Dia cinco da Zona Verde: finanças verdes, biogás e saúde concentram debates na COP30

As interseções entre finanças verdes, saúde pública e soluções comunitárias sustentáveis marcaram as discussões do quinto dia da Zona Verde da COP30, em Belém (PA). Dos debates sobre o papel da Farmácia Popular na descarbonização do SUS às estratégias de produção de biogás em cozinhas solidárias, passando pela importância das áreas protegidas para integrar biodiversidade, clima e populações vulneráveis, o dia reforçou como respostas eficazes para o combate à mudança do clima dependem de políticas que conectem economia, território e bem-estar social.

“A pobreza tem mais de uma face, e uma delas é a pobreza energética. Ficamos muito felizes quando soubemos que é possível aproveitar o que é descartado na cozinha para transformar em gás!”. Foi com esse depoimento que Lenina Aragão, do projeto Cozinha Mãos de Mulheres, abriu sua participação no painel “Avançando Cozinhas Comunitárias Solidárias Sustentáveis no Brasil”, realizado no auditório Jandaíra. A discussão também contou com a presença da primeira-dama, Janja Lula da Silva.

Adriana Oliveira, do Ministério de Minas e Energia (MME), detalhou a contribuição da pasta para o fomento ao biogás. “O MME tem feito a distribuição de biodigestores para cozinhas comunitárias, possibilitando a geração do biogás mencionado pela Lenina. Ainda temos o benefício do fertilizante produzido no processo. Esse projeto-piloto atende sete cozinhas pelo Brasil. A ideia, a partir daí, é avaliar os melhores caminhos para ampliar a distribuição, oferecendo energia sustentável e equilíbrio econômico”, explicou.

Durante o painel, também foi anunciada a inauguração da Cozinha Comunitária de Ananindeua, na Região Metropolitana de Belém (PA). “É uma resposta concreta sobre como enfrentamos os efeitos da mudança do clima para quem mais precisa. É uma ação efetiva de implementação”, afirmou Valquíria Lima, diretora-executiva da Cáritas.

No auditório Uruçu, outro aspecto financeiro esteve no centro do painel “Saúde e Clima: Como o Programa Farmácia Popular pode contribuir para a descarbonização do SUS”. De acordo com o diretor do Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos, Marco Aurélio Pereira, “o Farmácia Popular é um dos programas de facilitação de acesso a medicamentos mais importantes atualmente. Temos outras ações desenvolvidas em parcerias estaduais e municipais. Doenças crônicas contam com programas específicos também. E agora avançamos para atender às necessidades climáticas de saúde, com o benefício da gratuidade, do desconto, do amparo financeiro”.

O presidente da AstraZeneca Brasil, Olavo Corrêa, acrescentou: “A crise climática também é uma crise de saúde. As evidências apresentadas na COP30 deixam claros os benefícios de agir precocemente em doenças crônicas e demonstram como colaboração e ciência podem contribuir para o Plano de Ação em Saúde de Belém, acelerando a transição para sistemas de saúde mais equitativos, resilientes e sustentáveis”.

Na sequência, no painel “Áreas protegidas: integrando biodiversidade, clima e pessoas no enfrentamento à crise climática”, o presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Mauro Pires, debateu com representantes do Peru, Zimbábue e Guiné-Bissau o papel essencial das Unidades de Conservação para populações vulneráveis diante das crises climática e financeira.

“Áreas protegidas no planeta são nossas fortalezas. A degradação sem essas áreas seria voraz; devemos agir para aproximar as pessoas de seus territórios. Se colocássemos muros, não teríamos como garantir, por exemplo, a migração de elefantes na África. Nossa missão é cuidar da natureza, mas também das pessoas que vivem nela”, afirmou.

No painel “Finanças Verdes”, Amaury Oliva, diretor de Sustentabilidade e Autorregulação da Febraban, destacou que “o risco climático tem se tornado um risco financeiro, e atuar para preveni-lo é a ação mais inteligente. Viabilizar crédito tem impacto amplo: estamos em todas as cadeias de produção e podemos dar lastro. Em situações de risco, os bancos têm o dever de cuidar desses recursos. Sem financiamento quando há embargo em áreas desmatadas, protocolo de combate ao desmatamento ilegal. Todos precisam de rastreabilidade do gado para evitar o financiamento de áreas desmatadas ilegalmente. Precisa ser um pacote de ações”.

Paula Peirão, coordenadora da UNEP-FI, completou: “O Brasil é o país-chave para atingirmos as metas climáticas globais em relação às emissões. Em soluções baseadas em biodiversidade, estamos no topo, do topo, do topo. Já sabemos fazer, temos feito e podemos ampliar isso, deixando um legado para o pós-COP”.

Sobre esse período pós-COP, Oliva reforçou a relevância dos projetos do Ministério do Meio Ambiente (MMA). “Cada real do Eco Invest, cujo quarto leilão foi anunciado hoje, retorna multiplicado e atrai o setor privado. Outro bom exemplo é o Fundo Clima, que começou pequeno e só cresce, junto com um robusto banco de desenvolvimento, trazendo o setor privado para a equação. Um desafio é insistir na disseminação desses projetos, divulgá-los. Ganhando escala com o diálogo, avançamos em conjunto”, concluiu.

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Fonte: Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima