‘Corremos atrás do sim e conseguimos parcialmente’, diz Nelsinho Trad após Trump liberar celulose e ferro de MS

Em conexão ainda nos Estados Unidos para voltar ao Brasil, o senador Nelsinho Trad (PSD-MS) comemorou o fato de diversos produtos brasileiros terem escapado do tarifaço de 50% do presidente Donald Trump, que começa a valer a partir de 6 de agosto.

O parlamentar presidiu a comitiva de senadores que esteve nos EUA para abrir diálogo sobre as tratativas em relação à sobretaxa de 40% – somada aos 10% já aplicada anteriormente -. A senadora Tereza Cristina (PP-MS) também integrou o grupo.

Apesar de afirmar que ainda há muito pela frente. “O jogo está só começando”, pontuou.

No entanto, detalhou os esforços da comitiva: “Posso dizer que o ‘não’ nós já tínhamos. Corremos atrás do sim e conseguimos parcialmente. A maior vitória é abrir canal de diálogo”, exaltou.

O grupo ainda enfrentou as tensões políticas e diplomáticas em meio aos diálogos.

Torcida pela celulose

Quando a Casa Branca divulgou o decreto com a lista de produtos que escaparam da tarifação, Nelsinho conta que torceu pela celulose. “Fui olhando o que estava dentro e o que estava fora. Ai, achei a celulose”, comentou, explicando que fez a defesa de um dos principais ativos de Mato Grosso do Sul.

‘Corremos atrás do sim e conseguimos parcialmente’, diz Nelsinho Trad após Trump liberar celulose e ferro de MS
Tarifaço de Trump excluiu ferro-gusa, terceiro produto mais exportado por MS aos EUA. (Divulgação)

Conforme dados oficiais, a celulose foi o segundo produto brasileiro mais exportado por MS aos Estados Unidos no ano de 2024.

O grupo resolveu dividir tarefas, como explica Nelsinho, que presidiu a comitiva. “Fizemos reunião e dividimos. O Espiridião [senador do PP por Santa Catarina] defendeu a madeira, a Tereza [Cristina, do PP de MS] a questão do Agro. Eu fiz a defesa da celulose”, explicou.

Ao afirmar que a intervenção da comitiva foi apenas um e não o único dos fatores que deram flexibilidade ao decreto norte-americano, Nelsinho Trad explicou que conversas com grandes empresários apoiadores de Trump foram fundamentais. “Chamamos empresários norte-americanos, porque aqui eles tomam um lado. Fomos nesses caras e mostramos o impacto [das tarifas] a eles. Isso foi um trabalho hercúleo”, ressalta o senador.

‘Corremos atrás do sim e conseguimos parcialmente’, diz Nelsinho Trad após Trump liberar celulose e ferro de MS

Questões políticas apimentaram negociações

Ao Jornal Midiamax, Trad reforçou que não deixou que divergências políticas atrapalhassem o objetivo do grupo. “Teve uma hora que falei para o pessoal: o que une todo mundo? Vamos focar nisso!”, lembrou.

A viagem também foi marcada por polêmicas como a atuação do deputado federal – e filho do ex-presidente Jair Bolsonaro -, Eduardo Bolsonaro, que chegou a declarar que estaria agindo para que os parlamentares brasileiros não fossem recebidos por ninguém, nos Estados Unidos.

No entanto, Nelsinho conta como superou questões políticas para levar o grupo a obter êxito – ao menos parcial – em seus objetivos. “Não vou dizer que não teve o componente mais apimentado nesse tempero, porque teve. Tivemos que andar pra frente. Veio a questão do STF, do Alexandre de Moraes, a gente saiu dessa, pois queríamos focar no comércio, nas tratativas comerciais”, explicou.

Além disso, Nelsinho afirmou que a questão em torno do julgamento de Jair Bolsonaro – réu por tentativa de golpe – foi colocado à mesa. “Em determinados momentos isso foi questionado a nós. Mas falamos que nosso país tem uma constituição que garante atuação independente dos poderes. Disse, de forma bem equilibrada, que nem que o presidente [Lula] quisesse ele não poderia fazer um negócio desse [interferir no julgamento do STF]”, detalhou.

‘Corremos atrás do sim e conseguimos parcialmente’, diz Nelsinho Trad após Trump liberar celulose e ferro de MS

Trabalhos continuam

Ainda no aeroporto de Atlanta, Nelsinho afirmou que a comissão continuará atuando e adiantou os próximos passos: “A comissão não se extingue, tem sua continuidade. Vamos fazer relatório e apresentar no plenário. Vamos dar sequência nas tratativas, pois teve setor que ficou de fora, vamos ver se conseguimos reabrir o canal”, disse.

MS exportou 315 milhões de dólares aos EUA no 1º semestre

Os Estados Unidos representa apenas 5,97% das exportações de produtos sul-mato-grossenses, conforme aponta o relatório Comex de junho de 2025, elaborado pela Semadesc (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação de MS).

Esse é o percentual verificado no primeiro semestre de 2025.

Então, o relatório mostra que, de um total de 5,2 bilhões de dólares exportados no período, cerca de 315 milhões foram para os EUA. Assim, o país de Trump figura como segundo maior comprador de MS.

Em 2024, Mato Grosso do Sul enviou 785 mil toneladas de produtos aos Estados Unidos.

A carne bovina é o produto mais exportado de Mato Grosso do Sul para os Estados Unidos; rendeu, em 2024, total de 225 milhões de dólares. A celulose é o segundo produto, e o ferro-gusa, o terceiro. Óleos, açúcar, couro, carne de aves, peixes, ovos e até amido integram a lista.

Font: Midiamax