ferreti ressaltou que as mulheres não contam com as mesmas condições dos homens na disputa eleitoral e citou a desigualdade de recursos financeiros, de tempo para dedicação à campanha e de visibilidade — uma vez que as candidatas dispõem de menos tempo na propaganda eleitoral gratuita.

“Quando aparecem, é nos períodos de menor audiência e nas datas mais distantes da eleição, o que atrapalha, porque sabemos que o eleitorado deixa para decidir o voto mais próximo das eleições”, cobrou.

Carta à presidência da COP30

O Fórum Nacional de Instâncias de Mulheres de Partidos, que conta com a participação de representantes de dez legendas, entregou uma carta à ministra das Mulheres, Márcia Lopes, nesta terça-feira (12), durante a COP30, como desdobramento das oficinas participativas. O documento foi encaminhado pela ministra ao presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago.

“É necessário ampliar e fortalecer a presença de mulheres nas delegações das Conferências das Partes e nos organismos internacionais, em posições de voz e decisão. Garantir formação política continuada, o combate à violência política de gênero e o apoio a candidaturas femininas comprometidas com a pauta climática são estratégias fundamentais para que as ações voltadas à mitigação climática emerjam de elaborações coletivas, concretas e conectadas com a realidade social, econômica e política dos territórios”, diz um trecho do documento.

O manifesto ressalta que a inclusão das dimensões de gênero, raça e classe na elaboração das políticas será o ponto de partida para a construção da agenda de justiça climática. A ação prevista no documento “deve estar articulada a políticas de saúde, economia do cuidado, combate à violência e redução das desigualdades, construindo soluções que melhorem a vida cotidiana das populações mais vulneráveis”.

A entidade destacou que as mulheres estão no centro das soluções climáticas, tendo em vista que é a força feminina nos territórios que preserva a biodiversidade, reinventa a economia e mantém vivas as comunidades diante dos desafios climáticos.

“Não haverá justiça climática sem justiça de gênero; não haverá preservação dos biomas sem a participação das mulheres; e não haverá futuro sustentável sem a ampliação do poder político feminino”, diz outro trecho da carta.

Fonte: Ministério das Mulheres