O dólar iniciou a quarta-feira (4) com oscilação entre leves altas e baixas, refletindo as incertezas provocadas por fatores internos e externos. A moeda operava em queda de 0,03% por volta das 10h30, cotada a R$ 5,6336, após o Banco Central realizar dois leilões de linha — operações de venda de dólares com compromisso de recompra.
Ao mesmo tempo, o Ibovespa subia 0,53%, alcançando 138.274 pontos, mantendo a tendência de valorização registrada na sessão anterior.
Tensões entre EUA e China voltam ao radar do mercado
As atenções dos investidores seguem voltadas ao cenário internacional, especialmente após novas declarações do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Pelo Truth Social, Trump voltou a criticar o presidente da China, Xi Jinping, chamando-o de “muito duro” e indicando que está sendo “extremamente difícil” fechar um novo acordo comercial com o país asiático.
Além disso, entrou em vigor nesta quarta o decreto que dobra as tarifas sobre importações de aço, alumínio e derivados — de 25% para 50% — nos EUA. A medida reacendeu temores sobre os impactos inflacionários e os riscos de desaceleração econômica global.
Aumento de tarifas nos EUA pode afetar inflação e desacelerar economia
A nova rodada de tarifas anunciada por Trump é vista como parte de uma estratégia para pressionar parceiros comerciais a renegociar acordos. Embora parte dessas tarifas tenha sido suspensa na última semana por decisão judicial, a Corte de Apelações restabeleceu as cobranças após um recurso da equipe de Trump. A retomada integral das tarifas está prevista para 8 de julho.
A medida, além de gerar volatilidade nos mercados, também influenciou nas projeções econômicas. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) reduziu sua estimativa de crescimento global para 2,9% em 2025 e 2026, citando como fatores os conflitos comerciais e o clima de incerteza.
O Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, também deve divulgar nesta quarta-feira o Livro Bege, relatório que traz um panorama atualizado da economia americana.
Desaceleração do mercado de trabalho dos EUA entra no foco dos investidores
Outro ponto de atenção é o mercado de trabalho norte-americano. Os dados mais recentes mostraram que a criação de empregos no setor privado em maio ficou abaixo do esperado, sugerindo uma possível desaceleração econômica nos EUA.
Esse indicador é acompanhado de perto pelo mercado, pois pode influenciar nas futuras decisões do Fed sobre os juros.
No Brasil, impasse sobre aumento do IOF segue sem definição
Em território nacional, os investidores seguem atentos ao desfecho da proposta de aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), anunciada há duas semanas como parte de um pacote de ajuste fiscal que também incluiu o bloqueio de R$ 31,3 bilhões no orçamento.
A proposta enfrentou forte resistência tanto do mercado quanto do Congresso, que passou a articular a derrubada do decreto — algo inédito nas últimas décadas. Em resposta, o governo iniciou uma rodada de negociações com os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).
Na terça-feira (3), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresentou uma proposta alternativa às lideranças do Congresso, mas sua divulgação pública só ocorrerá na próxima semana. Até lá, a elevação do IOF permanece válida.
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, também se posicionou contra o uso do imposto como instrumento de arrecadação ou política monetária. “Sempre tive a visão de que não deveríamos usar o IOF nem para questões arrecadatórias nem para apoiar política monetária”, afirmou durante evento com analistas.
Atuação do Banco Central influencia cotação do dólar
Os dois leilões simultâneos de linha realizados nesta quarta-feira também impactaram a volatilidade do câmbio. Com oferta total de até US$ 1 bilhão, as propostas foram acolhidas por volta das 10h30, e as operações serão liquidadas no próximo dia 2 de julho.
A medida foi interpretada como uma tentativa do BC de conter a instabilidade no mercado de câmbio, em meio às pressões internacionais e domésticas.
Desempenho acumulado dos mercados
- Dólar:
- Semana: -1,45%
- Mês: -1,45%
- Ano: -8,81%
- Ibovespa:
- Semana: +0,38%
- Mês: +0,38%
- Ano: +14,35%
O cenário segue instável, com a combinação de tensões externas e incertezas internas moldando os movimentos do mercado nos próximos dias.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio