Desmatamento do Cerrado em MS cai 9,4%, mas patamar ainda preocupa

Foto: Arquivo/Imasul

O estado passou de 240,9 km² de área sob alerta para 218,2 km², numa retração que acompanha a tendência nacional de queda de 10% no bioma

Mato Grosso do Sul teve redução de 9,4% nos alertas de desmatamento no Cerrado entre julho de 2024 e julho de 2025, conforme dados do sistema Deter, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), divulgados nesta sexta-feira (11).

O estado passou de 240,9 km² de área sob alerta para 218,2 km², numa retração que acompanha a tendência nacional de queda de 10% no bioma.

Apesar da melhora, o patamar ainda é considerado elevado por especialistas, principalmente porque o Cerrado, predominante no território sul-mato-grossense,  é um dos biomas mais pressionados pela expansão agropecuária.

Municípios como Porto Murtinho, Ribas do Rio Pardo e Bela Vista estão entre os que concentram os maiores focos de desmate no estado, segundo o monitoramento via satélite.

Desmatamento do Cerrado em MS cai 9,4%, mas patamar ainda preocupa
Porto Murtinho, Ribas do Rio Pardo e Bela Vista lideram área com Cerrado desmatado irregularmente. (Arte: Inpe)

De janeiro de 2023 a julho de 2024, o desmatamento no Cerrado gerou a emissão de mais de 135 milhões de toneladas de CO2. O volume corresponde a 1,5 vezes o total produzido pela indústria brasileira a cada ano. Só em Mato Grosso do Sul, foram 3,2 milhões de toneladas.

No cenário nacional, os líderes em devastação no Cerrado entre janeiro e junho de 2025 foram Tocantins (747,1 km²), Piauí (708,6 km²) e Maranhão (704,5 km²). A Amazônia, por outro lado, seguiu trajetória oposta, com alta de 27% nos alertas de desmate no primeiro semestre, salto de 1.644,9 km² em 2024 para 2.090,3 km² este ano.

Bioma – Embora os olhos estejam voltados para a floresta amazônica, o Cerrado segue como peça-chave na regulação climática do país. O bioma abriga as nascentes que alimentam mais de 3,4 mil rios, muitos deles com destino à Amazônia. Estudo recente aponta que o Cerrado perde hoje 1,3 mil metros cúbicos de água por segundo, o equivalente a 30 piscinas olímpicas por minuto.

Desde os anos 1970, a vazão das bacias hidrográficas do Cerrado já caiu mais de 27%, e projeções indicam perdas de até 40% até 2050, afetando tanto a produção de alimentos quanto o abastecimento humano e a manutenção do ciclo das chuvas em todo o país.

Fonte: Campograndenews